OPINIÃO: A força do cooperativismo

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

* Amélio Dall'agnol

Cooperar significa trabalhar junto, de onde se originou a palavra cooperativa. O Paraná é o melhor exemplo do bom cooperativismo no Brasil. O êxito das cooperativas paranaenses deve-se à sua capacidade de praticar o espírito que caracteriza uma verdadeira cooperativa: o de unir produtores que individualmente são pequenos para, no conjunto, torná-los grandes. Sim, a união faz a força.

Embora a cooperativa seja menos importante para os grandes empresários agrícolas, ela é fundamental para a sobrevivência dos pequenos produtores rurais que, sozinhos, são muito fracos e podem muito pouco. Até Vladimir Lênin, o herói da revolução russa, que apesar do seu ódio ao sistema capitalista, reconhecia que ''o cooperativismo é a única coisa que se pode aproveitar do capitalismo''.

Mas, mesmo os grandes empresários do agronegócio podem mais quando juntos, haja vista as fusões recentes de grandes empresas com outras igualmente grandes, formando megacorporações para melhor enfrentar os humores do mercado (vide os exemplos da Friboi e da Brasil Foods). Inclusive grandes cooperativas do Paraná uniram-se para ganhar mais musculatura e competitividade no mercado.

Todos sabem que, por mais vitorioso que um empreendimento seja, ele não tem garantias de êxito permanente. Os cenários mudam e as estratégias de gestão do negócio também precisam mudar. Com a atividade agrícola não é diferente. Sem o apoio da cooperativa, o produtor rural tradicional da nossa região não saberia ir muito além do que repetir o que faziam os seus antepassados, qual seja: produzir soja, trigo, milho e feijão, pagando caro pelos insumos de produção adquiridos na esquina de casa e vendendo barato o produto da colheita ao intermediário mais próximo.

No atual cenário de desumana competição, dificilmente esses produtores teriam condições de sobreviver dignamente na produção de grãos, por causa da sua pequena escala de produção e pelo baixo valor de mercado desses produtos. Por causa disso, em passado não muito distante, muitos produtores rurais desistiram da sua atividade e migraram para a periferia da cidade mais próxima, onde hoje são mão de obra desqualificada e, portanto, mal paga. Ruim no campo, pior na cidade.

Para os que não desistiram de viver no campo, foi fundamental o apoio técnico, econômico e social disponibilizado pela cooperativa. Esse apoio proporcionou um incremento na renda da família via agregação de valor à sua pequena produção comercializável, assim como permitiu sua capacitação para executar atividades agrícolas por ele desconhecidas, mas mais rentáveis, como a produção de uva, de laranja, de leite, de suínos e de aves.

Produzir frutas ou criar pequenos animais domésticos são atividades mais intensivas no uso de mão de obra - geralmente abundante em pequenos empreendimentos familiares -, mas são menos exigentes em terra, que é a grande limitação da maioria dos produtores rurais do nosso Estado. Dez hectares é uma área certamente insuficiente para manter dignamente uma família no campo produzindo grãos, mas pode ser altamente rentável produzindo uva, tomate ou criando frangos.

Mas, como pretender que um agricultor, tradicional produtor de grãos, se transforme de um ano para outro em um bem sucedido produtor de frutas ou de carnes, sem a assistência técnica de uma cooperativa, que além de ensinar como produzir, garante a comercialização? Hoje comemoraremos o Dia internacional do Cooperativismo. Parabéns às cooperativas do Paraná, protagonistas na promoção da dignidade da família do pequeno produtor rural. Sem elas, muitos deles poderiam estar marginalizados na periferia de alguma cidade, vivendo sem dignidade e sem perspectiva de um futuro melhor.

*Amélio Dall'agnol é pesquisador da Embrapa Soja em Londrina

Artigo publicado na edição de 04/07 da Folha de Londrina, na coluna Opinião da Folha

AGENDA:

Londrina e Cascavel vão sediar curso de governança em TI

O Sescoop/PR vai promover um Curso de governança em Tecnologia de Informação (TI), direcionado a profissionais da área de tecnologia da informação de cooperativas do Paraná. Estão sendo organizadas duas turmas: uma em Londrina, de 07 a 09 de julho, e outra em Cascavel, de 14 a 17 de julho. "Serão discutidos aspectos da governança de tecnologia da informação e seus controles, com o objetivo de atender as necessidades de implantação de uma estrutura de controle baseada no SOA / Cobit / ITIL", afirma o analista de Desenvolvimento Humano do Sescoop/PR, Leandro Macioski. As inscrições ao curso devem ser feitas por meio do agente de DH da cooperativa pelo site www.ocepar.org.br ou pelo e-mail:Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo..

Conteúdos Relacionados