LÁCTEOS II: Lucro de R$ 0,05/litro desanima produtores
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A queda no preço do litro de leite e a margem de lucro de R$ 0,05 está desanimando produtores de lácteos da região de Campo Mourão, no Centro-Oeste do estado. No início do ciclo, diante de previsão de elevação do consumo interno e aumento nas exportações, eles esperavam margens mais folgadas em 2009. Por conta das frustrações com o mercado, o produtor Armin Tierling, que produz uma média de 120 litros de leite por dia, gostaria de interromper a produção, mas se vê em um dilema. "Hoje não tenho para quem vender as 16 vacas que tenho. E trocar por banana vai gerar ainda mais prejuízos. Se conseguisse vender os animais já teria abandonado a atitivade por conta do alto custo de produção e lucro insignificante", reclama.
Previsões - Já o produtor José Fernando Alves Henriques afirma não confiar em previsões ou estimativas de analistas do setor. Ele acredita que o câmbio descontrolado e a produção estável dos Estados Unidos e Europa são ingredientes que contribuem para as indústrias processadoras baixar, sem critérios, os preços do litro de leite no verão. "É uma política desleal que afeta o produtor e faz despencar o preço do litro na fazenda. Outro fator que colabora para essa queda é o dumping, em época de colheita, por parte do Uruguai e Argentina. Essa prática comercial é responsável pelas grandes promoções em redes de supermercados de um produto com qualidade duvidosa", argumenta.
Padrões internacionais - Segundo ele, enquanto na Europa a margem das empresas processadoras é de 70%, no Brasil oscila entre 120% e 150%. "É fora dos padrões internacionais. Aqui, as indústrias pagam ao produtor R$0,61 o litro, e o mercado vende o mesmo produto a R$ 1,40 ou R$1,50 o litro. Não vale a pena. É uma atividade que precisa de alto investimento, mas que tem baixa rentabilidade e não tem incentivo do governo. Em Portugal, o governo além de subsidiar toda a produção leiteira também auxilia na exportação", diz.
Alto investimento - Henriques, que produz em média 1.150 litros de leite por dia em sua propriedade em São Lourenço, distrito de Araruna, conta que tem tido um lucro de apenas R$ 0,05 por litro. Ele relata que produzir leite requer alto investimento em animais, rações, vacinas e mão-de-obra especializada. "Já a margem de lucro é mínima. Enquanto o produtor exportar apenas a matéria prima, vai continuar respirando com ajuda de aparelhos." Ainda assim, Henriques mantém-se otimista. Ele espera que em fevereiro os preços do leite voltem a subir e ampliem sua margem de lucro para R$ 0,20 por litro. "Os países exportares devem diminuir a produção e com isso voltaremos a respirar aliviados, com margem maior". (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)