INFORME PECUÁRIO: Edição de maio traz informações sobre mercado de carnes e leite
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O Informe Pecuário, produzido mensalmente pela Gerência Técnica e Econômica da Ocepar (Getec), apresenta na edição de maio informações sobre o mercado de carnes e leite.
1. Mercado Carne Bovina
1.1. Mercado Externo
As exportações brasileiras de carne bovina apresentaram crescimento, tanto em receita quanto em volume no mês de abril. Os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostram aumento da receita e dos volumes exportados no mês passado em comparação com os registrados em março.
As vendas externas de carne bovina em abril renderam ao Brasil US$ 247,7 milhões, um crescimento de 6,04% em comparação com março, porém, uma retração de 19,53% em relação a abril do ano passado, quando o faturamento com as exportações foi de US$ 307,8 milhões. O volume embarcado foi de 85,1 mil toneladas, aumento de 3,65% em comparação com março e queda de 4,92% em relação a abril de 2008, quando saíram dos portos 89,5 mil toneladas. O preço médio da tonelada da carne bovina vendida ao exterior em abril foi de US$ 2.909,8, valor 2,3% superior a março, mas 15,4% menor do que abril de 2008.
O resultado ficou um pouco abaixo das expectativas, mas manteve os embarques brasileiros em trajetória de alta. Não chegou a superar os volumes de abril de 2008, mas chegou próximo, assim como já havia acontecido no mês anterior. Vale destacar que em março último, considerando carne in natura e industrializada, o Brasil exportou 170,96 mil toneladas equivalente carcaça, um aumento de 0,9% em relação a março do ano passado. Em volumes totais, portanto, o País está retornando aos patamares de 2008.
1.2. Mercado Interno
Mesmo com melhores resultados no mercado externo, o mercado interno tem enfrentado dificuldades. Os efeitos da crise mundial prejudicam as negociações entre produtores e frigoríficos. O não pagamento de débitos atrasados tem forçado os frigoríficos a buscarem alternativas para reduzir a resistência dos pecuaristas no fornecimento de animais para o abate. Por outro lado, o recente período de seca tem feito os pastos secarem na maioria das regiões dando força às pressões baixistas.
A baixa se deve ao ligeiro aumento da oferta, por conta do clima bastante seco em algumas regiões, e à retração de compradores. Frigoríficos com escalas maiores pressionam as cotações e adquirem apenas o necessário, na expectativa de aumento de oferta.
No indicador Esalq/BM&FBovespa o boi gordo à vista foi cotado a 77,67 R$/arroba, registrando uma queda de 1,41% na variação mensal. O indicador a prazo teve desvalorização de 1,58%, sendo cotado a 78,79 R$/arroba (valores referentes a 11 de maio de 2009; Fonte: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - CEPEA).
Segundo dados do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne), a cotação média semanal do Boi Gordo no Paraná, na primeira semana de maio, foi de 75,20 R$/arroba, sofrendo uma queda de 1,05% em relação à média da semana anterior.
1.3. Produção
O abate de bovinos registrou uma queda de 6,6% em 2008 na comparação com o ano passado, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, o número de cabeças abatidas somou 28,691 milhões. Dados preliminares do Ministério da Agricultura (MAPA) apontam que no mês de março deste ano, foram abatidos 1,6 milhões de animais, um valor 11% menor que o mesmo período de 2008, demonstrando uma tendência de queda do volume de abate para este ano.
2. Mercado - Carne Suína
2.1. Mercado Externo
As exportações de carne suína, em março de 2009, de 51 mil toneladas, em relação as 42,74 mil t em igual período do ano anterior, representaram um aumento de quase 20%, sendo uma importante recuperação no quadro desta grave crise financeira mundial. No primeiro trimestre de 2009 começou a existir recuperação das perdas registradas no último trimestre de 2008. Nos últimos seis meses, de outubro de 2008 a março de 2009, o Brasil exportou 240,27 mil toneladas, resultado ainda 14 % inferior ao alcançado no período de outubro de 2007 a março de 2008.
Ainda em março, as exportações de carne suína, atingiram US$ 104,16 milhões, em relação a US$ 102,25 milhões em março de 2008, um pequeno crescimento de 1,86%. Mesmo com volumes acima das expectativas, a baixa lucratividade, na exportação é uma constante, com queda nos preços. O preço médio em março foi de US$ 2,04 mil a tonelada, uma queda de 14,64%, em relação a US$ 2,39 mil em março de 2008.
