PESQUISA: Brasil atrai aplicação em alimentação animal
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O Brasil foi escolhido por grandes empresas internacionais para ser um dos principais centros mundiais de desenvolvimento da alimentação animal. A Merial, uma das líderes globais do setor de saúde animal, incluiu entre suas prioridades a codificação genética que permite detectar a deficiência alimentar do gado bovino. Com isso, será possível determinar se o animal tem deficiência de cálcio, por exemplo, e a partir daí passar a fornecer a alimentação ideal para que o animal se torne mais resistente e rentável. Outra empresa focada em saúde e nutrição animal que está investindo em tecnologias para melhorar a alimentação animal em segmentos como a pecuária é a norte-americana Kemin Industries, que chegou ao Brasil há dois anos. Especializada em fornecer soluções químicas para as fabricantes de rações, a empresa centralizou no País a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos para a América do Sul. A Kemin considera o continente como a região de maior potencial do mundo para fornecimento de proteína animal e vegetal.
Genética - Na Merial, o trabalho relacionado à alimentação animal é uma das prioridades do Projeto Igenity, de genética veterinária, do qual o Brasil tornou-se o foco, depois que o programa foi iniciado há três anos nos Estados Unidos e no Canadá. O País se transformou em prioridade da Merial para o projeto, com a mobilização de mais de 600 funcionários direta e indiretamente. Desde sua criação, foram investidos mais de 2 bilhões de dólares na iniciativa. “O projeto é baseado na análise do DNA, feita a partir da amostra biológica, como o pêlo colhido da cauda do animal. Com isso é possível determinar o potencial genético do bovino, o que chamamos de marcadores moleculares”, diz Henry Berger, gerente-geral do projeto.
Codificação - Até agora, a empresa identificou 96 marcadores. Até 2008, a Merial pretende alcançar a marca de 300. Atualmente, os estudos estão sendo feitos no Brasil e na Argentina em mais de 5 mil bovinos de corte e outros 3 mil de leite das raças Nelore, Gir e cruzados. Cada marcador determina uma característica específica do animal, como coloração de pelagem, produção de leite, gordura e proteína, longevidade produtiva, maciez da carne, peso de carcaça, entre outros. Segundo o executivo, nos próximos 12 meses os esforços serão concentrados em conseguir codificar marcadores que definam características de fertilidade, deficiência nutricional e resistência a doenças. “Com essa tecnologia disponível, o pecuarista terá maior produtividade, uma vez que saberá quais são os melhores exemplares do seu rebanho”, afirma ele. A previsão é de que os marcadores moleculares sejam comercializados no final do primeiro semestre de 2007. “Já temos 260 clientes à espera”, diz Berger. No ano passado, a Merial faturou mais de 2 bilhões de dólares no mundo todo, dos quais 260 milhões de dólares no Brasil.
Genoma nelore - A Central Genética Bela Vista, localizada em Pardinho, interior de São Paulo, é outra empresa que aposta na codificação do DNA bovino como fonte de negócios. Em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a companhia já identificou 22 mil genes, o equivalente a 80% do genoma do nelore, única raça que o programa avalia. “Nos próximos cinco anos, o Brasil será o maior exportador de genética bovina do mundo”, diz Maurício Nabuco, gerente-geral da Bela Vista. Desde 2003, a Bela Vista investe no chamado Projeto Genoma Funcional Bovino. De lá para cá, foram gastos mais de 4,5 milhões de reais em seqüenciamento genético, análise de campo, coleta e certificações. Entre as descobertas, o executivo destaca o marcador que define quais animais são mais ou menos resistentes ao carrapato. Ainda segundo Nabuco, o objetivo da Bela Vista é de investir mais 2 milhões de reais até o término do projeto, que deve ocorrer em junho do ano que vem, quando se iniciará a comercialização da tecnologia. (DCI)