RAMO CRÉDITO: Cooperativas que atuam no setor buscam maior participação
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Em 2011, o cooperativismo de crédito no País registrou um aumento de 25,8% com relação aos ativos contabilizados no ano anterior, 8,7% a mais que as outras instituições financeiras. Hoje, a participação do segmento no Sistema Financeiro Nacional (SFN) não chega a 2%. Dados divulgados pelo Banco Central (BC) sobre o SFN mostram que no total o valor movimentado no País passou de R$ 68,7 bilhões, em 2010, para R$ 86,5 bilhões, em 2011. No que depender das cooperativas, os números não devem parar de crescer e a meta é atingir a casa dos dois dígitos de participação no mercado nos próximos dez anos.
Paraná - No Paraná, a participação das cooperativas de crédito é mais significativa, ficando em torno de 7% do mercado. Especialistas ouvidos pela FOLHA afirmam que a meta de 10% é ousada, mas possível, sobretudo porque a maior participação motivaria a concorrência entre os agentes financeiros, resultando em diminuição dos níveis dos spreads bancários e das tarifas, ambos um dos mais altos em todo o mundo.
Agente mais participativo - Segundo Manfred Dasenbrock, coordenador do Conselho Consultivo do Ramo Crédito (Ceco) no Paraná e membro da diretoria do Sistema Ocepar, as cooperativas têm se firmado no sistema como um agente mais participativo, já que cada associado não é apenas um cliente, mas um ''usuário-dono''. ''Além disso, os recursos captados na comunidade na qual está inserida acabam sendo reaplicados ali mesmo'', lembra. Esses e outros fatores diferenciam as cooperativas das demais instituições financeiras, que se destacam como protagonistas no Plano Nacional de Inclusão Bancária do BC.
Arcabouço legal - Além disso, ele destaca que o avanço das normativas formaram um arcabouço legal no Brasil e deram credibilidade às cooperativas de crédito, impulsionando seu desenvolvimento. ''O BC começou a olhar com outros olhos, sobretudo após 2005, passando a orientar, supervisionar e auditar as cooperativas. Entenderam ainda que, pela concentração bancária existente no País - apenas dois bancos públicos e quatro privados fundidos - a única alternativa concorrencial eram as cooperativas, que, por sua vez poderiam trazer diferencial em termos de preços, serviços e tarifas.''
Novos postos de atendimento - Silvio Giusti, gerente de Relacionamento e Desenvolvimento do Cooperativismo de Crédito da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), revela que até o final deste ano as cooperativas devem atingir a marca de 5 mil novos postos de atendimento no País. ''Hoje, em cerca de 45% dos municípios têm cooperativas. Em 2010, havia 416 municípios brasileiros, onde as cooperativas eram as únicas instituições financeiras locais'', enumera. Isso, segundo ele, são números que refletem o bom momento das cooperativas no sistema financeiro.
Taxas mais competitivas - O crescimento do número de unidades motivado pelas taxas mais competitivas, de acordo com o gerente, é fortalecido pelo impacto social positivo que as cooperativas trazem à comunidade em que estão inseridas. ''Este fator reflete muito mais nas decisões, e os brasileiros, inclusive, já começaram a perceber o diferencial das cooperativas. É um mecanismo de reciclagem da riqueza local que é reinvestida localmente.'' Ao contrário dos bancos privados que vão atrás da maior rentabilidade, independentemente de onde tenham que aplicar aquele recurso.
Mercado concentrado - Se no Brasil as cooperativas estão no início de seu fortalecimento, Giusti diz que há países como a Alemanha em que as cooperativas de crédito, juntamente com bancos municipais, chegam a abranger 70% do mercado. ''Aqui é o contrário. Temos um mercado estritamente concentrado, no qual os cinco maiores bancos detêm quase 80% de toda movimentação. Sem falar que é uma das maiores taxas de juros mundiais'', comenta. (Folha de Londrina)