INFORME PECUÁRIO: Confira o comportamento do mercado de carnes e leite no mês de julho

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A Gerência Técnica e Econômica do Sistema Ocepar (Getec) está publicando mais uma edição do Informe Pecuário, com informações sobre o comportamento de mercado e a produção do setor de carnes e leite no mês de julho.

1. Mercado - Carne Bovina

1.1. Mercado Externo

O mercado da carne bovina fechou mais um mês com resultados negativos. Segundo dados informados pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), os resultados das exportações brasileiras de carne bovina in natura recuaram em julho, com 8,63% de redução no volume embarcado, e queda de 3,98% na receita. Contudo, no preço por tonelada acorreu uma recuperação de 5,08%, sendo enviadas ao exterior 82,1 mil toneladas, que corresponderam a US$ 277,7 milhões.

            Na comparação com os resultados obtidos no mês de julho de 2008, a retração foi de 28,94% em valor e 12,10% em volume. No acumulado dos últimos sete meses, os valores de 2009, demonstram uma retração de 18,41% no valor médio da tonelada exportada, em relação ao mesmo período do ano passado. (tabela 01)

Tabela 01. Resultados das exportações brasileiras de carne bovina in natura (2009/2008).

Valores

 

Périodo

 

Variação (%)

jul / jun       jul

 

Acumulado

jan - jul

Variação (%)

 

jun/09

jul/09

jul/08

 

2009

09/08

 

2009

2008

09/08

Volume

(mil ton)

 

89,9

82,1

93,4

 

-8,68

-12,10

 

536,9

615,6

-12,78

Valor

(milhões US$)

 

289,2

277,7

390,8

 

-3,98

-28,94

 

1.637,0

2.300,5

-28,84

US$/ton

 

3.219

3.382

4.186

 

5,08

-19,20

 

3.049

3.737

-18,41

Fonte: MDIC, 2009. Elaboração: Ocepar/Getec, 2009.

1.2. Mercado Interno

            As negociações do boi gordo no mercado interno foram lentas no final de julho. Segundo análises do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), de modo geral, a oferta de animais para abate seguiu pequena. Além disso, especialmente no Estado de São Paulo, frigoríficos operaram com escalas de abate menores, o que justifica a pressão sobre as cotações da arroba. Neste cenário, entre 22 e 29 de julho, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa recuou 0,72%, fechando a R$ 80,71 no final do mês. No Paraná, segundo dados do Sindicarne (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados), a média do boi gordo no mês de julho ficou estável em 77,00 R$/arroba.

1.3. Produção

            Depois da movimentação do setor bovino decorrente da recomendação do Ministério Público do Pará, em junho, para que os supermercados deixassem de comprar carne de frigoríficos que adquirem gado criado em áreas de desmatamento ilegal, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) pretende lançar um Programa de Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina. O programa será uma ferramenta de autorregulamentação da rastreabilidade e origem dos bovinos, e vai garantir que a carne vendida nos supermercados brasileiros não será procedente de áreas de desmatamento ilegal em todo o território nacional, inclusive a Amazônia.

2. Mercado - Carne Suína

2.1. Mercado Externo

            A receita com os embarques de carne suína in natura em julho, segundo dados apresentados pelo MDIC, foi de US$ 91,2 milhões, retração de 42,17% em relação ao mesmo período de 2008 e de 3,59% sobre o mês de junho. Os preços por tonelada também despencaram em relação a julho de 2008, sofrendo uma retração de 30,83%, mesmo atingindo o valor de 2.164 US$/ton, resultado 8,64% melhor que o mês de junho deste ano. No mês de julho o volume das exportações de carne suína chegou a 42,2 mil toneladas, sendo este volume 11,16% inferior ao mês anterior e 16,27% menor que o resultado obtido em 2008. Porém, no volume acumulado nos meses de janeiro a julho, se observa um aumento de 2,38% em relação ao mesmo intervalo de 2008. (tabela 02)

Tabela 02. Resultados das exportações brasileiras de carne suína in natura (2009/2008).

Valores

 

Périodo

 

Variação (%)

jul / jun       jul

 

Acumulado

jan - jul

Variação (%)

 

jun/09

jul/09

jul/08

 

2009

09/08

 

2009

2008

09/08

Volume

(mil ton)

 

47,5

42,2

50,4

 

-11,16

-16,27

 

259,4

294,6

2,38

Valor

(milhões US$)

 

94,6

91,2

157,7

 

-3,59

-42,17

 

532,0

821,0

-24,09

US$/ton

 

1.992

2.164

3.129

 

8,64

-30,83

 

2.066

2.787

-25,87

Fonte: MDIC, 2009. Elaboração: Ocepar/Getec, 2009.

2.2. Mercado Interno    

            A oferta interna e a fraca demanda seguiram pressionando as cotações da carne de suíno. O aumento da oferta no mercado interno pode ser associado ao fraco desempenho das exportações no mês de julho. Além disso, houve aumento do número de animais abatidos. A demanda por carne suína não tem aumentado nem mesmo com as temperaturas baixas e com o início do mês, quando a procura aumenta. De acordo com o Cepea, desde o final de junho, o preço da carcaça comum suína negociada no atacado da Grande São Paulo caiu 21% e da especial, 19,8%. Segundo o Sindicarne, no Paraná, a cotação média do suíno vivo tipo carne, fechou o mês de junho a 1,61 R$/Kg, uma queda de 3% em relação ao final do mês de junho.  

