INFRAESTRUTURA: Não há vagas para indústrias no Paraná
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Os maiores polos industriais do Paraná não comportam mais empresas em seus distritos e parques industriais. A falta de novas áreas ocorre na capital, em Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa e em suas regiões. Além disso, há carência de infraestrutura viária, urbanística e de energia, situação agravada pela falta de recursos próprios dos municípios e do pouco investimento dos governos estadual e federal. A burocracia e a lentidão nas licenças ambientais, aliada à deficiência na elaboração de planos diretores municipais e projetos, é outro limitador do desenvolvimento industrial no estado.
Estimativa - Não há uma estimativa de quantas empresas o estado perde por ano por causa da falta de novas áreas e de infraestrutura, mas o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Hélio Bampi, acredita que se o problema fosse resolvido a arrecadação de impostos dobraria em menos de sete anos. Expectativa quase idêntica à do secretário de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, João Luiz Kovaleski, que projeta a obtenção de duas novas áreas para aumentar o Distrito Industrial e prevê que, se isso acontecer, a arrecadação de impostos duplicaria em dez anos.
Especulação - No entanto, para o sucesso dessas iniciativas, o planejamento de novos parques e distritos industriais deve ser minucioso, para não surgir outro problema: a especulação imobiliária. "No caso de Fazenda Rio Grande, por exemplo, assim que foi criado o Distrito Industrial, a especulação imobiliária fez com que o valor dos terrenos subisse mais de dez vezes, o que causou um grande dissabor para empresários. Eu mesmo sofri com isso e tive um negócio inviabilizado. Portanto, também é preciso haver mecanismos legais contra a especulação, estabelecendo o preço do metro quadrado para as regiões onde se pretende colocar um distrito industrial, assim como na Zona Franca de Manaus; do contrário, o que era para ser um benefício acaba se tornando um dilema sem solução", diz Bampi.
Planejamento - Segundo cálculo da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano, 380 das 399 cidades do Paraná já têm o Plano Diretor Municipal ou estão com a elaboração em desenvolvimento. Segundo Bampi, sem o plano é impossível conseguir recursos estaduais ou federais. "Em primeiro lugar, é fundamental que os municípios tenham nos seus planos diretores a delimitação de um distrito industrial; sem isso fica praticamente inviável a industrialização de qualquer região. Quando não há o plano, dificilmente haverá incentivo dos governos. Outro passo importante é a instalação do ‘Conselho da Cidade' com caráter deliberativo, para que todos possam participar e planejar as vocações industriais de cada lugar", afirma o vice-presidente da Fiep. Bampi acrescenta que, quando uma grande empresa se instala, outras da mesma cadeia de produção tendem a vir junto; por isso é preciso planejar a cidade e qualificar mão de obra específica.
Desafio - Para dar uma ideia das dimensões do desafio da industrialização no estado, Bampi cita o caso da capital. "Temos o exemplo da CIC (Cidade Industrial de Curitiba), que possibilitou a industrialização da capital, mas não existem mais áreas para novas empresas. Na região metropolitana, o governo estadual está dando incentivos para cidades com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas não há infraestrutura nesses locais", argumenta. (Gazeta do Povo)