OMC: Brasil pede aos EUA concessões em subsídios agrícolas
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Os Estados Unidos devem fazer concessões significativas nas negociações comerciais agrícolas dentro da OMC, para que aumentem as chances de uma conclusão bem-sucedida da Rodada de Doha, indicou nesta terça-feira (20-06) o chanceler Celso Amorim, que disse esperar nesse aspecto uma decisão "corajosa" dos Estados Unidos."É um setor crucial, afirmou Amorim em Genebra, sede da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Ainda falta aos Estados Unidos oferecer algo mais concreto nesse âmbito", acrescentou o ministro do Brasil, país considerado um dos impulsionadores do grupo dos emergentes (G-20). Washington ofereceu, no ano passado, reduzir as ajudas diretas a seus agricultores, mas outros países afirmam que esses cortes se aplicam a tetos autorizados de subsídios e não representam uma verdadeira redução dos mesmos.Segundo o chanceler brasileiro, há "indícios positivos" por parte do presidente americano, George W. Bush, que conversou ontem por telefone sobre assuntos comerciais com o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Mas mostrou cautela: "Temos a sensação de que há agora mais rigidez do que antes entre os negociadores da OMC (...) As negociações avançam aos poucos, mas avançar já é um bom sinal."
Amorim - Os 149 países-membros da OMC tentam concluir até o fim do ano a Rodada de Doha, lançada no fim de 2001, na capital do Qatar, para liberalizar o comércio mundial. Uma reunião em nível de ministros do Comércio está prevista para o fim do mês em Genebra, e é considerada crucial para promover as negociações.Amorim reconheceu que os países em desenvolvimento também têm que desempenhar um papel nos avanços nas negociações, mas assinalou: "Acho que é falso dizer que se os países em desenvolvimento fizerem mais em bens industriais ou serviços, apenas com isso se abrirá caminho para a conclusão da Rodada de Doha." "Temos que observar que tipo de concessões podem ser feitas pelas grandes nações (industrializadas) e até que ponto elas estão dispostas a reduzir seus subsídios, para então vermos o que podem fazer os países em desenvolvimento", acrescentou o chanceler. "Colocar toda a pressão das negociações sobre os países em desenvolvimento é logicamente falso e moralmente injusto."O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, costuma citar o "triângulo" necessário para que as negociações sejam coroadas com êxito, pedindo aos Estados Unidos que façam concessões envolvendo seus subsídios agrícolas, à União Européia que permita um maior acesso a seu mercado por parte dos produtos agrícolas de países em desenvolvimento, e a estes últimos - principalmente Brasil e Índia - que reduzam as barreiras alfandegárias a produtos industriais e serviços. (Fonte: AFP)