OPINIÃO: Um futuro para a comunicação das cooperativas

Por Manoel Godoy (*)

Acho que poucas vezes um evento de comunicação das cooperativas foi tão importante, prático e decisivo quanto a mais recente edição do Fórum de Jornalistas e Comunicadores de Cooperativas, ocorrido nos dias 6 e 7 deste mês, aqui na Cooperativa Agrária. Esta inclusive era, creio eu, uma necessidade tão grande para o setor, que permito-me aqui expressar uma opinião particular sobre este encontro de trabalho que definiu objetivos concretos para o desenvolvimento da comunicação do nosso segmento: penso que a OCEPAR foi de uma extrema felicidade ao chamar as cooperativas do Estado para debater e colocar no papel, neste fórum, objetivos para fortalecermos a comunicação. E penso isso por diversas razões:

1.
Era mesmo necessário este debate: as cooperativas têm várias demandas de avanços em comunicação. E nada melhor do que termos, também neste campo, o apoio da OCEPAR e do Sescoop

2.
Embora talvez a maioria de nós, que trabalhamos em cooperativas (principalmente no Paraná, onde temos um dos cooperativismos mais avançados do País), não nos demos conta, a comunicação de nosso segmento cresceu nos últimos anos: intelectualmente e tecnicamente. As cooperativas começaram a compreender que a comunicação é muito mais do que a produção de mensagens auto-elogiosas, ou um luxo, mas é um insumo fundamental para o sucesso de seus negócios. Por uma razão óbvia: a tecnologia, a complexidade do mercado e a globalização se aprofundaram como nunca antes. Os canais de comunicação levam ao cooperado desde a tecnologia de que ele necessita até a filosofia de trabalho da própria cooperativa, passando pela valorização dos colaboradores e da aproximação com parceiros comerciais ou tecnológicos. O mundo não tem mais lugar para quem não fala e não se comunica. E eu me refiro aqui ao mundo dos negócios mesmo! É impossível imaginar uma grande (e até uma pequena) cooperativa sem um jornal interno bem estruturado, sem programa de rádio, sem internet, etc. A visibilidade corporativa passa pela fala. A invisibilidade, pelo silêncio.

Várias cooperativas, inclusive a Agrária, compreenderam isso. A comunicação começou a ser feita por pessoas profissionais, com equipamentos profissionais. Mas todos precisamos avançar ainda mais. Aí, este apoio da OCEPAR é mais do que bem-vindo. É exatamente o que o segmento necessita.

Acho que eu já disse aqui, mas vale a pena repetir neste momento: para medirmos a importância da comunicação, basta fazermos um teste. Que tal passarmos um dia inteiro sem pronunciar uma única palavra? Já pensou? Você entra no escritório, ou chega no entreposto. Alguém diz a você: “Bom dia!” E você, nada, fica calado... E calado vai embora. Da mesma forma, nossas cooperativas não podem agir assim no ambiente do mercado e da sociedade. Comunicar e debater a importância de nossas atividades contribui inclusive para que sejamos melhor compreendidos em momentos de crise do agronegócio, como este que atravessamos. Ora, quando o repórter anuncia na TV que o superávit do País foi formidável e que o agronegócio foi o carro-chefe deste sucesso, nós até somos lembrados, mas quando o preço das commodities despenca e a cotação do dólar se torna um desafio para o produtor brasileiro, nós somos ironicamente produtores “que andam com carros de luxo” e “reclamam de barriga cheia”. Será que já nos perguntamos o porquê de sermos vistos desta forma?

É exatamente a comunicação que pode fazer a diferença, não naquela antiga postura de meros elogios às organizações às quais pertencemos, mas na proposição de um debate com a sociedade em torno do progresso que geramos e dos desafios que enfrentamos! E como fazemos isso? Exatamente dentro do foco que a OCEPAR e as cooperativas, de forma absolutamente apropriada, imprimiram a este fórum: melhorando a qualidade e a eficiência de nossas atividades de comunicação. Crescendo em profissionalismo, em técnica, em estrutura e em ferramentas.

Acredito que a direção agora definida trará contribuições concretas às cooperativas. A Agrária se alegra de poder participar desta iniciativa. Desde abril de 2004, viemos implementando uma série de melhorias em comunicação. Algumas, até sem percebermos, já começam a fazer parte de nosso dia a dia, como a atualização de Intranet e Internet. É lógico que precisamos avançar muito mais. Afinal, temos a consciência de que o nosso Informativo, o nosso site, significam o início e não o fim de um trabalho. Temos já idéias para a melhoria de nossas ferramentas. Além disso, temos a especificidade de produzirmos comunicação também em alemão, o que significa um desafio, já que uma comunicação dentro de um padrão global exige qualidade. Mas acredito que o prosseguimento da estruturação de nossa Comunicação, dentro obviamente de parâmetros realistas, trará benefícios ainda maiores do que aqueles que já começamos a perceber.
Aos poucos, a Agrária começa a se tornar mais conhecida. Hoje, recebemos e-mails da Alemanha, elogiando nossa revista, e-mails elogiando nosso site, pessoas de outros Estados que passaram a saber da existência da Festa da Cevada e se interessaram, entidades e cooperativas que pedem para receber nosso Informativo.

Sentimo-nos por tudo isso ainda mais seguros de podermos dar continuidade a estas ações agora também com o apoio do Fórum de Comunicadores. Há muito ainda a se fazer. Mas acho que a partir desta mobilização os profissionais de comunicação da Agrária e das outras cooperativas se sentem ainda mais motivados para pensar e realizar a comunicação dentro dos parâmetros de sua real importância.

*Manoel Godoy, jornalista e assessor de comunicação da Cooperativa Agrária