MILHO: Sem armazéns, MT estoca grão ao ar livre
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Centenas de milhares de toneladas de grãos de milho a céu aberto. Esse é o cenário nas imediações dos silos de armazenagem nas principais regiões produtoras de Mato Grosso. Alegando falta de rentabilidade para escoar uma safra que atingiu mais de 7 milhões de toneladas, o setor não tem mais espaço para estocar a produção em municípios como Sinop, Lucas do Rio Verde e Campo Novo dos Parecis.Preço - Segundo a Famato (Federação da Agricultura de Mato Grosso), o preço da saca de 60 quilos chegou a R$ 8 -valor abaixo do custo de produção que, de acordo com a entidade, foi de R$ 13 por saca. Para Rui Prado, presidente da entidade, a situação precisa ser resolvida pelo Ministério da Agricultura antes que comece o período de chuvas no Estado. "O Brasil tem falta de milho em algumas regiões. Aqui temos de sobra. O fato é que restam poucos dias até setembro. Se vier chuva, toda a produção que está a descoberto será perdida", disse Prado.
Suspeita - O governo de Mato Grosso, porém, suspeita que parte do encalhe possa estar relacionada a um suposto esquema de sonegação fiscal. Nesta semana, fiscais da Secretaria da Fazenda iniciaram uma devassa na empresas que comercializam o grão no Estado. Nos últimos 18 meses, segundo a secretaria, 98 delas foram abertas e foi registrado aumento na emissão de guias de exportação. Essas vendas para o mercado externo, segundo a secretaria, são apenas simuladas."Nessas operações são emitidas guias de exportação que não geram incidência do ICMS e o milho acaba sendo vendido no mercado interno em vantagem sobre os que recolheram devidamente o imposto", disse o secretário Eder Moraes.
Sem comprador - O diretor do centro de comercialização de grãos da Famato, João Birkhan, não vê relação entre o suposto esquema e o crescimento dos estoques. "Nossa área plantada caiu, mas o clima ajudou e tivemos uma safra muito boa. Com os preços baixos no mercado internacional, teríamos que conseguir escoar essa produção no mercado interno, mas não há quem compre", afirmou.
Plantio - Leonildo Barei, diretor do sindicato rural de Sinop, disse que o governo federal incentivou o plantio do grão após a seca prolongada e a perspectiva de quebra da produção na região Sul em 2008, "mas não se preocupou com a logística". O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse nesta segunda-feira (17/08) que o governo pretende definir ainda nesta semana uma forma de lidar com o excedente do grão em MT. Segundo ele, a safra do Estado superou o previsto em 2 milhões de toneladas."Isso é positivo. O problema é que não tivemos capacidade de interferir na hora exata para dar continuidade aos leilões e escoar a produção adicional." (Folha de São Paulo)