INSUMOS: Estoques altos reprimem produção de fertilizantes
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Os gordos estoques de fertilizantes acumulados pela indústria brasileira a partir de outubro de 2008, quando o aprofundamento da crise financeira internacional estrangulou o crédito também no país, sustentaram a reação da demanda dos agricultores pelo insumo em janeiro. Conforme dados fechados na quinta-feira (19/02) pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas das empresas misturadoras (que fabricam o produto final) às revendas de fato superaram as expectativas e alcançaram 1,343 milhão de toneladas, 37,5% mais que em dezembro.
Queda - Em relação a janeiro de 2008, houve queda de 27,7%, mas naquele mês houve uma correria no mercado porque a expectativa era de que os preços dos adubos, já elevados na época, aumentariam mais, como aconteceu, e que poderia haver até falta de produto no mercado no ano passado, o que não se comprovou.
Crescimento - Pelo contrário. O mercado travou a partir de outubro e os estoques começaram a crescer, a ponto de fecharem dezembro em cerca de 6 milhões de toneladas, ante uma demanda total de 22,4 milhões de toneladas no ano. Esses estoques começaram a ser escoados em janeiro, inclusive colaborando para uma redução de preços estimada pela Câmara Temática de Insumos Agropecuários coordenada pelo Ministério da Agricultura em 15% na comparação com dezembro.
Ritmo - Com promoções para facilitar as vendas, além da queda de derivados de nitrogênio e fosfato no mercado internacional, as entregas ganharam ritmo, puxadas pela demanda para o plantio de milho safrinha, trigo e soja (já para a próxima safra de verão), e aliviaram um pouco o cenário para as misturadoras, entre as quais Bunge, Mosaic, Yara e Mosaic, que nessas operações encerraram o quarto trimestre de 2008 com perdas.
Produção nacional - Para fabricantes de matérias-primas como Fosfertil, Copebrás e a própria Bunge, entre outras, janeiro foi mais complicado, uma vez que os estoques elevados desestimularam a produção nacional. Conforme a Anda, foram produzidas no país apenas 473 mil toneladas em janeiro, 38,5% menos que no mesmo mês de 2008. Cerca de 70% da demanda doméstica costuma ser atendida por importações, e essas compras desabaram em virtude dos estoques elevados. Foram importadas 115 mil toneladas de nutrientes no mês passado, ante as 1,3 milhão de janeiro de 2008.
Ajustes - Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda, não é possível afirmar que o reaquecimento das vendas em janeiro é uma tendência. Fontes do segmento reconhecem a turbulência e dizem que as empresas estão se ajustando. Nesse processo, que já provocou demissões pontuais, teme-se que projetos de expansão da produção nacional sejam adiados. (Valor Econômico)