ELEIÇÃO CNA: CNA refuta rótulo de oposicionista
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Primeira mulher eleita para o comando da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) rejeitou ontem (12/11) o uso da principal entidade do setor rural como instrumento de oposição ao governo Lula. "Continuo na oposição e no Democratas, mas meu partido não vai presidir a CNA. Represento 1,2 milhão de produtores e vou discutir e propor parcerias [ao governo]. Podemos pensar diferente, mas seremos convergentes no interesse do setor", disse.Nova Diretoria - Compõem a nova Diretoria do triênio 2008-2011, Ágide Meneguette (PR), presidente da Federação da Agricultura do Paraná - FAEP, como 1º vice-presidente; Fábio de Salles Meirelles Filho (MG) como Vice-Presidente Executivo; Pio Guerra Júnior (PE) como Vice-Presidente de Secretaria; e Ademar Silva Júnior (MS) como Vice-Presidente de Finanças. Os membros efetivos do Conselho Fiscal são Carlos Fernandes Xavier (PA), Roberto Simões (MG) e Eurípedes Ferreira Lins (AM), tendo como suplentes Álvaro Arthur Lopes de Almeida (AL), José Zeferino Pedrozo (SC) e Eduardo Silveira Sobral (SE). O mandato da atual Diretoria, presidida por Fábio de Salles Meirelles (SP), termina no dia 12 de dezembro deste ano.
Eleição - Pecuarista, ex-deputada federal e dirigente ruralista há uma década, Kátia Abreu disputou ontem o cargo em chapa única, após um difícil acordo político com um grupo de cinco federações estaduais que apoiava a reeleição do atual presidente, o paulista Fábio Meirelles. No Senado, foi relatora do projeto que derrubou a cobrança da CPMF, a pior derrota do governo Lula no Congresso. A senadora elevou o tom das críticas à demora nas execução de medidas oficiais e disse que o governo precisa cobrar as ações dirigidas a solucionar a falta de crédito no setor. "Não adianta lançamento [de soluções] sem verificar pontualidade e implementação das medidas. Além de anúncios, tem que haver pressão e cobrança. Não é uma crítica destrutiva, mas essa atuação tem demorado".
Cenário - Mesmo sem apresentar novas reivindicações específicas, a nova presidente da CNA, que assume o cargo em 12 de dezembro, traçou cenário negativo para o setor em 2009. "O crédito sumiu e vai piorar. O prognóstico é ruim porque os preços das commodities caíram e, mesmo com o dólar subindo, nosso medo é que essas curvas se encontrem", disse. Ela afirmou, ainda, que a crise de crédito terá influência sobre as contas do país. "Negar crédito agora pode ter conseqüências terríveis lá na frente. Se o agro encolhe, reduz a exportação e afeta a balança de pagamentos".
Gestão empresarial - Os planos da senadora para a entidade, que reúne 3,6 mil sindicatos, incluem máximas de gestão empresarial, como planejamento estratégico e melhora nos gastos da CNA, além da profissionalização e a descentralização. Kátia Abreu quer contratar uma empresa especializada em planejamento estratégico e outra para orientar a gestão financeira da CNA. A senadora de Tocantins também encomendou um amplo estudo para a criação de um plano de previdência privada (CNAprev) para os produtores com a chancela da entidade. Kátia Abreu quer estruturar um programa de inclusão digital para financiar computadores a 500 mil produtores rurais. "Queremos todos com um laptop na mão, ligados na internet, nos mercados internacionais, via satélite ou telefone", anima-se.
Ascensão - Virtual candidata ao governo do Estado de Tocantins, onde derrotou seu criador, o ex-governador Siqueira Campos, na corrida para o Senado, Kátia Abreu ganhou projeção, espaço político e passou a ser uma alternativa real de seu partido para uma eventual aliança com o PSDB na disputa pelo comando do Palácio do Planalto em 2010. Estrela ascendente do DEM, a senadora deve ter forte influência nas articulações de bastidores no setor rural e na indicação de um futuro ministro da Agricultura. (Valor Econômico)