RAMO CRÉDITO: Cooperativa de crédito vê na crise chance de expandir negócios

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A crise financeira internacional criou situação favorável às cooperativas de crédito, que têm 340 mil associados no Paraná, cerca de 200 mil na zona rural. Como trabalham com recursos dos próprios cooperados e dinheiro "carimbado" - de origem menos sujeita às oscilações econômicas externas -, elas avaliam que a turbulência internacional pouco afeta o setor e acabará beneficiando a expansão de seus negócios. Não há restrições extras nos contratos oferecidos aos associados e a disponibilidade de recursos tende a crescer, justificam.

Agropecuárias seguram investimentos - A contradição acontece em relação às próprias cooperativas agrícolas, que estão adiando investimentos. Só os projetos que já estavam aprovados e com dinheiro garantido antes da crise vêm sendo colocados em prática, como a construção de um moinho pela cooperativa Corol, de Rolândia (Norte), e a ampliação dos armazéns da Batavo, em Ponta Grossa (Campos Gerais). Em geral, a ordem é conter gastos.

Segurança - Como são extremamente vigiadas, as cooperativas de créditos inspiram segurança mesmo no cenário atual, defende o presidente da Central Sicredi, Manfred Alfonso Dasenbrock. "Temos assembléias e reuniões comunitárias. O associado é dirigente e fiscal da cooperativa. Passamos por auditoria interna e externa e somos controlados também pelo Banco Central. Com isso, você procura seguir todas as políticas prudenciais." Ele aponta ainda uma diferença básica: a cooperativa de crédito pode focar seus planos no cliente sem ter que gerar lucro a um acionista externo.

Crescimento - As projeções das 65 instituições financeiras que fazem parte da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) indicam aumento de 16% no número de cooperados em 2008, que deve chegar a 350 mil até o final deste ano, ante 302 mil em 2007. Esse crescimento é o grande responsável pela expansão do próprio sistema cooperativo do estado, que tinha 451 mil integrantes no ano passado e pode chegar à marca dos 500 mil até dezembro, incluindo todos os setores, do agropecuário ao turismo. A Central Sicredi - que tem 27 cooperativas de crédito no Paraná, 23 direcionadas à agricultura - representa mais da metade do setor no estado. Em setembro, eram 290 mil cooperados, com um aumento anual de 8%, concentrado no meio urbano. A expansão do número de cooperados está ligada às mudanças que ocorreram no setor nos últimos anos, explica Dasenbrock. Desde 2005, para integrar uma cooperativa de crédito, não é mais necessário pertencer a uma categoria profissional. Ou seja, as agências que atendiam só agricultores hoje admitem outros clientes. No meio rural, a expansão da Central Sicredi Paraná vem ocorrendo no volume de recursos repassados. Neste ano, as operações de custeio da safra 2008/09 somaram R$ 500 milhões, 30% a mais que em 2007, informa a Central.

Incentivo à produção - Fora do Sistema Ocepar, a avaliação também é de que as cooperativas de crédito podem se expandir no próximo ano. O incentivo à produção de alimentos dá boas perspectivas ao setor mesmo com a crise, avalia o diretor da Central Cresol Baser, Luiz Panzer. Os recursos direcionados pelo governo federal aos pequenos produtores, responsáveis pelo cultivo de dois terços dos alimentos consumidos no país, vêm sendo ampliados para conter a inflação. A Central Cresol Baser deve movimentar R$ 500 milhões neste ano - cerca de R$ 200 milhões próprios e o restante de fontes como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE) e Banco do Brasil. Os repasses são planejados de um ano para o outro e não vêm sofrendo alterações, argumenta. A Central tem 13 mil cooperados, 9 mil no Paraná e o restante em Santa Catarina. São 75 cooperativas que atendem só à agricultura familiar.

Movimentação financeira - Em todo o estado, as mais de 100 cooperativas de crédito movimentam pelo menos R$ 3 bilhões ao ano. Além de Sicredi, Sicoob e Cresol, que funcionam em rede, há instituições financeiras criadas pelas próprias cooperativas agrícolas, como a Coamo, a Coopavel e a Corol. Hoje os cooperados acessam praticamente todos os serviços bancários nessas instituições, de conta corrente a seguro de automóvel. (Gazeta do Povo)

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