DEMISSÃO DE RODRIGUES I: Lideranças e políticos falam sobre a saída do ministro

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O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, disse que recebeu a notícia da saída do ministro com tristeza, porque Rodrigues “é uma pessoa identificada com o cooperativismo, com uma vivência muito grande dentro do agronegócio, um profundo conhecedor de todas as questões que envolvem a agricultura e a pecuária”. Segundo Koslovski, “infelizmente, em função da dificuldade que ele encontrou em poder executar adequadamente suas atividades frente ao ministério, deixa o governo. Nós perdemos com certeza, porque ele era uma pessoa de diálogo e que implementou uma série de ações em prol do desenvolvimento do cooperativismo e da agropecuária”, afirmou. “Provavelmente, por dificuldades de relacionamento na viabilização de propostas, principalmente na área econômica, se sentiu frustrado em algumas questões e deixou o governo. Tenho certeza que vai ser difícil recompor essa perda pelo conhecimento, capacidade, inteligência que o ministro tem”, lamentou o dirigente. Koslovski espera que o governo indique alguém que possua, além de uma identidade com o setor, força política suficiente para poder negociar com outros ministérios todas as medidas que ainda são necessárias para a agropecuária brasileira.

FAEP

Em nota divulgada na tarde de ontem (28/06) o presidente da Faep, Ágide Meneguette afirmou que “a agropecuária perde com a saída de Roberto Rodrigues do Ministério da Agricultura. Apesar da posição de muitos membros do Governo Federal, interessados em reduzir a expressão do setor, o ministro conseguiu muita coisa, dentro das limitações que lhe impuseram, como foram os sucessivos cortes orçamentários de, por exemplo, recursos destinados à defesa agropecuária. Uma das posições que engrandecem Roberto Rodrigues tem sido a sua batalha para evitar a decretação de novos índices de produtividade para efeito de desapropriação de áreas para a reforma agrária, índices esses absurdos e que praticamente acabariam com o direito de propriedade Temos que compreender a ação do ministro dentro desse contexto extremamente adverso e ai vamos verificar que, com tudo isso, ele ainda fez muito”, ressaltou Meneguette.

FECOMÉRCIO

Darci Piana, presidente da Fecomércio, disse que Rodrigues era uma pessoa identificada com a agropecuária do País. “Ele vinha desenvolvendo um papel muito importante até certo tempo. Depois, por problemas que não sabemos, mas observamos, houve um afastamento dele das decisões nacionais, uma diminuição das suas viagens para o Interior, de suas aparições públicas com relação a problemas graves da agricultura, o que para nós do Paraná é fundamental. Não sei explicar qual era o relacionamento dele com o presidente Lula e o ministério, mas vimos que houve um enfraquecimento do ministro Rodrigues”, analisou Piana. “Tenho impressão que essa crise última que nós passamos, em que o governo demorou para liberar os recursos para a agricultura, terminou de desgastá-lo com o governo”, observou.

COCAMAR
A diretoria da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá, lamentou a saída de Roberto Rodrigues do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa), anunciada nesta quarta-feira, 28. De acordo com o presidente da cooperativa, Luiz Lourenço, Rodrigues vinha fazendo um importante trabalho na pasta e contava com a confiança das lideranças do agronegócio brasileiro. “Nos últimos dois anos, principalmente, ele enfrentou muitas dificuldades com o agravamento da crise na agricultura, mas foi sempre um defensor dos produtores nas gestões junto às demais áreas do governo”, frisou. Em maio, quando produtores bloqueavam a ferrovia em Maringá para pressionar o governo e exigir medidas de apoio, Roberto Rodrigues ligou para Luiz Lourenço para consultá-lo. “Ele costumava ouvir os setores”, disse Lourenço, lembrando que Rodrigues sofria grandes limitações dentro do governo, principalmente na área financeira. Enquanto ministro, Rodrigues esteve duas vezes na Cocamar, em abril de 2003. A primeira foi para participar de uma assembléia com cooperados no CTG Rincão Verde; a segunda, oito dias depois, para acompanhar o presidente Lula e alguns outros ministros à solenidade de inauguração das novas fábricas da cooperativa.

