PESQUISA I: Pesquisadores discutem transnacionalização no cooperativismo
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Teve início quarta-feira (06.08) em Ribeirão Preto, o V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo com a presença de dirigentes, executivos e representantes do cooperativismo, além de pesquisadores e professores da área. Na abertura, organizador do evento, professor Sigismundo Bialoskorski Neto, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP), apresentou o número de participantes: mais de 300 de 18 países diferentes.
Experiência - Após a abertura aconteceu palestra com a professora Lou Hammond Ketilson, do Comitê de Pesquisa da Aliança Cooperativa Internacional e diretora do Centro de Estudos de Cooperativas da Universidade de Saskatchewan do Canadá, sobre "A universidade, o movimento cooperativo e centros de estudos e pesquisas acadêmicas". A professora descreveu os principais centros de pesquisa do mundo na área do cooperativismo, como Estados Unidos, Europa e Ásia, dando ênfase para o Canadá, seu país de origem. Lou falou sobre a incorporação de teorias e modelos de cooperativismo para aumentar o entendimento sobre o setor e encorajar o seu reconhecimento como setor importante para o desenvolvimento econômico e social e da necessidade de transferência de conhecimento adquirido na academia para os cooperados.
Transnacionalização - A demanda dos países desenvolvidos por matéria-prima, principalmente com fins energéticos, é cada vez maior e as cooperativas dos países em desenvolvimento e que atuam nesse setor devem aproveitar a oportunidade para conquistar mercados. Mas é preciso agregar valor a seus produtos e mudar sua forma jurídica. A análise foi feita por Rainer Kuehl, diretor do Instituto de Cooperativas Rurais da Alemanha. Para ele, é fundamental que as cooperativas brasileiras se reestruturem para se adaptar ao mercado externo. Um dos maiores entraves para a realização de parcerias entre cooperativas, de joint-ventures, ou mesmo para captar recursos externos, é que as cooperativas nacionais são focadas na figura do cooperado. Segundo o professor de Gestão de Cooperativas da PUC do Paraná, Roberto Protil, a tendência mundial é que as cooperativas foquem no capital.
Captação de recursos - As cooperativas norte-americanas já se encontram nesse estágio. As cooperativas européias estão em fase de transição, numa posição intermediária, e as brasileiras ainda se encontram presas numa estrutura organizacional cujo foco principal é o cooperado. Segundo Protil, o assunto está em discussão no Congresso Nacional. A forma jurídica adotada pelo Brasil e outros países da América Latina inibe a captação de recursos externos para investimentos. "Os associados de uma cooperativa alemã, na hora de decidir investimentos, questionariam porque os recursos de sua cooperativa vão financiar cooperados brasileiros ao invés de financiarem cooperativas em seu próprio país", analisa Kuehl.
Cooperativa Agrária - "Se uma cooperativa abre seu capital, por exemplo, se torna uma empresa, fica mais fácil fazer negócios", afirma. E dá um exemplo de como o mercado externo, principalmente o europeu, espera por essas mudanças: a Cooperativa Agrária de Guarapuava, no Paraná, fez parceria com a empresa alemã Irecks e criou a Irecks do Brasil, um moinho que processa o trigo produzido pela cooperativa e fabrica farinhas especiais que alimentam padarias e indústrias alimentícias européias. A Europa está em processo de abertura nas negociações agrícolas mundiais, mais do que os Estados Unidos, segundo Kuehl, e as cooperativas européias se vêem obrigadas a aumentar sua competitividade. Ele vê nesse processo uma excelente oportunidade para atuação das cooperativas brasileiras e latino-americanas. (Imprensa US)