CUSTOS: Comercialização da soja continua atrasada

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A comercialização da safra de soja 2005/06 continua atrasada em relação aos anos anteriores. Estima-se que 61% da produção já tenha sido vendida, abaixo dos 65% apurados em igual período do ano passado e da média histórica de 69%. "Os preços não cobrem os custos de produção, por isso os agricultores preferem segurar as vendas", disse o analista Flávio França Júnior, da Safras & Mercado. Em Rondonópolis (MT), por exemplo, o custo unitário de produção, de R$ 30 a saca, é superior ao preço de venda, de R$ 22,50. "O agricultor quer ao menos cobrir o custo para não acumular mais dívidas", diz França Júnior. O custo de produção foi calculado com base nas despesas de plantio e colheita divididos pela produtividade. Como a produtividade do Mato Grosso foi afetada pela ferrugem e excesso de chuvas na colheita, sua produtividade foi quase 14% menor que a esperada, o que elevou o custo unitário.

Paraná - No Paraná, estado afetado pela escassez de chuvas entre dezembro e janeiro, o custo foi de R$ 36 a saca, muito superior ao preço de mercado, de R$ 25,50 no oeste do estado. "Neste momento, o agricultor prefere vender o milho e esperar por um melhor momento para a soja", diz Gonzalo Terracini, da FCStone do Brasil. "A fraca comercialização também está se refletindo nas vendas de sementes e fertilizantes, que estão mais atrasadas em relação a anos anteriores", afirmou. As operações de venda antecipada de soja, como "soja verde" ou troca por adubo, também estão mais atrasadas em razão do conservadorismo da indústria em continuar emprestando para agricultores que ainda não quitaram ou renegociaram dívidas antigas, disse Terracini. O contrato futuro da soja fechou ontem a 589 centavos de dólar o bushel (US$ 12,99 a saca) na Bolsa de Chicago, acumulando queda de 13% nos últimos 12 meses após o anúncio de que os EUA irão plantar mais soja do que milho neste ano.

Relatório do USDA - Hoje, 29/06, antes da abertura do pregão, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga nova estimativa de plantio para a safra americana de grãos. Para Renato Sayeg, da Tetras Corretora, o USDA deverá revisar para baixo sua projeção para a soja. Estima-se que a área poderá ser 2,3% menor que a estimativa anterior, chegando a 30,40 milhões de hectares. Outro fator de dúvida é o câmbio, já que anos como este, de eleição presidencial no Brasil, podem reservar algumas surpresas. Para França Júnior, da Safras, o agricultor deve esperar até o último momento para decidir quanto vai plantar em 2006/07. "Sempre há aqueles que vão plantar 30% menos, mas são casos isolados. Não acredito em uma retração de área generalizada e de grandes proporções", afirmou.(Gazeta Mercantil) 

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