MILHO: Supersafra americana barra exportação de grão brasileiro

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A supersafra norte-americana de milho, a sobrevalorização do real e o mercado interno saturado está levando o produtor brasileiro a minimizar perdas com a diminuição de custos na safrinha. Apesar dos problemas enfrentados com as geadas, os Estados Unidos bateram recorde este mês na colheita do milho. Ao todo, de acordo com a Cerealpar, foram colhidas 334 milhões de toneladas, ante as 328 milhões de toneladas de dezembro. Segundo Steve Cachia, analista de commodities da corretora de cereais, o preço do milho no Brasil deve continuar pressionado. Indicador da Escola Superior de Agricultura (Esalq/BM&F Bovespa) apontou, entre os dias 11 e 18, queda de 2,8% no preço do milho. Fechando a R$ 19,62 a saca de 60 quilos. Nesta quinta-feira (21/01), o milho fechou em R$ 19,27 a saca de 60 quilos (-0,68%). Em dólar, o preço ficou em US$ 10,71 a saca (-1,13%).

Queda de produção - Para Antônio Álvaro Corsetti Purcino, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), existe a possibilidade de a safrinha sofrer queda de produção, já que os produtores buscam diminuir os gastos na lavoura utilizando menos insumo e adubo, além de cultivar sementes mais baratas. "O plantio de semente do híbrido duplo pode reduzir a produção em 20%, já a utilização do milho da colheita anterior, pode diminuir de 40 a 45% o resultado de cultivo", calcula. Ainda de acordo com Purcino, os estoques de passagem de dois anos atrás precisam ser exportados com urgência. "Aqui, quem tinha que comprar já comprou. O estoque vai ter de ser exportado", afirma.

Subvenção - -Segundo Leonardo Soluguren, diretor de Mercado da Céleres Consultoria, seria ideal uma subvenção imediata do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). "O governo federal deveria criar ferramentas pré-safrinha para incentivar o plantio, mas acredito que o governo vai apenas acompanhar o desenvolvimento das exportações no 1° semestre", diz. De acordo com a Agra FNP, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prepara um leilão para este mês, mas a data não estaria definida. Segundo a Conab, não há nada definido. "Estamos aguardando as diretrizes do Mapa. Não tem nada acertado sobre leilão ou armazenagem."

Produtividade - Levantamento da Agra FNP, aponta uma produtividade 6% maior, quando comparada a de 2009, se a previsão de boas condições climáticas se confirmar. De acordo com Jacqueline Bierhals, gerente de Agroenergia da Agra, a safra de verão em torno de 33 milhões de toneladas, mais os 18,305 milhões de toneladas previstos para a safrinha, acumularão 51,338 milhões de toneladas. Para a Conab, a safra total será um pouco maior, 50,488 milhões de toneladas. A gerente estima ainda 8,019 milhões de toneladas de estoque final para 2010. Já a Conab espera estoque de 8,149 milhões de toneladas. "A subvenção do governo deve ser semelhante à de 2009, em torno de 6 milhões de toneladas. Tudo o que o Brasil exportou no ano passado - 7,8 milhões de toneladas - chegou ao porto por meio dos leilões", comenta.

Consumo interno - Para o consumo doméstico, a Agra prevê aumento de 4% em relação a 2009, para 47,3 milhões de toneladas, diante das 45,5 do ano anterior. "A exportação para este ano deve ser algo na casa de 7 milhões de toneladas. Em 2009, foram 7,864 milhões de toneladas", calcula a gerente. João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), vê um ano difícil para a comercialização do produto. "Estamos pessimistas pelo estoque excedente e o preço baixo. Ao meu ver o governo tem a obrigação de proporcionar ao produtor meios de negociação", diz.

Espaço - Apesar da safra recorde dos Estados Unidos, Leonardo Soluguren, diretor de Mercado da Céleres, acredita que, por se tratar de um ano de recuperação econômica, o Brasil tem espaço para crescer no mercado externo. Segundo o diretor, os principais clientes do País são a Ásia e o Oriente Médio. "Exportamos para mais de 70 países. Temos a possibilidade de ampliar o mercado asiático, Coreia do Sul, Irã e Europa, inclusive América Latina." Para João Carlos Werlang, da Abramilho, um câmbio ideal, seria o dólar acima de R$ 2. (DCI - Diário do Comércio & Indústria)

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