INSUMOS I: Campo tenta driblar alta dos fertilizantes

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A safra de grãos 2008/09, aberta oficialmente neste mês com o plantio do milho, vai exigir dos produtores paranaenses um desembolso de cerca de US$ 3,8 bilhões somente com fertilizantes. Enquanto não encontram uma solução definitiva para diminuir os gastos com esse tipo de insumo, os agricultores procuram dentro da porteira opções para diminuir os custos da adubação sem reduzir tecnologia e manter, assim, a boa produtividade.

Milho - A queda esperada para o plantio de milho no Paraná é prova disso. Menos eficiente na fixação do nitrogênio, o cereal consome três vezes mais fertilizantes que a soja. Por isso, em meio à elevação generalizada dos preços dos fertilizantes, os custos totais de produção do milho subiram mais que os da soja. Estudo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) mostra que o desembolso com a oleaginosa neste ano é em média 21% maior que no ano passado, sendo que 18% do custo total é com fertilizantes. No caso do cereal, os gastos cresceram cerca de 55% e os adubos são responsáveis por 29% do desembolso.

Substituição pela soja - Resultado: a soja deve ocupar extensão 1,4% maior, enquanto o milho terá área 5,3% menor neste ano no Paraná, conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os produtores devem destinar 3,98 milhões de hectares à oleginosa e 1,3 milhão de hectares ao cereal. No ciclo passado foram cultivados no estado 3,92 milhões de hectares com soja e 1,4 milhão de hectares com milho. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não divulgou relatório de intenção de plantio de verão, mas a safra brasileira 2008/09 deve seguir a tendência paranaense de redução da área de milho e ampliação no plantio da soja.

Jogo de cintura - A alta dos fertilizantes vai exigir do produtor muito mais jogo de cintura para driblar a elevação dos custos de produção, mas, ao contrário do que se poderia imaginar, não deve reduzir a tecnologia empregada nas duas principais lavouras de verão. No Paraná, para cobrir os 5,3 milhões de hectares que serão cultivados com soja e milho, os produtores devem utilizar quase 4 milhões de toneladas de fertilizantes, o equivalente a 15% da demanda nacional estimada para 2008, de 25 milhões de toneladas.

Aumento no Paraná - No país, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas de fertilizantes ao consumidor final totalizaram 13,9 milhões de toneladas entre janeiro e julho, um aumento de 20% em relação a igual intervalo de 2007. Nesse mesmo período, a produção nacional de fertilizantes apresentou crescimento de 5% ante 2007, para 5,7 milhões de toneladas. Como o índice de aumento da produção é inferior à taxa de crescimento do consumo, a diferença foi coberta pelas importações, que saltaram de 9,4 milhões de toneladas nos primeiros sete meses de 2007 para 10,5 milhões em 2008.

Importação - Apesar de ser o maior produtor de grãos do planeta, o Brasil é o terceiro maior importador de adubos do mundo. Além de importar cerca de 70% do NPK (nitrogênio, fósforo e potássio, principal formulado) que consome, a maior parte dos macronutrientes básicos usados para como matéria-prima para a formulação de fertilizantes também vem do exterior, na proporção de 70% do nitrogênio, 50% do fosfato e 90% do potássio.

Concentração - Além de insuficiente, a produção nacional de fertilizantes é muito concentrada. Atualmente, o mercado brasileiro é dominado pelas empresas Bünge, que detém o controle de seis das oito fábricas em operação no país, Mosaic, da Cargill, e Yara. Juntas, essas três empresas controlam a Fosfertil, maior produtora nacional de fertilizantes. A quebra desse monopólio através de importação direta, compra conjunta, redução da carga tributária e reavaliação do código nacional de mineração são algumas das medidas que estão sendo discutidas entre governo e setor produtivo para diminuir a dependência do produto importado. (Gazeta do Povo/Caminhos do Campo)

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