MUNDO II: ONU alerta contra fim das medidas de estímulo e queda do dólar
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A Organização das Nações Unidas (ONU) melhorou suas projeções para a economia mundial e também para o Brasil em 2010, mas insiste quanto à fragilidade da conjuntura e outros riscos. Para a ONU, dois problemas imediatos devem estar no radar: evitar o fim prematuro das medidas de estímulo econômico e também uma queda acelerada do dólar, que poderiam jogar de novo a economia mundial na recessão. No começo de dezembro, a ONU estimava que a expansão da economia mundial ficaria abaixo de 2% este ano. Agora, projeta crescimento de 2,4%. Mas insiste que a retomada é frágil e que as empresas começaram apenas a recompor estoques. Ou seja, não retomaram de fato a produção, na falta de maior consumo e investimentos.
Expansão - Para o Brasil, as Nações Unidas preveem expansão econômica de 4,5% este ano - quase o dobro de sua projeção de 2,5% feita no ano passado.
Depressão - A entidade global alerta que as medidas de estímulo fiscal de US$ 2,6 trilhões e mais US$ 20 trilhões de dinheiro público destinado a salvar o setor financeiro evitaram uma grande depressão econômica, mas parecem ter sido insuficientes para estimular uma recuperação vigorosa a partir deste ano. Considera que as perspectivas de retomada da demanda ao nível mundial continuam inquietantes, assim como a situação do setor financeiro. Heiber Flassbeck, principal economista da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), diz que o dinheiro público jogado nos bancos basicamente "subsidiou o cassino" financeiro.
Dilema - O novo relatório da ONU admite que os governantes estão num dilema, porque não podem interromper abruptamente os programas de estímulo. De outro lado, continuar a aplicar as medidas atuais levará a um novo aprofundamento dos desequilíbrios mundiais. Essa retomada "normal" permitiria uma forte recuperação da economia mundial em 2010, mas seria "de curta duração", adverte a ONU. Para a ONU, esse cenário leva inevitavelmente a uma nova desvalorização do dólar, algo que seria, por sua vez, insuficiente para reequilibrar a economia mundial. E uma perda da confiança no dólar provocará novas turbulências nos mercados financeiros e na bolsa. A recomendação da entidade é para os governos tentarem "'ações de reequilíbrio", a começar por mais coordenação internacional. (Valor Econômico)