OCESP
"Já estava na hora do ministro sair, pois tentou, mas não obteve apoio de outros setores do governo para aprovar medidas necessárias à sobrevivência da produção agropecuária no Brasil", disse o presidente da Ocesp, Edivaldo Del Grande.
 
OCESC
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivor Canton, disse que é dever reconhecer que o ministro Roberto Rodrigues proporcionou para o cooperativismo a oportunidade ter reconhecimento e participação efetiva nos rumos na agricultura brasileira. “Também temos que admitir que ele teve muitas dificuldades, especialmente de ordem ideológica, para conduzir o ministério no atual governo. Entendemos que as razões que ele alega para sair do cargo sejam legítimas, já que a atividade dentro do ministério absorve integralmente o tempo, e, além disso deve ter considerada como cumprida sua missão dentro do governo, senão na íntegra mas, dentro do espaço concedido pelo governo.” Canton disse que o presidente Lula terá dificuldades para nomear outra pessoa que venha desempenhar com a mesma competência o cargo.

ABELARDO LUPION
O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), disse que não foram razões pessoais que levaram o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pedir demissão do cargo. “O ministro sempre foi leal com o governo e os produtores. Sua saída se deve porque, em nenhum momento, o governo cumpriu os acordos com o setor. O ministro está desgastado e havíamos aconselhado a sair antes. É um homem corajoso e por este motivo se manteve no cargo”, disse o deputado.

RONALDO CAIADO
Ao sair de reunião fechada com entre o ministro demissionário da Agricultura, Roberto Rodrigues, e membros da Comissão de Agricultura da Câmara, o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO) afirmou que Rodrigues pediu para que deixassem de lado o motivo divulgado pelo governo – a doença da esposa. Segundo o deputado, o ministro saiu por considerar que já cumpriu sua missão no ministério. Para Caiado, dificilmente o governo conseguirá uma equipe tão qualificada quanto a atual. “A agricultura nunca tinha tido trânsito no governo como nesta gestão”, comentou o deputado. O parlamentar afirmou ainda estar temeroso de que a mudança de ministro seja usada como moeda de troca política em tempos de campanha eleitoral.

LUIS CARLOS HEINZE
Integrante da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) engrossou o coro dos parlamentares que lamentam a demissão do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. “É grande perda para o governo Lula e para a agricultura brasileira”, afirmou. Segundo Heinze, Rodrigues representava um elo entre governo, produtores e a bancada ruralista no Congresso, por ser agrônomo. Além disso, o deputado disse não acreditar que o motivo da saída do ministro sejam questões pessoais.

ODACIR ZONTA
O deputado Odacir Zonta (PP-SC) lamentou a saída do ministro e avaliou a decisão como uma grande perda para o setor e para o país. “Rodrigues é um grande líder e tenho um respeito imenso pelo seu trabalho a frente do ministério”, concluiu Zonta.

EDUARDO SCIARRA
O deputado federal Eduardo Sciarra (PFL), não ficou surpreso com a decisão do ministro Roberto Rodrigues, de pedir demissão da pasta da Agricultura. Para Sciarra, o ministro estava desconfortável no cargo há muito tempo, uma vez que não tinha respaldo nem da área econômica ou política do governo. “O Roberto Rodrigues é uma pessoa do setor agrícola que teve seu trabalho totalmente prejudicado, justamente pela absoluta falta de prioridade que o governo dedica ao campo”, criticou Sciarra. Para o parlamentar, o ministro cansou de ser avalista do setor agrícola e paralelamente ser desautorizado todo o tempo pelo governo. Sciarra citou como exemplo a atual situação dos produtores em todo o País, que enfrentam uma das piores crises de todos os tempos. “Com todos estes problemas, os agricultores ainda tiveram que fazer vários protestos para chamar a atenção, o que prova que o Governo Lula deve estar vivendo em outro mundo”, disparou Sciarra.

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