INADIMPLÊNCIA: Mais problemas na área de máquinas

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O sistema de financiamento para aquisição e renovação da frota de máquinas e equipamentos agrícolas está ameaçado pela inadimplência dos produtores rurais e a disposição dos bancos de restringir o crédito aos bons pagadores. As decisões liminares obtidas por produtores na Justiça de Mato Grosso contra o arresto de suas máquinas por inadimplência engrossou o coro dos descontentes. Em audiência pública na Câmara, os bancos privados e as instituições ligadas às fábricas de máquinas acusaram nesta terça-feira (28/04) um "ambiente de incerteza jurídica" para esses financiamentos.

Risco maior - "Essa quebra de contrato deixou o sistema preocupado e vulnerável por causa da desvalorização das garantias e das ações judiciais", afirmou o diretor da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Ademiro Vian. "As prorrogações de dívidas elevaram o risco e pioraram o rating do produtor no sistema". Segundo ele, houve uma "deterioração das carteiras". Em 2003, as operações em risco mais alto ("D" a "H") somavam 2% do total. Em 2008, o índice subiu a 21%. "As ações judiciais e as prorrogações desarticularam o sistema".

Arbitrariedade - Os produtores acusaram a "arbitrariedade" dos bancos e avisaram que a inadimplência, que teria chegada a 50% em 2008, continuará nos mesmos níveis neste ano."Temos que pagar 31% das parcelas renegociadas neste ano e não temos renda. Tem que haver uma renegociação geral dessas dívidas de investimento", disse o presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.

 

Insuficientes - Ele afirmou que 32 resoluções do Banco Central, duas leis e cinco medidas provisórias editadas nos últimos quatro anos para equacionar o endividamento foram insuficientes para resolver a questão. "E se tivessem arrestado as 3 mil máquinas que queriam levar, haveria um prejuízo de R$ 2,2 bilhões e a perda de 40 mil empregos só em Mato Grosso", disse o dirigente.

Solução final - Os bancos também pediram uma solução final ao governo. "O nível de risco subiu muito e reduziu a capacidade de oferta de crédito", observou o diretor de Operações do Banco John Deere, Celso Schwengber. O executivo do Banco CNH Capital também concordou: "Precisamos achar uma solução", afirmou o diretor comercial da CNH Capital, Emir Rutsatz. Os bancos afirmaram que o arresto de máquinas foi restrito a dívidas vencidas até 2007. "Ninguém pediu isso depois da Lei 11.775 [que renegociou as dívidas em 2008]", disse Ademiro Vian, da Febraban.

Indústria - As ameaças aos programas de investimento em máquinas atingem em cheio a indústria. "O setor industrial está muitíssimo preocupado com essa restrição de crédito", afirmou o vice-presidente da Anfavea, Milton Rêgo. O dirigente da Febraban esclareceu: "A redução de crédito se deve aos produtores não honrarem os compromissos", afirmou Ademiro Vian. (Valor Econômico)

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