As exportações de carne suína brasileira e as vendas internas não sofreram, até o momento, impacto negativo da gripe A (H1N1), já que os efeitos da doença surgiram com maior impacto no final do mês de abril e com foco em saúde humana. Segundo informações da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), as exportações do produto em abril atingiram 53,99 mil toneladas, um aumento de 10,82% em relação a igual período de 2008. Contudo, até o momento, não há como mensurar o impacto econômico que a doença poderá ter sobre o mercado de carne suína. Sendo importante garantir informações claras aos consumidores e ações efetivas do governo para evitar que a doença se torne motivo para barreiras comerciais, evitando assim um retrocesso nos avanços comercias que o setor tem conquistado.
2.2. Mercado Interno
O mercado nacional de carne suína nos últimos meses tem apresentado preços estáveis, apesar das preocupações com a gripe A (H1N1). Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) os preços do suíno vivo e da carne tiveram reajustes significativos em abril, o vivo acumula, na parcial do mês, recuperação de 20% no interior de SP, ao passo que a carcaça comum valorizou 17% no atacado paulistano. Este quadro tem se sustentado pela demanda acima da oferta, num momento em que as exportações estariam se recuperando. A preocupação é que os preços da carne suína e do animal vivo recuem no mercado interno. Acredita-se que a queda possa ocorrer devido às especulações do mercado com a notícia da gripe A (H1N1). Por enquanto, não houve redução na demanda por suíno vivo ou carne, mas as incertezas quanto ao comportamento do consumidor podem afetar os preços de forma negativa.
Segundo cotação do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne), os preços do suíno vivo tiveram em abril, uma média de 1,55 R$/quilo, apresentando uma valorização de 1,3% em relação à média de preços do mês anterior.
2.3. Produção
O abate de suínos aumentou 5,1% em 2008 na comparação com 2007, totalizando 28,803 milhões de cabeças, de acordo com a pesquisa trimestral sobre Abate de Animais, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados do Sindicarne, no Paraná foram abatidos mais de 4,4 milhões de animais, representando cerca de 16% da produção nacional. Os números do Ministério da Agricultura (MAPA) apontam que no mês de março deste ano, foram abatidos 2,3 milhões de suínos, um valor 15% maior que o mesmo período de 2008.
3. Mercado - Carne de Frango
3.1. Mercado Externo
Dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (ABEF) destacam que as exportações de carne de frango totalizaram 307 mil toneladas em março, o que indica uma recuperação em relação a fevereiro, com crescimento de 16,5%, e estabilidade em relação a março de 2008, com redução de 2%. A receita cambial somou US$ 422 milhões, indicando, da mesma forma, crescimento em relação a fevereiro, de 13 %. Em relação a março do ano passado o resultado representa uma retração de 24%.
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostram com relação à carne de frango, que as exportações do mês de abril proporcionaram receita cambial de US$ 424,4 milhões, um aumento de 4,3% sobre abril do ano passado, quando as vendas externas renderam US$ 406,9 milhões. No que se refere aos volumes, o resultado de abril mostra embarque de 308,2 mil toneladas, desempenho 28,26% superior a abril de 2008, quando foram exportadas 240,3 mil toneladas.
Ainda segundo a ABEF, os números representam um bom resultado para o setor, que a partir de outubro foi afetado pela crise financeira internacional. Contudo, produtores e exportadores ainda devem manter uma postura de cautela diante da conjuntura, evitando um excesso de produção. O resultado acumulado do primeiro trimestre de 2009 aponta para embarques de 845 mil toneladas, com redução de 4% na comparação com o mesmo período de 2008. E a receita chegou a US$ 1,2 bilhão, 22% a menos do que o primeiro trimestre de 2008.
3.2. Mercado Interno
A recuperação das exportações de frango em março não foi suficiente para mudanças significativas nos preços do mercado interno, que, em março, se mantiveram com média semelhante à de fevereiro. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), desde março, os preços do frango vivo vêm registrando consecutivas quedas. De acordo com dados da Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), no mês de abril, o preço médio recebido pelos produtores no Paraná, para frango vivo foi de 1,66 R$/kg. Nesse mesmo mês, no atacado o valor do frango congelado teve média de 2,85 R$/kg e o resfriado 2,83 R$/kg, no varejo a média foi de 3,73 R$/kg e 3,88 R$/kg, respectivamente, não sofrendo grande variação em relação ao mês anterior.
