RAMO SAÚDE: Classes C e D impulsionam crescimento das cooperativas

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No Brasil, as cooperativas médicas geram 60 mil empregos diretos. São 18 milhões de clientes. No ano passado, o faturamento do setor passou de R$ 2 bilhões somente no Paraná. Os números são da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). E a tendência é de mais crescimento. Hoje, integrantes das classes C e D estão cada vez mais buscando contratar planos de saúde. Por isso, afirma Issao Yassuda Udihara, que atualmente preside a Unimed Londrina, os planos hoje precisam ser mais acessíveis. Nesta entrevista, ele explica que a medicina suplementar era prevista desde a criação do SUS e aponta que o grande triunfo da modalidade é que não há patrão. ''Em uma cooperativa se existe 1.050 médicos, são 1.050 donos. E cada um dos donos têm um voto, independentemente do capital. Dessa forma, a gente pode dar uma alternativa ao SUS de forma suplementar, crescendo juntos'', ressalta.

Quais são os benefícios para os médicos cooperados?

A medicina é uma atividade que exige muito do profissional. Cada vez mais, com os avanços tecnológicos, somam mais fatores, principalmente o de custo. O cooperativismo médico vem para manter todos os avanços tecnológicos que são utilizados por todos os médicos para benefício de seus clientes de forma financeiramente ser suportável. O cooperativismo entra exatamente para tornar viável a medicina, especialmente a chamada medicina armada, que vem junto com toda a tecnologia. De que forma? Estabelecendo um meio de utilização mais racional dessa tecnologia, fazendo com que o profissional realmente satisfaça seus clientes e a si mesmo. Ao mesmo tempo tornar viável ao paciente arcar com as despesas. Basicamente, os benefícios são a prática honesta e ética da profissão com remuneração justa. E visando um maior benefício aos clientes.

O grande número de cooperados e de pacientes pode ser consequência das deficiências do Sistema Único de Saúde (SUS)?

A própria Constituição Brasileira diz que saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Todos os brasileiros têm que entender, colaborar e apoiar o SUS. A Constituição de 1988 foi clara ao afirmar que o SUS não é único, pois haveria a possibilidade da chamada medicina suplementar.

A tendência dos planos de saúde é atrair cada vez mais usuários e cooperados?

Eu acredito demais no cooperativismo justamente porque ele me dá uma resposta que o capitalismo e o socialismo não me dão. O cooperativismo atende as necessidades individuais da pessoa, cresceu muito e já passou por diversas fases. Agora que estamos em um processo democrático mais aberto, ele continua firme e crescente, principalmente por causa dos avanços tecnológicos. Atrás desse avanço, há a vontade do lucro. A gente dá esse direito, mas precisamos tornar os planos mais acessíveis. É preciso ter um pouco mais de equidade no processo. O cooperativismo tende a crescer até porque não existe um intermediário entre os serviços prestados e os clientes. Além disso, não existe um patrão. Em uma cooperativa se existe 1.050 médicos, são 1.050 donos. E cada um dos donos têm um voto, independentemente do capital. Dessa forma, a gente pode dar uma alternativa ao SUS de forma suplementar, crescendo juntos.

O valor cobrado pelas cooperativas médicas não impede que mais pessoas tenham acesso aos planos de saúde?

O Brasil tem a classe A e B que reivindica o atendimento. Mas há também as classes C e D que estão começando a se inserir no mercado. A gente tem procurado, por meio dos planos coletivos e empresariais, a atingir as classes C e D. No ano passado, a Unimed Londrina teve o maior crescimento da sua história: 9,3%. Esse crescimento se deu principalmente em razão da classe C e D.

Quais procedimentos de alta complexidade são oferecidos pelos planos de saúde?

Hoje os planos de saúde, com a criação de lei que regulamenta a medicina suplementar, passaram se chamar ''operadores de planos de saúde''. Existe uma lista de procedimentos. Tudo aquilo que as operadoras são obrigadas a fornecer aos seus clientes. Não dá para inibir a livre iniciativa de médicos, hospitais e clínicas de comprarem um aparelho e vender os serviços. Ao mesmo tempo a gente tenta regular na lei de oferta e procura e tenta negociar com nossos prestadores uma utilização mais racional possível. A gente não impõe, mas busca estabelecer um ritmo que possa ser vantajoso para todos, mas particularmente para o nosso cliente.

E quais as vantagens oferecidas aos pacientes?

A medicina no Brasil até a década de 1960 era dividida em duas, sendo uma delas a particular. Mas existia uma massa de brasileiros que não tinha condições de pagar pelo atendimento. Eles eram classificados como indigentes. Surgiram então as santas casas, os hospitais evangélicos beneficentes. Os médicos praticavam a medicina para os ricos, mas atendiam nessas entidades de graça. Depois surgiram leis trabalhistas e a formação de alguns institutos de atendimento que se juntaram em um único instituto na época da ditadura. Era o INPS (Instituto Nacional de Previdência Nacional). Nesse momento, houve uma grande dificuldade por parte dos médicos e dos clientes. Os médicos porque estavam atrelados a um sistema de obrigatoriedade de atendimento. Os clientes começaram a sentir falta do relacionamento com o médico. A partir daí, o paciente passou a ser um número e o médico um funcionário público. Como sempre, o Brasil copiou os modelos americanos. Nos Estados Unidos estava surgindo a medicina de grupo, que são entidades particulares capitalistas que agenciavam médicos. Mas os médicos não se sentiram confortáveis porque existia a exploração de terceiros em um ato que deveria ser restrito entre paciente e médico. Três anos depois da criação do INPS, surgiu em Santos a primeira cooperativa médica. (Folha de Londrina)

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