MÁQUINAS AGRÍCOLAS: Juro barato reaquece mercado
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As vendas de máquinas agrícolas cresceram a ponto de transformar o Brasil no principal foco das indústrias do setor. Enquanto os mercados norte-americano e europeu começam a reagir após a crise de 2008/09, o brasileiro volta à época dos recordes. É o que mostram as primeiras estatísticas consolidadas deste ano, divulgadas pelos fabricantes na 17.ª Agrishow - a principal exposição de tecnologia do setor no país, que começou segunda e segue até amanhã em Ribeirão Preto (SP). O clima é de euforia por causa do reaquecimento do mercado, dentro e fora da feira.
Surpresa - O ânimo do mercado é uma surpresa, ante as constantes reclamações sobre os preços das commodities agrícolas, reduzidos por causa do real valorizado. Colheitadeiras de mais de R$ 1 milhão são adquiridas em nome da redução de custos e do ganho de tempo. Os negócios recebem, é verdade, um bom empurrão do governo. Máquinas e equipamentos de todos os tamanhos são financiados através de programas que alongam prazos para até uma década a juros de 2% ao ano.
Mecanizar - A ordem é mecanizar o que for possível, conta José Luiz Coutinho, produtor de cana e executivo da usina Sinimbu, de Jequiá da Praia, Alagoas. Os 14 mil hectares de canaviais que abastecem a empresa terão a colheita mecanizada em quatro anos. Para isso, são necessárias nove colheitadeiras, três das quais estão sendo compradas na Agrishow. Coutinho engatilhou também a compra de 11 tratores. Somando tudo, o negócio soma quase R$ 5 milhões. "O investimento necessário é alto. Mas as máquinas mais caras trazem mais tecnologia. Elas é que determinam os ganhos", argumenta.
Números - Os números da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostram que as vendas do setor cresceram 29% no primeiro trimestre ante 2009, com faturamento de R$ 1,4 bilhão. A base de comparação, auge da crise, é considerada baixa. As vendas, no entanto, estão acima das de 2008, ano recorde do setor. A expectativa é que a tendência se sustente, diz o presidente da Abimaq, Luiz Aubert.
2009 - Ano passado o setor garantiu negócios com a venda de tratores pequenos, incentivada pelo Mais Alimentos. Agora, tenta manter aberta a porta do vasto mercado da agricultura familiar e retomar o comércio de tratores grandes. A New Holland, que fornece o trator mais vendido com incentivo do governo no Paraná, informou que a expectativa é que o mercado da agricultura familiar continue aquecido. A empresa aposta também em modelos grandes, por causa da expansão da cana, disse Luiz Feijó, diretor comercial da marca no Brasil.
Planos - Os executivos retomaram as avaliações de crescimento contínuo no consumo mundial de alimentos, que pautavam os planos das empresas até 2008. Para dobrar a produção até 2040, como preveem as Nações Unidas, é preciso máquinas, defendeu Werner Santos, diretor de vendas da John Deere. A empresa apresentou 50 lançamentos na Agrishow, entre eles uma plantadeira de 45 linhas, da largura de uma rua.
Pouco - O presidente da Agrishow, Cesário Ramalho, disse que 145 milhões de toneladas de grãos por safra - recorde, a ser atingido neste ciclo - é pouco para o Brasil. Ele afirma que o país só vai estacionar nessa faixa de produção se quiser. Ele espera que a Agrishow renda R$ 860 milhões neste ano, com participação de 140 mil pessoas. Do resultado das vendas é que depende a participação dos principais expositores na feira do ano que vem. Eles não compareceram no ano passado, alegando que a Agrishow tem custo elevado demais. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)