PERDAS NA SAFRA: Ocepar participa de reunião sobre prejuízo nas lavouras de trigo
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Os prejuízos nas lavouras de trigo causados pela chuva excessiva no Paraná foram discutidos na sede da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Faep (Federação da Agricultura do Paraná), e Sistema Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná), durante reunião realizada nesta quinta-feira (10/09). Também participaram técnicos de institutos de pesquisas, representantes de seguradoras e de produtores rurais.
Ocepar - Segundo Robson Mafioletti, assessor técnico do Sistema Ocepar, a situação é preocupante, especialmente nas regiões Norte e Noroeste do estado, aonde o excesso de chuvas propiciou condições favoráveis para a incidência de doenças fungicas, como a giberela e a brusone ocasionarão perdas consideráveis na safra de inverno deste ano. "Justamente num ano em que os produtores atenderam ao chamamento dos governos, estadual e federal e aumentaram a área plantada, as chuvas em excesso prejudicaram o bom desempenho que o estado teria na produção de trigo. Somente na região de Londrina, as chuvas no mês de julho foi 282% maior que toda a média histórica. Fato que impossibilitou aos produtores um controle eficiente dessas doenças", lembrou. Mafioletti disse que a reunião foi extremamente importante para esclarecer todas as dúvidas sobre o assunto e mostrar aos órgãos de governo sobre a necessidade de mudanças nas normas que regem os seguros privados e o Proagro.
Comunicado - Ficou acertado durante a reunião que a Embrapa e o Iapar farão um comunicado técnico para que as seguradoras e o Banco Central (Proagro), possam indenizar os produtores de trigo pelo excesso de chuvas nas lavouras. Robson ainda lembrou que as chuvas também provocaram prejuízos em outros setores, especialmente em granjas de aves, suínos e de leite que tiveram estruturas atingidas pelos fortes ventos. "Estamos fazendo um levantamento mais completo e nosso próximos dias deveremos ter um panorama mais completo da situação, afinal, as chuvas ainda continuam em todo o estado, com menos intensidade mas ainda preocupa", frisou Mafioletti.
Cooperativas - Nei Cesconetto, gerente da cooperativa Coamo, informou ao jornal Valor Econômico que a quebra da safra de trigo na região da cooperativa deve chegar a 20%. Irineu Baptista, gerente técnico da cooperativa Integrada, disse que as perdas passaram de 30% em volume, sem falar na qualidade. "O trigo não enfrenta só dificuldades de clima, mas também de preço e de mercado", disse Francisco Simioni, diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura do Paraná.
Faep - O coordenador técnico da Faep, Pedro Augusto Loyola, abriu a reunião lembrando que as condições meteorológicas foram atípicas e adversas para a cultura do trigo em 2009, e que esta safra, além das dificuldades climáticas, enfrenta uma crise internacional de preço e de mercado, e a propagação de doenças. "Esse ano o excesso de chuva coincidiu com o período do espigamento e se estendeu durante a formação de grãos, considerada uma das fases mais críticas para a definição da produtividade, e interferiu no manejo para controle de doenças como o brusone", explicou o representante da Faep.
Deral - Em função do excesso de chuva, a safra deste ano deverá ser menor que a prevista, segundo o diretor do Deral (Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura), Francisco Simioni. "A safra será menor que a prevista e haverá impacto na qualidade e na produtividade. E isto consequentemente vai acabar interferindo nos preços", ressaltou.
Embrapa - Um levantamento realizado pela Embrapa revela que dos 1,3 milhões de hectares semeados com trigo no Paraná, pelo menos 780 mil hectares, o equivalente a 60% da área, poderão sofrer prejuízos de até 80% devido ao excesso de chuvas.
Iapar - O pesquisador do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), Gustavo Hiroshi Sera, apresentou os dados pluviométricos dos últimos meses demonstrando o excesso de chuvas. Em junho, segundo ele, choveu 108 mm, sendo que a média histórica é de 89 mm. A média histórica para julho é de 64mm, mas choveu 244 mm, quase quatro vezes mais. Já o mês de agosto registrou precipitação de 80 mm, também acima da média histórica, que é de 53 mm. "Esse ano foi uma condição atípica, e o mês de julho registrou o maior índice de chuva medido pelo Iapar, desde 1.976", disse o pesquisador.
Seguro agrícola - A preocupação maior dos produtores no momento é com a cobertura do seguro agrícola. A safra está segurada para adversidades climáticas, mas não contra as doenças. Na situação atual, fica difícil confirmar se as doenças provocadas na cultura, como a Brusone são decorrentes do excesso de chuva. Nesse sentido, as entidades reunidas decidiram emitir uma nota técnica que deixe claro essa peculiaridade provocada por tanta chuva. A nota vai ser feita com base em pesquisas oficiais elaboradas pela Embrapa e pelo Iapar, que deve ser encaminhada ao Banco Central na próxima semana.
Aliança Seguradora - Convidado para participar do encontro, o diretor comercial da Aliança Seguradora, Wady José Mourão Cury, destacou que os fatos demonstrados não se discutem, e que há uma diversidade de situações, entre elas a de agricultores que controlaram a doença e de outros que não conseguiram controlar. "O documento a ser elaborado tem que partir do princípio de que as dúvidas devem ser esclarecidas. As seguradoras querem compreender o fato e serem justas dentro do possível", justificou Wadi Cury, cuja empresa é responsável pelo seguro de 20% da produção paranaense de trigo. (Com informações da Assessoria de Imprensa da Seab e Valor Econômico)