GRIPE AVIÁRIA: Alerta eleva nível para a fase três

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Especialistas afirmam que a epidemia global decorrente da gripe aviária é inevitável - apenas questão de tempo. Estamos preparados para enfrentá-la? Em algum momento, uma variante altamente letal e contagiosa do vírus da gripe aviária - o influenza A (H5N1) - se espalhará por todo o mundo. Resta saber se estamos preparados para enfrentá-la. Até agora, os surtos apresentados por essa epidemia elevaram o nível de alerta para a fase três. No nível seis, seria declarada a pandemia. Apesar de essa variante do vírus ainda não se transmitir de pessoa para pessoa, o vírus está em constante evolução e algumas das espécies de aves infectadas começam a migrar, podendo espalhar a epidemia para o Ocidente. Em julho deste ano, aves domésticas foram infectadas com o H5N1 em países como a Sibéria, o Cazaquistão e a Rússia.


Pandemia - Uma pandemia de influenza só acontece quando o vírus sofre mutação, transformando-se em algo desconhecido para nossos sistemas imunológicos e capaz de ser transmitido entre humanos. Se o vírus se replicar muito antes que o sistema imunológico aprenda a produzir anticorpos, a epidemia pode provocar em 12 meses mais mortes do que a Aids provocou em 25 anos. Variantes aviárias da influenza A, como a H5N1, têm dois caminhos para evoluir e se transformar num vírus pandêmico. Mutações genéticas e a seleção natural podem deixar o vírus mais eficiente na invasão de células humanas, ou então, duas variantes de influenza podem infectar a mesma célula e liberar o RNA viral, que se replica dentro do núcleo celular. Os RNAs das duas variantes se misturam, criando um conjunto de genes "rearranjados", dando origem a uma nova variante pandêmica, altamente contagiosa.

Defesa - À medida que o senso de urgência cresce, governos e especialistas em saúde procuram reforçar quatro linhas de defesa contra a pandemia: vigilância, vacinas, medidas de contenção e medicamentos. Rapidez é essencial. Se não conseguirem contê-la em 30 dias, é provável que não haja como barrar o avanço de uma pandemia nascente. E não há dúvida de que haverá filas para obtenção de vacinas. A capacidade mundial de produção de vacinas para a gripe é de cerca de 300 milhões de doses ao ano - a maior parte é fabricada na Europa; apenas duas fábricas operam nos EUA. Contudo, o uso profilático de antivirais é uma opção para os poucos países que têm como financiar estoques. Muitas nações terão de se preparar para uma estimativa média de que 25% de todos os seus habitantes adoecerão.

Rastreamento - Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial para Saúde Animal (OMSA) e a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) coordenam o esforço global para rastrear o H5N1 e outras variantes do vírus. A próxima pandemia pode começar em qualquer lugar do mundo, porém é mais provável que surja na Ásia. No Brasil, a repercussão das notícias levou o Ministério da Saúde a negociar com a farmacêutica Roche a aquisição inicial de 9 milhões de kits de tratamento, para formação de estoque estratégico. O Instituto Butantã, de São Paulo, será o encarregado da produção de vacinas no país. O diretor da entidade, Otávio Mercadante, afirmou que o instituto começará no início de 2006 a desenvolver, em escala piloto, 20 mil doses contra o H5N1. Resumo do artigo de publicado na revista Scientific American Brasil, número 43, de dezembro de 2005. (Gazeta Mercantil)

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