OMC retoma negociação agrícola
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As negociações para liberalizar o comércio mundial serão retomadas lentamente esta semana na Organiza-ção Mundial do Comércio (OMC), com as atenções concentradas no que a União Européia (UE) fará na área agrícola. Para o Brasil, a questão é simples: a chamada Rodada Doha só avançará se a UE melhorar sua oferta de cortes tarifários nos produtos agrícolas. "Do contrário, não vejo muito outra forma de fazer progresso e cumprir o calendário da negociação", afirma o embaixador brasileiro junto a OMC, Clodoaldo Hugueney. As negociações só vão entrar num ritmo mais acelerado no final do mês, numa reunião de cerca de 30 ministros de comércio em Davos, nos Alpes suíços. Ali, o Brasil, líder do G-20, espera da UE "clare-za" na área agrícola, para que a rodada possa prosseguir.
Concessões - Para Hugueney, é lógico que a UE se mova, porque na recente conferência ministerial de Hong Kong todos os principais participantes se mostraram dispostos a fazer concessões nos mais diversos setores da negociação, com exceção dos europeus. "A bola continua do lado dos europeus, eles é que disse-ram que estão no fim da linha da agricultura.", diz o diplomata. "Não é estar querendo colocar a Europa em situação difícil, é a natural decorrência de que sem agricultura a rodada não existe." O cenário é claro: se a UE não se mover na negociação agrícola nas próximas semanas, a OMC se verá confrontada novamente com a impossibilidade de manter o nível de ambição da Rodada Doha nos prazos estabelecidos - o que significa pavimentar o terreno para um forte atraso na negociação global ou para o fiasco final.
Decisão protelada - Os países evitaram uma grande crise na conferência ministerial de Hong Kong, no final do ano passado, ao preço de manobras que empurraram as decisões mais difíceis para as próximas semanas. O cronograma da negociação estabelece para até o final de março algum entendimento sobre o valor dos subsídios indiretos à exportação. Ou seja, sobre o tamanho dos subsídios que os EUA dão embu-tidos nos créditos e seguros a exportações agrícolas. Até o final de abril, os países devem chegar a um a-cordo sobre o tamanho dos cortes dos subsídios e das tarifas agrícolas, mas também das tarifas de produtos industriais. Até junho, precisam apresentar ofertas melhoradas de liberalização no sensível setor de servi-ços, que inclui bancos, telecomunicações etc. Em Hong Kong, uma das decisões mais importantes foi de estabelecer nível comparável de ambição para cortes de tarifas em produtos agrícolas e industriais. Isso garante que os países ricos não exijam mais em produtos industriais do que estão dispostos a conceder em agricultura.(Valor Econômico).