IBGE II: Inflação na indústria desacelera para 1,89% em abril

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ibge II 01 06 2021Os preços da indústria subiram 1,89% em abril na comparação com o mês anterior. Apesar do crescimento, houve desaceleração frente ao resultado de março (4,63%), quando foi registrada a segunda maior alta da série histórica do Índice de Preços ao Produtor (IPP), iniciada em 2014. Com o resultado de abril, o índice, divulgado nesta terça-feira (01/06) pelo IBGE, acumula alta de 16,08% no ano, maior taxa já registrada para um mês de abril, e taxa recorde de 35,69%, nos últimos 12 meses.

Taxa positiva - O resultado de abril é a 21ª taxa positiva consecutiva do índice, na comparação mês a mês. A pesquisa mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Em abril, 18 dessas atividades tiveram variações positivas na comparação com março. O maior impacto no índice geral veio de Outros produtos químicos (0,40 p.p.), atividade que variou 4,54% no mês.

Sequência de altas - “Estamos desde agosto de 2019 com uma sequência de altas de preços da indústria. Assim como aconteceu nos meses anteriores, há um aumento de preço em diversas commodities e em muitas matérias-primas. Isso é decorrência do aquecimento no mercado externo, especialmente por parte da China. E quando há o aumento em matéria-prima, há um efeito cascata, porque aumenta também o custo de produção de um setor, o que impacta outros setores internos”, explica o analista da pesquisa, Murilo Alvim.

Dólar - O pesquisador também explica que a desaceleração do índice de abril frente aos meses anteriores é relacionada à queda no preço do dólar. “Pela primeira vez no ano, o dólar teve uma queda quando comparamos com o mês anterior (-1,5%). Quando o preço do dólar está mais baixo, o valor do produto, em real, fica mais baixo. Isso tanto em relação ao produto exportado quanto aos insumos que importamos”, afirma.

Petróleo - Alvim destaca que, apesar dessa tendência de alta de commodities e matérias-primas, uma delas teve queda em abril: os óleos brutos de petróleo. “Esse produto impacta diretamente os setores extrativo e de refino de petróleo, que apresentaram resultados negativos”. Os preços no setor extrativo apresentaram uma queda de 0,70% e os de refino de petróleo e produtos de álcool recuaram, em média, 0,55% em abril. Foi a primeira queda desde setembro de 2020, quando este setor registrou redução de 2,83%.

Impacto - Além de outros produtos químicos (0,40 p.p.), as atividades que mais impactaram o índice de abril foram alimentos (0,36 p.p.), metalurgia (0,35 p.p.) e produtos de metal (0,16 p.p). Já as maiores variações foram registradas nas atividades madeira (6,26%), produtos de metal (5,96%), metalurgia (4,97%) e outros produtos químicos (4,54%).

Naftas - “O aumento nos produtos químicos foi influenciado pela alta das naftas, que são uma matéria-prima do setor. Já o segundo setor que mais influenciou o índice foi o de alimentos, que foi afetado principalmente pela alta da soja e seus derivados, assim como pelo aumento da carne bovina e da carne de aves, que tiveram maior demanda externa”, destaca o pesquisador.

Acumulado recorde - De acordo com Alvim, o acumulado recorde de 35,69% nos últimos 12 meses é explicado, entre outros fatores, pela pandemia de Covid-19. “Além desse aumento recente da matéria-prima e das commodities, temos que observar que estamos comparando abril de 2021 com abril de 2020, ou seja, com o início do período de pandemia. Quando começou o isolamento, o setor da indústria foi impactado e teve uma queda na oferta desses produtos industriais. E, à medida que as ofertas diminuem, os preços aumentam”, explica, ressaltando também a depreciação do real no período.

Mais sobre a pesquisa - O Índice de Preços ao Produtor - IPP, cujo âmbito são as indústrias extrativas e de transformação, tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.

Preços recebidos - O IPP investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Coletam-se cerca de 6 mil preços mensalmente. Adotando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0, o IPP gera indicadores para 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação, além de reorganizar os mesmos dados em grandes categorias econômicas, abertas em bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis e semiduráveis e não duráveis). (Agência IBGE de Notícias)

FOTO: Pixabay

 

ibge II quadro 01 06 2021

 

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