Demanda por investimentos do cooperativismo paranaense e a necessidade de um robusto Plano Safra 2025/26
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*José Roberto Ricken; Robson Mafioletti; Flávio Turra e Salatiel Turra
O cooperativismo paranaense desempenha um papel vital para a economia estadual e nacional, funcionando como um motor de crescimento e inovação na agricultura. As cooperativas agropecuárias, ao promoverem a união de pequenos e médios e grandes produtores, geram um ambiente propício para o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Este cenário destaca a importância de investimentos contínuos e substanciais.
Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo nas demandas de investimento por parte das cooperativas agropecuárias. Este crescimento ocorre em um contexto em que a necessidade de agregar valor às matérias primas, modernização dos processos produtivos, adoção de tecnologias e melhorias na infraestrutura e armazenagem se tornam cada vez mais urgentes. As cooperativas precisam de recursos para enfrentar os desafios impostos pela concorrência no mercado global, além de se adaptarem às mudanças climáticas e às novas exigências do consumidor.
Gráfico 1. Evolução do montante de recursos investidos pelas Cooperativas do Paraná – Ramo Agropecuário, período de 2019 a 2025. (R$ bilhões). Fonte: Ocepar/Getec, 2025.
A relevância do Plano Safra 2025/26 é definida pela sua capacidade de oferecer uma base sólida de financiamento para essas cooperativas. No entanto, o montante de recursos disponíveis nos últimos planos safras, embora importantes, têm se mostrado insuficientes para atender a todas as necessidades emergentes do setor. As cooperativas paranaenses necessitam de um acesso mais amplificado e adequado a investimentos que as ajudem a inovar e a expandir suas operações de forma sustentável.
Além da falta de recursos, os altos custos de crédito e a volatilidade dos mercados agrícolas tornam ainda mais desafiadora a busca por um fortalecimento significativo das cooperativas. A escassez de recursos do crédito rural disponibilizados pelo Plano Safra, combinado com taxas de juros elevadas, limita a capacidade de investimento das cooperativas. Neste sentido, a revisão das condições de crédito se torna uma prioridade.
Outro componente crítico para o sucesso do cooperativismo agropecuário é a infraestrutura de apoio à produção. As cooperativas frequentemente enfrentam dificuldades relacionadas ao armazenamento e à logística, que são essenciais para minimizar perdas e garantir a qualidade dos produtos. Portanto, o apoio financeiro robusto do Plano Safra é necessário para investimentos em infraestrutura que otimizem essas operações. A Ocepar e as cooperativas têm trabalhado em busca de novas fontes junto ao BNDES, Finep, Fundo Clima, recursos internacionais e avançando em legislações que permitam as cooperativas captar recursos no mercado, com custos compatíveis com o retorno das atividades que atuam.
Um dos focos do investimento deve ser na modernização tecnológica. As cooperativas que adotam novas tecnologias, como a automação, a digitalização e o uso de inteligência artificial, conseguem aumentar sua produtividade e competitividade. Isso não apenas melhora a eficiência operacional, mas também se revela um diferencial competitivo frente a mercados cada vez mais exigentes.
Além disso, a diversificação das atividades agropecuárias, uma estratégia importante para mitigar riscos, requer apoio financeiro robusto. Com o incentivo ao cultivo de diferentes culturas e criações, as cooperativas podem se proteger frente a oscilações de mercado e alterações climáticas, garantindo assim uma produção mais resiliente. O Plano Safra deve incluir abordagens que incentivem essa diversificação.
É igualmente essencial promover práticas sustentáveis no âmbito do cooperativismo. Os investimentos em tecnologias que aumentem a sustentabilidade da produção são fundamentais, pois atendem não apenas às exigências regulatórias, mas também às demandas de um consumidor cada vez mais consciente ambientalmente. O apoio do Plano Safra à sustentabilidade se mostra um caminho necessário e, neste sentido, estamos trabalhando no projeto de certificação Paraná Cooperativo.
Os benefícios dos investimentos nas cooperativas não se limitam apenas à produção. O fortalecimento dessas organizações resulta em empregos e desenvolvimento social. Com um Plano Safra robusto, espera-se que mais cooperativas possam investir em capacitação, assistência técnica e serviços de apoio, permitindo que os cooperados se integrem de maneira mais efetiva à cadeia produtiva.
Outra questão importante a ser abordada é a volatilidade dos preços no agronegócio. O estabelecimento de mecanismos de proteção, como seguros agrícolas e políticas de estabilização de preços, é fundamental para oferecer segurança aos cooperativistas. O Plano Safra deve contemplar essas medidas, de modo que as cooperativas possam operar de maneira mais segura e planejada em um ambiente de incertezas.
São claras a necessidade urgente de revisão e a ampliação dos recursos disponíveis no Plano Safra 2025/26. O Paraná, como um estado referência em cooperativismo agropecuário, precisa de um suporte robusto e regular que esteja à altura das demandas diversificadas exigidas pelas cooperativas.
Com uma visão prospectiva, um Plano Safra revigorado não apenas promoverá um futuro melhor para as cooperativas, mas também contribuirá significativamente para a segurança alimentar e a sustentabilidade econômica do estado e do país. O cooperativismo no Paraná é um modelo a ser seguido, e a adequação das políticas públicas ao seu redor é essencial para que continue a prosperar e a contribuir com a economia rural.
Assim, conclui-se que o fortalecimento do cooperativismo agropecuário depende decisivamente de um Plano Safra 2025/26 que atenda às exigências de investimento das cooperativas. Não se trata apenas de uma questão de sobrevivência, mas de uma estratégia sólida para o desenvolvimento do setor agropecuário e a promoção da inclusão social e econômica no campo.
Em resumo, investimentos robustos no cooperativismo são essenciais para que o Paraná continue se destacando na produção agrícola brasileira. Um Plano Safra 2025/26 bem estruturado e direcionado pode ser a chave para assegurar o futuro desse setor, garantindo a competitividade, a sustentabilidade e, acima de tudo, a segurança alimentar para a população com custos compatíveis.
Cumprindo essas metas, as cooperativas e, consequentemente, o agronegócio paranaense, estarão mais bem preparados para enfrentar os desafios do futuro, promovendo um desenvolvimento econômico e social inclusivo e sustentável.
*José Roberto Ricken é presidente do Sistema Ocepar; Robson Mafioletti, superintendente da Ocepar; Flávio Turra, gerente de Desenvolvimento Técnico da Ocepar; e Salatiel Turra, analista de Desenvolvimento Técnico da Ocepar