LAR: Índios trocam a mata por emprego em frigorífico

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O jornal Valor Econômico publicou, nesta quarta-feira (11/08), uma reportagem especial sobre a contratação de 41 índios avá-guaranis da aldeia Ocoy, no oeste do Paraná, para trabalhar no frigorífico da cooperativa Lar, em Matelândia. A matéria começa mostrando a história de uma família indígena que comemorou o recebimento do primeiro salário ganho com o trabalho realizado no frigorífico. De acordo com a jornalista Marli Lima, autora da reportagem, outros índios já estão preparando documentos, com a expectativa de receber o salário no fim do mês. "Alguns deles já tinham feito serviços para organizações não governamentais ou para o governo, mas é a primeira vez que uma empresa privada dá uma chance para diversos membros da tribo. A cooperativa já manda um ônibus para um ponto bem mais próximo da aldeia", afirma ela na matéria.

Expansão - A jornalista conta ainda que "o interesse dos índios por registro em carteira coincidiu com a expansão do frigorífico da Lar e a busca por candidatos - serão abertas mil vagas nos próximos seis meses, sendo 300 para preenchimento imediato. A cooperativa distribuiu panfletos pelas cidades vizinhas com oferta de emprego e salário de R$ 652 mais benefícios, como plano de saúde e vale-compras de R$ 90, entre outros".

E acrescenta: "A cooperativa também passou a oferecer R$ 100 para os empregados que indiquem nomes de pessoas que possam ser contratadas e permaneçam ao menos 90 dias no trabalho. A proximidade com o Paraguai e a facilidade que os moradores da região têm em ganhar mais comprando e vendendo mercadorias adquiridas naquele país dificultam a busca por trabalhadores fixos."

Mais contratações - De acordo com a reportagem, a cooperativa está disposta a aumentar a quantidade de índigenas na equipe já que não há impedimento legal para a contratação dos índios. Traz também o exemplo de outra empresa do sudoeste do Estado que está buscando mão-de-obra entre outras tribos, além dos avás-guarani, como os Caigangues, de Mangueirinha.

Empregos - A reportagem do Valor Econômico diz ainda que atualmente a cooperativa emprega pessoas de 11 municípios vizinhos e seus ônibus percorrem até 70 quilômetros para buscar o pessoal. "A Lar conta com 5 mil trabalhadores e mais 1,5 mil serão necessários, sendo mil só para o frigorífico. Ela teve receitas de R$ 1,43 bilhão em 2009, com sobras de R$ 27,9 milhões. Em 2010, a meta é chegar a R$ 1,6 bilhão e, em 2011, se aproximar dos R$ 2 bilhões. A Lar chegou a arrendar oito unidades da Coagri, cooperativa do Mato Grosso do Sul liquidada no ano passado. Ela também atua no Paraguai, com quatro unidades próprias e três alugadas", diz a jornalista.

Abate - Ela ressalta ainda que a Lar pretende duplicar a capacidade de abate nos próximos meses, que deve passar de 140 mil para 286 mil aves por dia, sendo 70% para exportação. "Os investimentos na unidade atingem R$ 100 milhões (70% financiados pelo BNDES). Outros R$ 50 milhões serão usados na ampliação de fábrica de ração, compra de 70 caminhões e melhorias na estrutura. Trata-se do maior aporte feito em um só exercício. O presidente da Lar, Irineo da Costa Rodrigues, conta que está completando o plano previsto nos últimos 15 anos. "Aqui são pequenas propriedades. Produzir só grão não é viável", explica. No período, a cooperativa, que tem 8,5 mil associados, expandiu a produção de leite e suínos. Em 1994, passou a transformar mandioca em fécula e amido modificado. Em 1998, colocou vegetais congelados no varejo com marca própria e, no ano seguinte, abriu o frigorífico, que agora é ampliado", informa.

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