LEITE I: Preço baixo e fraude em debate na OCB e CNA

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Maior rigor do Ministério da Agricultura na fiscalização e combate das fraudes nos produtos lácteos, além do apoio à comercialização, através do Prop-leite. Essas são as principais reivindicações de mais de 300 lideranças da cadeia produtiva de leite que estiveram reunidas na terça-feira (26/09), em Brasília (DF), para discutir a situação do setor e a crise de preços pagos aos produtores. Dirigentes de cooperativas dos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Rondônia, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo participaram do encontro que ocorreu na sede da OCB, pela manhã, e na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, participou das reuniões. Segundo Turra, a fraude na comercialização do leite prejudica o produtor que mantém a qualidade. No caso do Prop-leite, o objetivo é sustentar os preços para o produtor. Turra explicou que o ministério se comprometeu a analisar as reivindicações e estudar soluções. Do Paraná, também participou dos debates Renato Beleze, da Confepar.

Efeito sanfona - “A violenta oscilação de preços e o ‘efeito sanfona’ prejudicam os produtores que não têm estabilidade econômica”, declarou o presidente do Sistema OCB/Sescoop, Márcio Lopes de Freitas, na abertura da reunião na Casa do Cooperativismo. Ele afirmou que é preciso acabar com a fraude no leite assim como acabaram com o café “milhorado”, quando ocorria a adição de até 60% de milho queimado em sacas de café. “Conseguimos extinguir essa ação ilegal no café, porque não poderemos fazer o mesmo no mercado de leite?” Freitas lembrou ainda que é necessário às entidades de representação do setor desenvolver a capacidade de pensar estrategicamente em ações em prol do desenvolvimento de toda a cadeia. “Desde o início da minha gestão na OCB/Sescoop, há cinco anos, tenho procurado criar mecanismos para transformarmos a teia em uma grande rede cooperativista organizada”, declarou. Ele assinalou a importância de parcerias com entidades como a CNA, Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios (CBCL), Embrapa Gado de Leite e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo. Segundo o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, a adição de soro no leite, que caracteriza a fraude, não traz riscos à saúde da população, mas representa um crime econômico, pois oferece um produto com menor valor nutricional e não esclarece a alteração na composição aos consumidores. Com a mistura de soro, sacarose, amido e outros, o leite in natura é substituído por produtos ou subprodutos mais baratos, aumentando a lucratividade da indústria fraudadora.

Qualidade - Há quatro anos, CNA, OCB, CBCL, Leite Brasil, Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Minas Gerais (Silemg) e a Associação Brasileira das Indústrias de Leite Desidratado (ABILD) assinaram um termo de cooperação técnica com o Ministério da Agricultura para a melhoria da qualidade do leite. O trabalho mostrou que, das 1.833 amostras de leite pasteurizado, UHT e em pó coletadas em 213 indústrias, 81 indústrias apresentaram resultado positivo para fraude, o que representa 37% do total. Após dois anos de vigência do termo, o percentual de fraudes identificadas já teria caído para 3%. Para os representantes dos produtores e de suas cooperativas, é fundamental que o Mapa tenha estrutura para continuar fiscalizando com rigor o produto oferecido à população, mas com poderes legais para punir os fraudadores. (Com informações da OCB)

Perdendo espaço - O presidente da OCB lembrou que, há 20 anos, as cooperativas produtoras de laticínios no Brasil chegaram a 65% na captação de leite. “Viemos perdendo espaço para empresas mercantis, para empresas que suspeitamos praticar atos não muito lícitos para poder prevalecer. Hoje temos uma participação de 35%”, disse Freitas. “Atuamos para oferecer bons produtos e remunerar adequadamente o produtor. Não podemos freqüentar esse ambiente e sobreviver a ele.” Diretor executivo da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL), Paulo Roberto Bernardes foi incisivo ao cobrar tais medidas do Mapa. “Queremos que o ministro atual diga que não vai aviltar o preço do leite, porque os preços aviltados prejudicam principalmente os pequenos agricultores”. Na coletiva, o governo esteve representado pelo secretário de Defesa Pecuária da Mapa, Gabriel Alves Maciel. Ele apoiou a iniciativa das lideranças dos produtores e disse que, se for o caso, o ministério vai acionar a Polícia Federal para punir as empresas que fraudam o leite. Quanto à fiscalização, Maciel contou que o Mapa gastou R$ 37 bilhões na compra de equipamentos de laboratório para analisar a composição dos produtos que entram no mercado. No entanto, ainda falta capacitar os profissionais que vão operacionalizar esses equipamentos. (Informe OCB)

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