2.3. Produção

            Os produtores independentes de suínos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul decidiram reduzir em 20% o número de matrizes produzidas nos Estados. O objetivo é diminuir a oferta de animais e fazer com que os preços subam nos três Estados. A expectativa é de que o movimento ganhe a adesão também dos produtores em sistema de integração. A decisão foi acertada em reunião com lideranças da suinocultura dos três estados do Sul, em Chapecó (SC), juntamente com produtores independentes, frigoríficos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com apoio da Associação Regional de Suinocultores do Sudoeste e da Associação Paranaense de Suinocultores.

3. Mercado - Carne de Frango

3.1. Mercado Externo

            Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), mostram que as exportações de frango in natura somaram US$ 448,4 milhões, 23,90% menos do que em igual período de 2008 e 2,18% menor que em junho. O volume ficou em 288,8 mil toneladas, queda de 5,65% e 4,31%, respectivamente, na mesma comparação. Os preços médios de exportação tiveram queda de 18,75% quando avaliado a média no acumulado dos últimos sete meses. (tabela 03)

Tabela 03. Resultados das exportações brasileiras de carne de frango in natura (2009/2008).

Valores

 

Périodo

 

Variação (%)

jul / jun       jul

 

Acumulado

jan - jul

Variação (%)

 

jun/09

jul/09

jul/08

 

2009

09/08

 

2009

2008

09/08

Volume

(mil ton)

 

301,8

288,8

306,1

 

-4,31

-5,65

 

1.917,6

1.951,7

-1,75

Valor

(milhões US$)

 

458,4

448,4

589,2

 

-2,18

-23,90

 

2.699,5

3.382,7

-20,20

US$/ton

 

1.520

1.553

1.925

 

2,17

-19,32

 

1.408

1.733

-18,75

Fonte: MDIC, 2009. Elaboração: Ocepar/Getec, 2009.

3.2. Mercado Interno    

            Os preços do frango vivo recuaram no mês de junho. Segundo análises do Cepea, o principal motivo para as baixas é a maior disponibilidade de carne no mercado interno. Além da maior produção de pintos de corte registrada em junho, as exportações brasileiras de carne de frango in natura recuaram em julho. Nesse cenário, os preços do vivo chegaram aos mesmos patamares de junho, anulando os ganhos obtidos, de acordo com pesquisas do Cepea. No final de julho, o valor médio do frango vivo acumulou queda de 4% no interior do estado de São Paulo, negociado a R$ 1,68/kg.

            De acordo com dados da Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), no mês de julho, o preço médio recebido pelos produtores no Paraná, para frango vivo foi de 1,71 R$/kg, queda de 1,15 % em relação a junho.

3.3. Produção  

            Em junho, foram produzidos 482,1 milhões de pintos de corte, segundo dados da Apinco (Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte), volume 4,5% maior que o de maio. Segundo dados do DATAPINCO, um quarto da produção nacional de pintainhos de corte é do Paraná. No acumulado janeiro-maio deste ano, os incubatórios do Estado produziram 558.124.566 pintainhos, um desempenho que torna o estado responsável por 25,75% da produção nacional. No entanto, a produção deve estar bem ajustada para não trazer conseqüências negativas na recuperação do mercado.

4. Mercado - Leite

4.1. Mercado Externo

            Nos primeiros seis meses deste ano, as exportações de lácteos brasileiras somaram US$ 97,4 milhões, 59,11% a menos do que os US$ 238,2 milhões do mesmo período de 2008. Em relação ao volume a queda foi de 41,16% com 39,6 mil toneladas de produtos lácteos.

Tabela 04. Resultados das exportações brasileiras de lácteos (2009/2008).

Valores

 

Périodo

 

Variação (%)

jun /maio    jun

 

Acumulado

jan - jul

Variação (%)

 

maio/09

jun/09

jun/08

 

2009

09/08

 

2009

2008

09/08

Volume

(mil ton)

 

6,4

5,8

15,4

 

-9,38

-62,34

 

39,6

67,3

-41,16

Valor

(milhões US$)

 

12,1

11,9

56,7

 

-1,65

-79,01

 

97,7

238,2

-59,11

US$/ton

 

1.902

2.032

3.686

 

6,83

-44,87

 

2.460

3.535

-30,41

Fonte: MDIC, 2009. Elaboração: Ocepar/Getec, 2009.

4.2. Mercado Interno

             O aumento de 0,87% na captação de leite de maio para junho não foi suficiente para frear o movimento de alta nos preços do produto, mesmo após a valorização de 7% em junho. Pelo contrário, desta vez, a alta foi ainda mais expressiva que a dos meses anteriores, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Nos sete estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) considerados para a "média nacional" do Cepea, o preço ponderado foi de R$ 0,7719/litro (bruto) no pagamento de julho (referente ao leite entregue em junho), alta de 9%, ou seis centavos por litro, frente ao mês anterior. Esse valor é semelhante, em termos nominais, ao de agosto de 2007, quando o leite era negociado a R$ 0,7654/litro.               

4.3. Produção  

            Em junho, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea foi de 125,45. Apesar do ligeiro aumento de maio para junho, o volume de leite captado em junho ainda foi 4,91% inferior ao do mesmo mês do ano passado. Se comparado o primeiro semestre deste ano com igual período de 2008, a captação foi 6,5% menor - em abril, a diferença chegou a 7%. Os aumentos nos preços ajudam produtores a cobrir os custos mais elevados de produção neste período em que aumenta a quantidade de concentrado dado ao rebanho, tendo em vista a escassez de pastagens. Esse reforço à alimentação também explica o aumento da produção de leite em junho.

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