Milho: Informações desencontradas trazem prejuízos ao produtor
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Como se já não bastasse a crise enfrentada pelo agronegócio, um erro supostamente cometido por analistas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) veio à tona em novembro, o que surpreendeu o mercado e desfez por completo um cenário que se apresentava favorável aos produtores brasileiros de milho este ano. No mês passado a Conab publicou levantamento de oferta e demanda no qual apontou que o estoque final de milho no País era de 7,781 milhões de toneladas. O problema é que, no levantamento anterior, publicado em agosto, o volume não passava de 4,953 milhões de toneladas. Em abril, era ainda menor: 4,853 milhões. A diferença, de 3,305 milhões de toneladas, contribuiu para deprimir fortemente os preços do produto, que começaram o ano na faixa de R$ 12,00 a saca de 60 quilos, subiram para R$ 17,00 entre julho e agosto e despencaram a seguir para os atuais R$ 10,50, abaixo até mesmo do preço mínimo estabelecido pelo governo federal, de R$ 13,50.
Perplexidade - O setor está perplexo e não poupa a Conab. O presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Luiz Lourenço, critica a situação. Segundo ele, grande número de produtores plantou o cereal acreditando nas perspectivas de preços remuneradores anunciadas pelo próprio governo federal, através do Ministério da Agricultura. No começo do ano, lembra Lourenço, o ministro Roberto Rodrigues, levando em conta os números da Conab, chegou a comentar que o País teria que importar 6 milhões de toneladas em 2005 para enfrentar a demanda. No mês de abril, o levantamento revelou um número bem mais modesto: 1,6 milhão de toneladas. E, em novembro, a necessidade caiu para apenas 700 mil toneladas. “São mais de 3 milhões de toneladas que surgiram do nada”, acrescenta o gerente comercial da Cocamar, José Cícero Aderaldo, ressaltando que “o setor ficou aturdido com a informação”. Aderaldo participou de uma reunião sobre o assunto no último dia 7 em Curitiba, na sede da Ocepar. Além de técnicos de cooperativas, representantes da Conab estiveram presentes, os quais teriam admitido a falha.
Estoques - Segundo Aderaldo, o setor vai exigir agora que o governo federal encontre meios de apoiar o escoamento do volume ainda não comercializado. Ele disse que um possível apoio em forma de instrumentos como a AGF (Aquisição do Governo Federal) não resolverá o problema, pois toda a quantidade de milho continuará estocada nos armazéns das cooperativas, que já possuem milho e trigo de estoques governamentais adquiridos em anos anteriores. Outra reivindicação das cooperativas é que o governo faça a remoção desses estoques a fim de não comprometer a recepção da próxima safra de verão.
Agilidade - O gerente comercial da Cocamar observa que o governo precisará trabalhar rápido, caso contrário a situação ficará ainda pior para os produtores. A justificativa é que com os baixos preços da soja, grande parte dos agricultores optou por investir em milho. “Com isso, teremos uma safra maior que a do ano passado”, alertou. A estimativa da própria Conab é que somando o volume previsto para o atual período de verão (32,553 milhões de toneladas) com o do próximo inverno (8,796 milhões), a produção nacional ficará em 41,349 milhões de toneladas, bem acima das 34,976 milhões de 2005 – quantidade divulgada pela companhia no mesmo levantamento de novembro -, para um consumo ao redor de 39 milhões de toneladas.
Ocepar – Após essa reunião com representantes das cooperativas, o presidente da Ocepar encaminhou ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues um ofício manifestando a preocupação da entidade e das cooperativas sobre as tendências desfavoráveis para a comercialização da safra 2005/2006 cuja colheita se inicia a partir de janeiro próximo. Diante desta realidade e preocupado com as perdas ocasionadas com a vertiginosa queda no preço do milho do mercado Koslovski solicitou que o Mapa viabilize as seguintes medidas:
1. Alocação
urgente de R$ 21 milhões para remoção de 173.621 toneladas
de milho e de 236.688 toneladas de trigo armazenadas nas cooperativas do Paraná,
totalizando 410.309 toneladas, produto este de propriedade do Governo Federal
(anexo 1).
2. Implantação do PEP - milho para qualquer destino exceto as
regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, com prêmio de R$
148,00 por tonelada, com a possibilidade da participação das cooperativas
nos leilões, conforme estimativas de custos (anexo 2).
3. Realização de leilões de Contrato de Opção
Público para exercício no segundo semestre de 2006, para sinalizar
preços futuros do milho.
4. Revisão dos critérios e da metodologia de previsão das
safras de milho atualmente utilizadas pelo governo, objetivando o aperfeiçoamento
do sistema.
5. Desmembramento da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Milho e Sorgo,
Aves e Suínos em duas câmaras setoriais a saber: A primeira Câmara
Setorial de Milho e Sorgo e a segunda Câmara Setorial de Aves e Suínos