FEBRE AFTOSA: Paraná e outros seis Estados mudam estratégia de vacinação
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Pela primeira vez em quatro décadas, o Paraná vai adotar nova estratégia de vacinação contra a febre aftosa. Em maio só vão ser vacinados animais com menos de 24 meses de idade. Os mais velhos passarão a receber a dose de prevenção contra a doença uma vez por ano, em novembro. A medida, anunciada nesta terça-feira (24/03) pela Secretaria da Agricultura, faz parte do plano que vem sendo tocado há dois anos pelo Estado de tornar-se livre de aftosa sem vacinação, a exemplo da vizinha Santa Catarina.
Sem data definida - O secretário da Agricultura do Paraná, Valter Bianchini, disse que não foi marcada data para que isso aconteça. Ele falou em cinco anos, "prazo que pode ser antecipado ou postergado". Internamente, no entanto, a equipe trabalha com a possibilidade de que os animais possam deixar de ser vacinados em até dois anos.
"O passo que estamos dando hoje é essencialmente técnico", comentou o diretor do Departamento de Fiscalização e da Defesa Agropecuária (Defis), Silmar Bürer, que citou a Instrução Normativa 44, de outubro de 2007, que traz diretrizes para prevenção e erradicação da aftosa.
Apoio - Representantes da agricultura e da pecuária do Estado foram chamados para apoiar a decisão. O presidente do Sindicato da Indústria do Leite, Wilson Thiesen, chegou a ficar emocionado. "É um momento histórico", disse ele, na mesma sala onde, em 2005, aconteceram reuniões para falar de focos de aftosa encontrados no Estado e da necessidade de sacrificar milhares de animais. Atualmente o Paraná é reconhecido como livre de aftosa com vacinação. "O Paraná teve dois anos com índices de vacinação acima de 98%, tem 100% do rebanho cadastrado e total controle do trânsito dos animais", disse Bianchini, como argumento para a decisão.
Meta - O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, que nesta terça-feira estava no Ceará para tratar das metas de erradicação da aftosa no Nordeste do país, disse que se trata de uma meta que todo Estado deve perseguir. "O Brasil está se preparando para em 2010 ser livre de febre aftosa e, gradativamente, avançar em regiões livres de vacinação." Kroetz ressaltou que metas precisam ser atingidas pelos Estados para garantir a segurança do rebanho e evitar problemas. "Gostaríamos de tirar o quanto antes, mas quando se tira a vacinação, a casa fica sem fechadura. Se houver circulação viral a doença vai se manifestar", completou, lembrando que a vacinação continua sendo obrigatória em todos os Estados, menos em Santa Catarina. Ele citou as condições para que a meta seja atingida: estrutura de vigilância, controle de trânsito, cadastro das propriedades, inventário dos animais, acompanhamento sorológico e informações epidemiológicas, além de fundo de indenização em caso da doença.
Outros estados - Além do Paraná, outros cinco Estados vão vacinar animais com mais de 24 meses apenas anualmente, conforme o calendário do Ministério da Agricultura. São eles: Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul - os dois últimos vão vacinar todo o rebanho em maio e, em novembro, os que estiverem com até dois anos. Embora no calendário conste que São Paulo continuará aplicando as doses a cada seis meses, a secretaria da Agricultura paulista informou que, em maio, os pecuaristas só serão obrigados a vacinar bovinos e bubalinos com até 24 meses, pois já recebeu comunicação oficial autorizando a alteração. Na campanha de novembro, todos os animais serão vacinados.
Economia - No Paraná, cerca de 5,3 milhões de bovinos e bubalinos (ou 55% do rebanho) deixarão de receber a vacina em maio, o que deve gerar uma economia de aproximadamente R$ 7 milhões aos criadores. Bürer disse que a vacina protege os animais mais velhos por um ano e, no Paraná, a sorologia realizada nos últimos meses apresenta ausência de circulação viral. Bianchini acrescentou que o Estado contratou 320 técnicos para atuar nas barreiras interestaduais - antes o serviço era terceirizado. O próximo passo será orientar os pecuaristas sobre a decisão. Mas, caso queiram, eles podem vacinar todos animais em maio. (Valor Econômico)