3.3. Produção
Os dados finais do IBGE relativos à produção de carne de frango em 2008, apontam que foram abatidas mais de 4,8 bilhões de cabeças, totalizando mais de 10 milhões de toneladas. O estado do Paraná é o maior produtor nacional participando com 24% da produção, seguido pelos estados de Santa Catarina e São Paulo. Os dados do Ministério da Agricultura (MAPA) referentes aos primeiros meses de 2009, demonstram que no primeiro trimestre foram abatidas cerca de 1 milhão de aves, um resultado 9,5% menor que o mesmo período de 2008.
4. Mercado - Leite
4.1. Mercado Externo
Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo da balança comercial de lácteos em abril apresentou déficit de US$ 6,2 milhões. O volume importado foi 113,5% superior às exportações.
O déficit comercial apresentado pelo setor de lácteos foi 39% inferior ao registrado no mês de março, quando a balança comercial de leite e derivados apresentou resultado negativo de US$ 10,3 milhões. Quando comparado a abril de 2008 - quando o saldo foi positivo em US$ 37,2 milhões - a queda é de 117%. Em volume, a queda nas exportações em comparação a abril de 2008 foi de 69%, ficando em 4,8 mil toneladas.
Em relação a março/09, as exportações de leite em pó foram 31% menores em volume, o que significa 1,2 mil toneladas. As vendas de leite condensado caíram 42%, totalizando 1,9 mil toneladas. O preço médio do leite condensado apresentou leve queda de 3,3%, sendo negociado a US$ 1.516/t.
O preço médio de exportação do leite em pó integral teve queda de 6,85% em relação a março passado, apresentando valores próximos a US$ 3.533/t, sendo que praticamente todo o volume foi exportado para a Venezuela, com valores negociados acima dos praticados no mercado internacional.
Foram exportadas 605 toneladas de queijos, alcançando o valor de US$ 3.924/t, aumento de 13,2% no volume exportado, em relação a março.
As importações aumentaram 61% em volume quando comparadas a abril de 2008, com compras de 10,2 mil toneladas de lácteos; em relação a março/09, o volume importado é 31,6% inferior. Em valor, as importações alcançaram US$ 17,9 milhões, valor 4% superior em relação ao mesmo período do ano passado.
O principal produto importado foi o leite em pó integral, representando 56,2% do total, ou seja, 5,7 mil toneladas (equivalente a 46,9 milhões de litros), seguido pela compra de soro de leite, 23% do volume total (2,3 mil toneladas). Do volume de leite em pó integral - 5,717 mil toneladas - 78,2% é proveniente da Argentina (ao preço médio de US$ 1.840/t) e 21,4% foi comprado do Uruguai (em média, US$ 1.665/t).
As importações de leite em pó integral recuaram 41% em comparação a março. O leite em pó integral, o leite em pó desnatado, os queijos e o soro de leite, apresentaram, em valor, participações relativas de 58%, 10,6%, 13,2% e 11,5% respectivamente nas importações.
A importação de queijos foi 18% maior em relação ao mês de março, com volume total de 533 toneladas. As compras de soro de leite aumentaram 29,8% em relação ao mês anterior, com compras de 2,3 mil toneladas.
4.2. Mercado Interno
O mercado interno tem mostrado sinais de melhora, apesar do impacto sobre as exportações em decorrência da crise no cenário internacional, com protecionismo externo e a recessão em alguns países. Mas para o setor, as perspectivas de melhora são para longo prazo, com a produção se recuperando do refluxo dos anos de 2007 e 2008, quando os preços dispararam. O recuo da cotação reduziu as margens de lucro em toda a cadeia, além de quebrar alguns produtores e até empresas.
Mesmo que ainda com pouca expressão, o preço do leite pago aos produtores vem mostrando sinais de recuperação. Em março, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), aumento no preço médio do leite foi um pouco maior. Nos sete estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) que o Cepea considera para a "média nacional" (ponderada por volume), o reajuste foi de 1,7 centavo por litro ou de 2,81%. A Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), registrou no mês de abril, o preço médio recebido pelos produtores no Paraná, no valor de R$ 0, 57, aumento de 1 centavo por litro (1,78%) em relação ao mês anterior.
4.3. Produção
Quanto à produção, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea registrou em março queda de 3,84% em relação ao volume de fevereiro. A novidade trazida por este dado é que a diferença em relação ao índice do mesmo período do ano anterior, que vinha aumentando mês a mês, começa a diminuir. Em fevereiro¸ o Icap-L/Cepea foi 8,6% menor que o de fevereiro de 2008 e, em março, a diferença baixou para 5,3%.
Menor produção é um fundamento importante que pode elevar os preços recebidos pelos produtores, mas o resultado requer ainda a análise da demanda, que pode ser feita a partir dos preços dos derivados.