IMIGRAÇÃO HOLANDESA I: Vocação centenária
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Na base da pecuária de leite do Paraná, estão três cooperativas dos Campos Gerais e a própria origem dessas empresas. A Batavo, em Carambeí, a Castrolanda, em Castro, e a Capal, em Arapoti – fundadas por imigrantes holandeses que começaram a chegar à região há exatamente cem anos – formaram a bacia leiteira mais produtiva do país. Alcançam média de 28 litros por animal ao dia, marca só ultrapassada por produtores individuais. Com genética holandesa aperfeiçoada permanentemente, produzem 10,5% de todo o leite in natura e 18,5% do produto industrializado do estado.
Qualidade - “O leite foi o produto que viabilizou a imigração holandesa no estado e a pecuária leiteira está enraizada na economia paranaense. As três cooperativas são exemplos bem sucedidos no Paraná e no Brasil, principalmente pela qualidade do produto e a sanidade dos animais”, ressalta o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná (Sindileite), Wilson Thiesen. Juntas, Castrolanda, Batavo e Capal faturam R$ 2 bilhões ao ano (2010) – 7% da arrecadação das cooperativas agropecuárias paranaenses.
Paraná - As 23 empresas associadas do Sindileite produzem anualmente 3,6 bilhões de litros de leite e esperam ampliar essa marca em 5% neste ano. Os 10,5% das cooperativas de origem holandesa representam 373 milhões de litros, o equivalente a 1,8 litro por habitante do país. As cooperativas são tão importantes para o Paraná quanto o estado é para o Brasil. A pecuária leiteira estadual é responsável por 11% da produção nacional, atrás apenas de Minas Gerais (30%) e Rio Grande do Sul (12%). “A região dos Campos Gerais teve uma influência muito grande no que é hoje o agronegócio do leite no Brasil. Daqui saíram muitas das tecnologias utilizadas na produção de leite, inclusive parte da base genética”, afirma o presidente da Batavo, Renato Greidanus, neto de um dos sete fundadores da cooperativa.
Gado holandês - A pecuária de leite foi o principal motivo para a criação das cooperativas holandesas no Paraná. Nas primeiras décadas, o gado era mestiço, com casos de produção de menos de 10 litros por cabeça. Só depois da 2ª Guerra Mundial (1945) é que os imigrantes trouxeram para o Brasil os primeiros exemplares da raça holandesa, líder mundial na produção de leite. As características da raça foram melhoradas nas últimas seis décadas. A nutrição e o conforto ambiental oferecido às vacas leiteiras ajudaram a elevar a produtividade de forma exponencial. Até hoje, o leite é a principal fonte de renda das cooperativas holandesas, superando os grãos. “Nas propriedades com técnicas mais modernas, chega-se a 35 litros de leite/dia por animal. Estamos em constante evolução”, diz o ex-presidente da Batavo e filho de imigrantes Dick Carlos de Geus. “A região sempre investiu e somos reconhecidos pela produção e pela qualidade”, reforça o presidente da Castrolanda, o holandês Frans Borg. Na última feira Agroleite, de 8 a 12 de agosto, 54 mil pessoas compareceram, um reconhecimento dos Campos Gerais como referência no setor. (Caminhos do Campo – Gazeta do Povo)