FINANCEIRO: Especialistas debatem crise mundial e suas perspectivas

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Especialistas em economia estão participando nesta sexta-feira (17/04), em Curitiba, da primeira edição do Fórum Financeiro 2009 promovida pelo Sistema Ocepar/Sescoop-PR. Exclusivo para diretores, gerentes e analistas da área financeira das cooperativas do Paraná, o evento está reunindo cerca de 60 pessoas. O superintendente da Ocepar, José Roberto Ricken, fez a abertura do Fórum. Na seqüência, o consultor da MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, abordou o tema "Perspectivas da agropecuária brasileira em 2009". De acordo com ele, a crise financeira mundial é bastante séria e atingiu muito fortemente os países ricos, mas há indícios de recuperação. "Ainda não podemos ser muito otimistas, mas há notícias boas sobre a China e a Índia voltando a ter sinais de crescimento, especialmente a China. E isso é o primeiro caminho para a recuperação, que será longa".

Brasil - Em relação ao Brasil, a expectativa, de acordo com Alexandre, é de que o país volte a crescer no final do ano. "Nós acreditamos que o Banco Central vá baixar as taxas de juros para cerca de a 9% a 9,2% até o final do ano. Isso propicia um quadro interessante para manter a economia brasileira", acrescenta. "O quadro, comparativamente a outros países do mundo, é muito bom. Acho que, a partir do segundo semestre, a gente vai começar a ver um aquecimento do nível de atividade", afirma. 

Agricultura - Na avaliação do consultor, a situação também é favorável para os agricultores brasileiros. "Na agricultura, a nossa visão é de que, nesta safra, os custos de produção estão caindo bastante, por conta da queda dos preços dos fertilizantes. Isso diminui a necessidade de capital para financiar a próxima safra. O que é bom, porque o capital será escasso", diz. "Hoje, nós temos uma condição de preços bem razoável, do ponto de vista histórico. Então, eu antevejo a próxima safra a custos mais baixos e com uma  rentabilidade razoável. Não é uma crise tão forte para os nossos produtores, mas também não é o melhor dos mundos. Mas, relativamente aos demais países, o Brasil e a economia agrícola brasileira estão muito bem", concluiu Alexandre.

Avaliação de risco para o crédito - O economista e presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, falou aos participantes do fórum sobre o tema "Avaliação de risco para o crédito e instituições financeiras", onde demonstrou que, antes do Plano Real, os bancos pouco se preocupavam com a eficiência operacional em função dos altos ganhos propiciados pela inflação. A receita auferida pelos bancos sobre os recursos dos depósitos à vista aplicados no over night representavam, à época, cerca de US$ 4 bilhões, valor equivalente a 4% do PIB do Brasil. Segundo Erivelto, a má administração dos bancos brasileiros era mascarada pelos altos ganhos inflacionários, farra que terminou com o advento do Plano Real.

Crise e regulação - Com o fim da inflação, ao mesmo tempo que surgiram as crises de grandes grupos bancários, como Econômico, Nacional e Bamerindus, o governo estabeleceu novos mecanismos visando melhorar a segurança do sistema financeiro, evitando uma quebra em massa do sistema. Entre as medidas, citou o cumprimento do Acordo de Basiléia - que obrigava o banco a ter inicialmente 8% de capital sobre o valor emprestado, hoje elevado para 11% -, o estabelecimento do Fundo Garantidor de Crédito e o aumento do capital mínimo exigido na abertura de instituições financeiras.

Saneamento - O governo também buscou solução aos bancos públicos estaduais, que causaram imenso prejuízo ao Tesouro com o uso político de seus recursos. O Banespa, por exemplo, foi saneado ao custo de R$ 50 bilhões e foi vendido por R$ 7 bilhões. Serve de consolo o fato de que seu saneamento evitou o alastramento de uma grande crise no sistema financeiro brasileiro, afirmou Erivelto Rodrigues. O saneamento se estendeu também ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica. Nessa reestruturação do sistema financeiro, o governo permitiu a abertura do setor ao capital estrangeiro, o que permitiu a chegada, entre outros, dos bancos HSBC, Santander e o espanhol BBVA.

Concentração e taxas - Se, por um lado, as medidas do governo surtiram efeito no fortalecimento do sistema financeiro no Brasil, também ampliaram a concentração bancária, o que dificulta a queda das taxas de juros sobre o crédito. Os 247 bancos existentes em 1994 foram reduzidos para apenas 160 hoje, mas apenas 20 bancos detem 90% de todos os depósitos. Pior, segundo o economista da Austin Rating, é que os três maiores bancos brasileiros têm 49,8% do total dos depósitos. Mas alertou que o governo já percebeu que essa grande concentração está inibindo a redução dos spreeds e que está estudando novas medidas para reduzir o custo do crédito.

Período da tarde - O Fórum Financeiro continua no período da tarde com mais duas palestras. A primeira com o analista do Banco Central (Bacen), Alexandre Ricardo Matta Pio de Abreu, que abordará o tema: "Conheça seu Dinheiro". Encerrando o evento, o gerente de Desenvolvimento e Autogestão do Sescoop Paraná, Gerson Lauermann apresentará "Cenário Econômico das Cooperativas Agropecuárias Paranaenses - Indicadores de Gestão". A cobertura destas duas palestras você acompanha na edição de segunda-feira (20/04) do Informe Paraná Cooperativo.

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