FRAUDE: Polícia Federal prende quadrilha acusada de adulterar leite em Minas
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A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (22/10), em Minas Gerais, 27 pessoas acusadas de crime contra a saúde pública e contra as relações de consumo. As acusações são referentes a adulteração no leite produzido por cooperativas das cidades de Uberaba e Passos. Os acusados supostamente usavam técnicas ilegais para aumentar a duração e rentabilidade do produto. Foram presos um fiscal do Ministério da Agricultura, o químico autor da fórmula utilizada no leite, além de empregados e diretores de cooperativas. Ao todo, estão detidas 19 pessoas em Uberaba e oito em Passos.
Amostras - A operação, chamada de Ouro Branco, colheu amostras de leite das empresas Calú e Parmalat, da Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) e da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil). Até o momento, todos os lotes analisados foram considerados impróprios para consumo humano. Amostras estão sendo coletadas em empresas produtoras de leite de todo o país. Segundo a Polícia Federal, apesar de o laudo não indicar quais são as substâncias utilizadas, vários presos confessaram que misturavam soda cáustica, ácido cítrico, peróxido de hidrogênio e citrato de sódio, além de água, sal e açúcar. "É importante constar que de acordo com os presos essa conduta vem sendo praticada há vários e vários anos. E tem amplitude nacional", afirma o coordenador da operação, delegado Ricardo Ruiz. Ainda segundo a Polícia Federal, a proporção de substâncias impróprias para consumo era de 10% do leite.
Laudos - O presidente do Conselho Fiscal e cooperado da Casmil, Emerson Carvalho, disse que amostras do leite são enviadas mensalmente para análise no Serviço de Inspeção Federal (SIF) e que não foram encontrados problemas no último laudo. Quanto às acusações da Polícia Federal, Carvalho alegou que a cooperativa vai aguardar o fim das investigações. "Estamos aguardando que ocorram os trâmites burocráticos para enviar os lotes lacrados pela Polícia Federal para nova análise". Ainda segundo o representantes da Casmil, a cooperativa fabrica laticínios e fornece leite para grandes empresas do ramo como Nestlé e Parmalat. Procurada pela Agência Brasil para se pronunciar, a Coopervale não foi encontrada.
Mapa - Em nota divulgada nesta terça-feira (23/10) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disse que apóia integralmente a ação da Polícia Federal em Minas Gerais e que as adulterações no leite foram identificadas graças a análises de laboratórios oficiais do Mapa. Segundo o texto da nota, o Mapa tem intensificado a fiscalização da cadeia produtiva do leite. Além das análises rotineiras, foram investidos, este ano, mais de R$ 2,5 milhões para incrementar as análises do produto em mais de doze projetos diferentes, em laboratórios oficiais de todo o país. O Departamento de Fiscalização de Produtos de Origem Animal (DIPOA) conta com 1,3 mil fiscais federais agropecuários, que fiscalizam os 212 estabelecimentos produtores de leite e derivados no país. Entre janeiro de 2003 e agosto de 2007, foram analisadas 4 mil amostras de leite no Brasil. Com base nessas análises, foram apreendidas, nesse período, mais de 5 mil toneladas de produtos lácteos que apresentavam não conformidades. Em relação ao funcionário do Serviço de Inspeção Federal (SIF) que foi detido pela Polícia Federal, o Mapa adotará as medidas legais de sua competência, afirma a nota do Mapa. (Com informações da Agência Brasil e da assessoria do Mapa)