FORUM DOS PRESIDENTES II: Jornalista Franklin Martins faz analise da situação política do País
- Artigos em destaque na home: Nenhum
A eleição deste ano será marcada por um novo fenômeno: a classe média perde seu poder multiplicador na opinião pública nacional, enquanto as camadas mais pobres da população passam a ter suas próprias percepções sobre o cenário político. A opinião é do jornalista Franklin de Souza Martins, comentarista da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, que fez uma palestra durante o Fórum dos Presidentes e analisou a atual situação política do País. De acordo com Martins, pela primeira vez na história, as classes média e alta deixam de deter o predomínio sobre a opinião pública. “É o fim do efeito pedra no lago, onde a visão da classe média acabava sendo propagada para os outros segmentos da população. Foi assim no movimento pelas Diretas, no impeachment de Collor, no Plano Real, mas não será assim nesta eleição”, avaliou.
Melhoria - Segundo o jornalista, nos últimos anos, mais de 7 milhões de brasileiros saltaram à classe C, deixando de pertencer às classes D e E. “São pessoas que se beneficiaram dos programas de crédito barato e passaram a consumir mais, e perceberam uma melhoria nas suas condições de vida. Elas hoje têm uma opinião própria e desvinculada da visão que predomina na classe média.” O novo fenômeno político, conforme Martins, explica em parte o forte desempenho da candidatura do presidente Lula à reeleição. “Mais de 80% dos eleitores ganham menos de 5 salários mínimos”, observa. Além disso, programas como a Bolsa Família, que beneficia 50 milhões de pessoas, e o crescimento “insuficiente, mas constante” da economia, faz de Lula um candidato difícil de ser batido. “O presidente pôde realizar uma agenda política de impacto, com reajuste do salário mínimo exatamente no ano eleitoral, entre outras medidas que o favoreceram”, lembra.
Escândalos - Na opinião do comentarista político, apesar dos inúmeros escândalos e denúncias de corrupção que marcaram os últimos anos da gestão Lula, o momento é favorável à economia, com inflação sob controle e aumento de 13% no salário mínimo, acabaram prevalecendo e ampliaram suas chances de reeleição. “Por outro lado, a candidatura de Geraldo Alckmin não conseguiu até o momento se firmar como uma alternativa diferenciada. Além disso, a estratégia do PSDB sofreu um duro revés com os problemas de segurança pública que estão ocorrendo em São Paulo”, analisou.
Pleito de 2010 - Numa eventual vitória de Lula, Martins entende que o cenário político se modificará por completo. “Novas alternativas surgirão, com José Serra e Aécio Neves surgindo como candidatos em potencial ao pleito de 2010. Por sua vez, Lula e o PT tentarão buscar nomes de força para as próximas eleições. O jogo político se tornará mais complexo e sofisticado”, previu.
História - Quanto aos escândalos e as denúncias de corrupção que dominam o noticiário nos últimos tempos, o jornalista lembrou de uma conversa com o então deputado Ulysses Guimarães. Confrontado por um repórter, que reclamou da qualidade dos parlamentares da época, o velho político não titubeou: “Calma, o que virá depois será bem pior”. Para Martins, somente uma reforma política consistente pode coibir e modificar o descrédito que paira sobre os políticos. “Trata-se de mudar o sistema e as leis”, enfatizou.