Importação de farinha frustra crescimento da indústria de trigo

Os moinhos brasileiros de trigo mantiveram a moagem em 2005 em 9,8 milhões de toneladas, segundo o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Antenor de Barros Leal. Entre 1994 e 2002, a moagem cresceu 6% ao ano. Em 2003, a expansão foi de 3% e, em 2004, de 2,5%. "A estimativa era que haveria expansão de pelo menos 2,5%. Para este ano, a projeção de alta é de 3%, baseada na expectativa de crescimento da economia", afirmou. A queda dos preços do arroz, que concorre com derivados de trigo, e o aumento da entrada de farinha argentina e pré-mistura são apontados como causas para a estagnação. "Vamos realizar uma pesquisa para entender por que o consumo não cresceu no ano passado e o que precisamos fazer para aumentá-lo. O consumo brasileiro é de 50 quilos per capita, enquanto o argentino é de 120 quilos per capita", conta.

Concorrência argentina - Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a importação total de farinha e pré-mistura cresceu 11%, para 245,893 mil toneladas entre janeiro e novembro de 2005, na comparação com igual período do ano anterior. A maior parte é importada da Argentina. O consumo de arroz aumentou 1,8% na safra 2004/05, para 12,9 milhões de toneladas, enquanto o preço médio da saca de 50 quilos caiu 34,2% no Rio Grande do Sul, principal produtor, para R$ 20,25, segundo a Conab. "Houve aumento do consumo e migração para produtos de melhor qualidade", diz o analista de mercado de arroz da Conab, Paulo Morceli. A mineira Vilma Alimentos moeu 159 mil toneladas em 2005, 4,2% a menos que no ano anterior. O vice-presidente de vendas e marketing, Cézar Tavares, explica que além da disputa com o arroz, houve no estado aumento na concorrência porque uma parcela da farinha que era vendida em São Paulo passou a ser oferecida em Minas Gerais após a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a farinha em São Paulo. (Gazeta Mercantil)