DÓLAR: Governo projeta fundo soberano para o câmbio
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O governo já tem pronto o regulamento de um novo fundo soberano destinado a absorver o excesso de dólares no mercado com o lançamento de títulos de longo prazo do Tesouro. A decisão de oficializar esse fundo não foi tomada porque nem o Ministério da Fazenda, onde foi elaborado o regulamento, nem o Banco Central têm segurança sobre a conveniência de criar um novo agente oficial no mercado de câmbio além do BC. Tudo será feito se for de comum acordo com a autoridade monetária.Consenso - O que é consenso no governo é que, sem uma ação decisiva, a entrada de investimentos externos, de até US$ 25 bilhões até dezembro, poderia criar uma bolha cambial, pressionando fortemente para baixo a cotação do dólar. O BC tem enxugado o excesso de dólares no mercado por meio das chamadas operações compromissadas, comprando dólares e lançando títulos de curto prazo, a maior parte inferior a duas semanas, que aumentam a dívida pública.
Limites - Há limites para o uso das operações compromissadas, que aumentam o custo da dívida pública e o atrelam aos humores do mercado, pois são dependentes de títulos de curto prazo. Títulos mais longos, emitidos pelo Tesouro sob a administração do novo fundo, permitiriam planejamento maior e redução dos custos da política de "esterilização".
Mecanismo - O mecanismo atual é eficiente, mas pode deixar de ser diante de fluxos de centenas de bilhões de dólares, como se prevê para os próximos anos, diz um integrante da equipe econômica.Para a operação do novo fundo seria necessário ter regras claras de intervenção no mercado e a segurança de que a autorização para o lançamento de títulos pelo Tesouro, ao lado dos emitidos pelo BC, não seria entendida como sinal de que o governo estaria disposto a manipular o câmbio arbitrariamente.
Mantega - A ideia desse fundo é alimentada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, desde o ano passado. Ele pretendia, no mesmo ato legal em que fosse criado o fundo, autorizar o Tesouro a comprar dólares no mercado doméstico. Hoje, ele só pode comprar dólares no valor de sua dívida externa a vencer 12 meses a frente e só o BC opera no mercado de câmbio. Mantega chegou a conversar sobre o assunto com o presidente do BC, Henrique Meirelles, em maio de 2008. (Valor Econômico)