FÓRUM DOS PRESIDENTES: Economia retoma crescimento em 2010

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Não há descolamento de economias da crise global que se abateu sobre o mundo e o momento é de extrema cautela para todos os setores da economia. Mas as atividades econômicas devem voltar a crescer em 2010, talvez no segundo semestre de 2009. E os preços das commoditties agrícolas não devem ficar muito abaixo dos praticados nos anos 2006 e 2007. Esse cenário foi mostrado no final da manhã de terça-feira (14/10), pelo economista chefe do Banco do Brasil, Uilson Melo Araújo, no Fórum dos Presidentes realizado pelo Sistema Ocepar. Naturalmente, a avaliação do economista foi feita com base nas medidas de correção da economia que estão sento tomadas pelos bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos. Ele falou sobre o tema "Desafios da Política Econômica - Canais de transmissão da crise financeira global".

Causas e câmbio - Uilson explicou que a crise surgiu com a inadimplência ocorrida no sistema imobiliário norte-americano, sentida ainda em meados do ano passado, e agravou-se com a demora das autoridades financeiras implementarem políticas visando seu controle. Agora, a recessão da economia já é um fato e tudo indica que terá um ciclo não muito longo. Apesar disso, na opinião do economista, o câmbio ficará numa média de R$/US$ 1,80 neste e no próximo ano, devendo chegar a R$/US$ 1,90 em 2010. Essa taxa é, "no geral muito favorável no sentido de que dá uma relativa maior previsibilidade para as ações, sejam de empresas, consumidores, produtores, acho que é um cenário bastante favorável e razoável", afirmou.

Crédito - Em entrevista à revista Paraná Cooperativo afirmou que o crédito, agora concedido com muita cautela, vai voltar "mas com menos dinamismo do que foi no passado. Tanto do lado das empresas como de quem concede crédito, parece que vai haver momento de cautela e as decisões empresariais de quem concede crédito têm que ser tomadas com pragmatismo e uma visão estratégica da situação". Segundo Melo, na concessão de crédito há três monitores a considerar: estratégia, pragmatismo e cautela. "Num cenário que independentemente de números, vai ter correção de rota, um ajuste de dinamismo que a economia vem experimentando, infelizmente essa parte deve ser mais forte".

O papel da China - A China, que chega ao final deste ano com reservas de US$ 2 trilhões, pode ter um papel importante na recuperação da economia mundial. Segundo o conferencista, a China já é o segundo maior exportador do mundo e até 2013 pode chegar ao primeiro lugar "A China é que mais contribui para o crescimento mundial da produção mundial". Embora também possa ser muito prejudicada com a desvalorização do dólar, "a china tem esse papel estratégico e para mim não seria surpresa se numa dessas ações conjuntas (de reorganização da economia), a China viesse contribuir para eliminar essa incerteza ou financiar a saída dessa crise", frisa o economista do Banco do Brasil.

Descolamento - "Não tem o descolamento (da crise) das economias expressivas na produção de alimentos. As economias avançadas entrando em recessão, vamos consumir menor quantidade de alimentos. As economias emergentes sofrem uma desaceleração - nós temos acompanhado as projeções - e os bancos centrais estão tomando medidas para minimizar essa desaceleração", explica Uilson de Melo Araújo. Segundo ele, a expectativa é que as economias em desenvolvimento não sofrearão tanto e terão um crescimento próximo a zero. "Para padrões históricos, o (crescimento do) Brasil está acima de sua média histórica. A Ásia, especialmente a China, deve cair um pouco, abaixo da média de 10% nos últimos anos para algo em torno de 7%, uma desaceleração significativa, mas que implica ainda numa forte demanda de alimentos e até de outras commoditties, pois 7% implica a demanda de commodities que precisa, sejam metálicas ou alimentares necessárias para manter seu crescimento", explicou.

Commodities - "A forte queda dos preços das commoditties em relação aos picos recentes não deve se materializar pro futuro, além de 2 ou 3 anos pra frente. Pode ser que terá queda da margem, mas se tirar o ano de 2008, os preços das commoditties retornando em média de 2007 a 2008, são patamares interessantes ou  para valores históricos. Ou seja, a gente não vê o preço voltando para a média de 2002 e 2003, que foi quanto começou esse ciclo de crescimento dos preços", enfatizou o economista.

Cautela e negociação - Indagado como agiria se fosse agricultor, Uilson Melo Araújo respondeu: "Se eu estivesse na área, no setor mais produtivo da economia brasileira, muita cautela! E aí vale para qualquer ramo de atividade empresarial. Negociação com fornecedores caso a caso e com os clientes, tentando minimizar o máximo de estresse no sentido de execução dos contratos. Acho que tem que se prepara para um momento que não vai ser a bonança de crescimento em 2006 e 2007 em termos de atividade econômica. E que, claramente, em qualquer ramo da atividade empresarial, o cenário que eu trabalharia é de perda do dinamismo econômico global forte, dentro do mercado interno menos forte em termos relativos do que lá fora".

A retomada - "Os ciclos econômicos, prevalecendo o que dizem os economistas que trabalham em mesas de operação, o cenário básico é que a partir de 2010, quiçá com um pouco de sorte no segundo semestre de 2009, a economia global já começa a crescer de uma maneira lenta, abaixo do potencial de crescimento que tem a para crescer. E nesse círculo, o Brasil, o Banco Central, como é nossa aposta, já estaria flexibilizando a política monetária a partir de 2009".

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