ENCONTRO ESTADUALII: Desafios de 2009 foram superados com determinação, diz Koslovski
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Apesar da crise mundial que influenciou diretamente a economia do País e de outras dificuldades enfrentadas em 2009, as 237 cooperativas paranaenses vinculadas ao Sistema Ocepar vão fechar o ano contabilizando R$ 25 bilhões de movimentação financeira, o mesmo valor obtido em 2008. Já o número de cooperados aumentou, atingindo 535 mil - 35 mil a mais do que no ano passado. "Isso mostra a credibilidade e a importância do sistema num momento de crise", afirmou o presidente Ocepar, João Paulo Koslovski, na abertura do Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses, nesta quinta-feira (26/11), em Curitiba. Ainda de acordo com ele, o cooperativismo paranaense superou os 1,25 milhão de postos de trabalho gerados pelo setor no Estado. E, com o apoio do Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR), as cooperativas realizaram 3300 eventos, com mais de 103 mil pessoas capacitadas.
Desempenho - Na avaliação de Koslovski, são números expressivos obtidos com muito esforço. "O ano de 2009 foi de muitos desafios e exigiu determinação por parte das nossas cooperativas para superar os reflexos da economia mundial", considerou. Ele listou quatro fatores que foram decisivos para comprometer um melhor desempenho do setor. "A perda do poder de compra da população mundial, especialmente dos Estados Unidos, União Europeia e Japão, fez com que tivéssemos muito mais trabalho para manter o nível de crescimento do cooperativismo paranaense. Também a queda de preços dos principais produtos também teve reflexo direto na renda do setor produtivo, bem como, a desvalorização do real frente ao dólar", destacou. O presidente da Ocepar apontou ainda a perda de nove milhões de toneladas no Estado, ocasionada por problemas climáticos que afetaram o feijão, o milho, a soja e o trigo. "Não bastasse isto, a qualidade de alguns produtos, como é o caso do trigo e do milho, ficou prejudicada, baixando significativamente o preço", acrescentou. Ele lembrou também que as cooperativas foram obrigadas a adotar medidas fortes para conter custos e reduzir gastos devido às dificuldades de acesso ao crédito, mais escasso e seletivo.
Crescimento - Ainda assim, Koslovski destacou que diversos ramos do cooperativismo apresentaram um crescimento expressivo em 2009, oferecendo oferta de serviços de qualidade ao setor produtivo e à população em geral. "Na agropecuária, investimos cerca de R$ 1 bilhão em agroindustrialização, infraestrutura e tecnologia. Além disso, vamos terminar o ano com US$ 1,505 bilhão em exportações", frisou. "No crédito, hoje já somos 65 cooperativas, com 370 mil cooperados, R$ 5 bilhões de ativos e R$ 2,5 bilhões em operações de financiamento ao setor produtivo", disse. Segundo ele, o ramo saúde foi o que experimentou maior crescimento em 2009. "É um segmento que tem nos médicos e dentistas cooperados, a oferta de serviços de qualidade, beneficiando hoje mais de 1,25 milhão de pessoas", ressaltou. O presidente da Ocepar citou ainda as cooperativas dos ramos de infraestrutura, transporte e educação. "As cooperativas educacionais são alternativas encontradas pelos pais e professores para, além da defesa econômica, serem também garantia de qualidade de ensino", acrescentou. Ele ressaltou também que, nos diferentes ramos do cooperativismo, atualmente existem dez cooperativas no Paraná com movimentação econômica anual superior a R$ 1 bilhão. "Isso mostra a participação ativa na interiorização da economia e o comprometimento do cooperativismo com o desenvolvimento das pessoas e do Estado", afirmou.
Questões trabalhadas pelo Sistema Ocepar - Na abertura do Encontro Estadual, Koslovski falou ainda sobre as questões trabalhadas pelo Sistema Ocepar ao longo do ano, entre elas, às ligadas ao meio ambiente. "Houve uma participação ativa com a oferta de uma proposta para buscar uma solução para a questão ambiental. Nos reunimos várias vezes com membros da Frencoop (Frente Parlamentar do Cooperativismo), com a comissão da Agricultura na Câmara e com os ministros Reinhold Stephanes e Paulo Bernardo para termos uma solução definitiva. É uma questão que precisa de uma solução imediata", ressaltou. Destacou também o trabalho com o Sistema OCB que contou com o apoio dos ministros, resultando na aprovação do Procap-Agro (Programa de Capitalização das Cooperativas Agropecuárias). Esse mesmo esforço conjunto, somado às mobilizações da Frencoop, desencadearam, segundo Koslovski, o atendimento a diversas outras demandas do setor cooperativista, como o aumento de recursos e dos limites do Prodecoop (Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de valor à produção agropecuária), a redução da taxa de importação do glifosato, a ampliação de verbas para a comercialização do leite, a manutenção da TEC (Tarifa Externa Comum) para o trigo, a aprovação da lei complementar 130, inserindo as cooperativas de crédito no Sistema Nacional de Crédito. "É evidente que as demandas são sempre crescentes, em função da participação cada vez maior das cooperativas na nossa economia. Desafios não faltam e, com certeza, neste momento, a aprovação da Lei cooperativista e do ato cooperativo no Congresso é, sem sombra de dúvida, a principal questão a ser viabilizada", ressaltou.
Apoio - O presidente da Ocepar solicitou apoio dos ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Planejamento, Paulo Bernardo, e também dos parlamentares presentes no Encontro Estadual, para a viabilização de temas que ainda estão pendentes, como a cobrança do Imposto de Renda dos cooperados das cooperativas de transporte de cargas, que hoje pagam como base de cálculo 40% do valor do frete, reduzindo drasticamente a remuneração deles. Koslovski citou também a desoneração da carga tributária extra de 15% aos tomadores de serviços das cooperativas, prevista na lei 9876/99, inclusive no transporte de cargas, para possibilitar condições de concorrência com as demais empresas. Lembrou da necessidade de deliberação e encaminhamento urgente do Código Florestal "para que o agricultor possa produzir com tranqüilidade e segurança", destacou.
Outros itens - Ele também ressaltou que a ajuda dos ministros e dos parlamentares é importante para promover a ampliação dos recursos destinados às cooperativas de crédito e concretizar a estrutura sindical, com a concessão da carta sindical ao sindicato de crédito. "No âmbito das cooperativas da área de saúde, precisamos que o governo federal, por meio da Receita Federal, reconheça o ato cooperativo e seja regulamentado o pagamento do ISS (Imposto sobre serviços), cujo projeto está em discussão no Congresso", disse. Destacou ainda a necessidade de agilidade na implementação da política de produção de agroquímicos genéricos, para diminuir os custos de produção aos agricultores; da consolidação das prerrogativas sindicais do cooperativismo brasileiro e da aprovação e sansão pelo presidente Lula do Fundo de Catrástofe. "Pelo que representam as cooperativas, pela distribuição de renda que promovem e pelo caráter social que trazem no seu funcionamento, gostaríamos de contar com o apoio das autoridades aqui presentes para, juntos, buscarmos as soluções para estas questões que hoje cerceiam o crescimento do cooperativismo", afirmou Koslovski.