FERTILIZANTES: Consórcio Coonagro muda rumo da agropecuária

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

O consórcio Coonagro, lançado oficialmente na última sexta-feira em solenidade realizada na Ocepar, em Curitiba, vai mudar o rumo da agropecuária paranaense, dando maior competitividade à produção através do equilíbrio nos preços das matérias-primas dos fertilizantes, acreditam os dirigentes das cooperativas. "É uma solução fantástica", afirmou o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes. "Estamos dando um avanço concreto na solução de um grande problema desta safra, a alta expressiva dos custos de  fertilizantes e de agroquímicos. Isso vai impactar de maneira positiva, reduzindo esses custos. O Paraná, novamente, através da Ocepar, dá um bom exemplo de como as cooperativas, a organização das cooperativas, vão ajudando a resolver entraves na nossa agricultura", frisou o secretário Agricultura do Paraná, Valter Bianchini.

Em 2003, a primeira tentativa - A solenidade de lançamento do Coonagro foi história, com a participação do ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, do secretário da Agricultura do Paraná Valter Bianchini e de grande número de dirigentes das cooperativas. Stephanes, que articulou várias reuniões federais na busca de solução para a questão dos fertilizantes, fez um relato da problemática do setor e alternativas de solução, mostrando o empenho do governo em buscar a redução da dependência brasileira dos insumos importados. O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, lembrou que a primeira tentativa de montar uma integração na área de fertilizantes no Paraná ocorreu em 2003 quando a organização realizou os primeiros estudos. No entanto, a crise do setor agropecuário ocorrida na safras 2004/2005 e 2005/2006, quando o Paraná perdeu cerca de 13 milhões de toneladas de grãos, obrigou a Ocepar protelar a formação desse consórcio.

Desafio - O assunto foi retomada durante reunião realizada em Brasília no dia 04 de dezembro de 2007, com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Na ocasião, Stephanes desafiou as cooperativas a se integrarem num grande projeto de ampliação na produção de matérias-primas. As discussões visando a solução dos problemas dos fertilizantes foi retomada em março deste ano, com reuniões realizadas em Brasília e em Curitiba, onde as discussões foram exaustivas.

Um novo rumo - "O consórcio vai mudar o rumo da agropecuária", afirma Koslovski, com otimismo, ao mostrar o excessivo crescimento da participação dos fertilizantes no custo de produção de grãos. No milho, a participação passou de 17 a 18% na safra 2002/2003 para 26 a 32% (+ 65%) na última safra. No trigo, nesse período a participação dos fertilizantes no custo de produção subiu de 16 a 19 % para 26 a 27% (+ 32%). E na soja os fertilizantes tiveram um reajuste de 52% entre a safra de 2002/2003 e a atual. "Temos certeza que esta integração vai propiciar bons retornos aos nossos cooperados", frisou o presidente da Ocepar. Ele demonstrou a força e o potencial desse consórcio: as 21 cooperativas participantes movimentam mais de R$ 10 bilhões por ano; recebem 16 milhões de toneladas de produtos (10 de grãos e 6 de cana-de-açúcar); têm 60.500 associados e 27.345 colaboradores; e consomem 1.100.000 toneladas de fertilizantes.

Resultado da união e do apoio - A concretização do consórcio é, para o presidente da Ocepar, resultado da união do sistema cooperativista paranaense, da determinação de seus dirigentes e do apoio e assessoria do Ministério da Agricultura. Koslovski também ressaltou o trabalho da equipe de profissionais da Ocepar e das cooperativas.

Avaliação dos dirigentes - Os dirigentes entrevistados pela Ocepar a respeito da formalização do consórcio foram unânimes na avaliação positiva da formação do consórcio  Coonagro. Sabem das dificuldades de se concretizar essa idéia mas acreditam que a força da união sempre vence. Resumimos a avaliação de alguns desses dirigentes.

1- "A gente acredita que o princípio cooperativista já é isso: juntar os interesses. E o que está sendo feito nesse momento é buscar a soma de interesses através do consórcio. É um desafio e acredito que é para todos. E a gente espera que possa evoluir para outros produtos, não só fertilizantes. É uma semente que se plantou e a gente espera - e vamos trabalhar para isso -,  que o sistema cooperativista a irrigue para que ela cresça e possa dar frutos". (Frans Borg, presidente da Castrolanda e do Coonagro).

2- "A união através das cooperativas vai fazer que consigamos atingir o preço mais justo para os nossos cooperados. É o caminho, é o início da consolidação dessa união de interesse das cooperativas. Nós vamos obter sucesso para repassar aos nossos cooperados". (Carlos Murate, presidente da Integrada).

3- "Por trabalhar sempre no cooperativismo, a gente sempre acreditou na força do coletivo. Uma das frustrações que eu tenho é que nós nunca conseguimos realmente viabilizar uma estrutura mais centralizada de cooperativa. E nós precisamos ter uma estrutura geral porque do outro lado, aqueles que nos vendem, que nos fornecem, estão cada vez mais  concentrados. E eu acredito em cooperativa e acredito no coletivo"  (José Otaviano de Oliveira Ribeiro, presidente da Cofercatu).

4- "É um avanço muito grande do cooperativismo, pois nós vamos nos adequar a um mercado que existe hoje, de insumos principalmente. Nós precisamos ter uma agilidade maior, não individual, mas coletiva. Eu acho que com essas 21 cooperativas que estão aqui firmando esse consórcio - não tenho dúvidas- vamos ter uma  condição negocial junto aos nossos fornecedores muito melhor.E  nesse ganho de escala nós vamos estar importando os insumos como exportando tudo o que nós produzimos".(Antônio Sérgio de Oliveira, vice-presidente da Corol).

5- "Eu vejo com muitas possibilidades porque nós, como cooperativas, precisamos estar estruturados e organizados na defesa dos interesses e dos custos da produção agropecuária. Então, nós não vemos apenas com bons olhos, mas vamos participar porque temos certeza a respeito do consórcio. Todos nós temos os mesmos objetivos: defender  os interesses dos produtores, especialmente visando o menor custo de produção. Isso nós vamos conseguir" (Valter Pitol, presidente da Copacol).

6-  "É muito necessário, é uma pena que as cooperativas não tenham feito antes. É uma necessidade em função de que é um insumo importante que encareceu muito nos últimos anos. O setor está muito concentrado, o fornecimento tem poucas empresas tanto a nível nacional como a nível mundial. Acho que tem tudo para dar certo e é uma resposta do mercado a uma ação abusiva dos fornecedores, que subiram novamente os insumos nas últimas safras a ponto de comprometer a viabilidade da produção de grãos em algumas áreas. É uma defesa dos agricultores". (Irineu da Costra Rodrigues, presidente da Cooperativa Lar).

7- "A expectativa é muito grande não apenas em relação aos fertilizantes, mas no que vem junto com isso. Por essência no Paraná nós somos muito fortes da cooperativa para a roça, mas quando se fala da cooperativa para o mercado, nós precisamos melhorar no sentido de unir força, gerar volume. E com volumes em commodities, gerar resultado. Essa é a nossa expectativa". (Vilmar Sebold, presidente da Cocari).

8- "É o primeiro passo para a união das cooperativas aqui do Paraná. Tenho certeza que as lideranças estão preparadas. Esse consórcio foi criado para ficar e tenho certeza que vai progredir. Nós vamos conseguir dobrar a produção de alimentos e vamos dobrar a necessidade de adubos, tanto aqui como no mundo" (Ricardo Chapla, presidente da Copagril).

Conteúdos Relacionados