REUNIÃO DA DIRETORIA I: Conjuntura econômica é apresentada pelo consultor Juan Jensen aos dirigentes da Ocepar
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Durante reunião virtual da diretoria da Ocepar, na tarde desta quinta-feira (10/06), o consultor da 4Intelligence, Juan Jensen, fez uma apresentação sobre o cenário econômico e político do Brasil durante a pandemia. A participação dele ocorreu no final da reunião. Antes, os diretores trataram de diversos temas, entre os quais, a aprovação do PLN 4, que agilizou a liberação de recursos para o Plano Safra 2020/2021, por meio de relato feito pela gerente geral da OCB, Tânia Zanella. Também debateram sobre a reforma tributária, pedágios no Paraná, celebrações do Dia Internacional do Cooperativismo e Dia de Cooperar, além de registros de cooperativas, aprovação dos balancetes até 31 de maio e sobre a data de realização do Fórum dos Presidentes, que acontecerá no dia 22 de julho de 2021 de forma virtual.
Perspectivas – Durante 40 minutos, Juan Jensen falou aos dirigentes e funcionários do Sistema Ocepar sobre as perspectivas tanto econômicas como políticas no Brasil durante e pós pandemia. Jensen iniciou apresentando alguns pontos importantes: Economias como da China e dos Estados Unidos já demonstram uma recuperação econômica; governo Bolsonaro mais alinhado com o Congresso, mas reformas estruturais devem avançar apenas parcialmente; PIB deverá crescer 4,5% mas grande parte disto é efeito que virá da dinâmica de 2020; vacinação deverá seguir avançando, mudando a dinâmica setorial da atividade econômica no segundo semestre, sendo assim, a produção e consumo de bens já desinflou em relação a patamares atingidos recentemente e os serviços devem passar a crescer com mais força ao longo do segundo semestre; renda do trabalho compensa auxílio emergencial mais restrito mas renda ficará mais concentra em classes de renda mais alta e regiões mais ricas; inflação pressionada ao longo dos meses o que já acarretou em início da normalização monetária do Banco Central; reequilíbrio fiscal e cumprimento das regras é principal desafio ao longo dos próximos meses e anos e a taxa de câmbio segue relativamente depreciada e movimento de apreciação deve continuar, mas as eleições de 2022 trarão volatilidade.
PIB mundo – A pandemia derrubou o PIB global, com impacto de mais seis pontos percentuais. Foi a pior crise desde 1929/1930. Com a contenção da disseminação do coronavírus, poderemos ter uma forte recuperação em 2021. Na União Europeia a economia recuou ano passado em 6,8%, com queda de 11,6% no segundo trimestre, seguido de recuperação de 12,5% no terceiro trimestre, mas voltando a cair 0,6% e 0,7% na sequência. Já o desemprego subiu pouco, de 7,2% em março para 87% em julho, recuando para 8% em abril deste ano. Taxa de juros segue em zero e PIB deve crescer 4,4% este ano. Nos EUA o PIB recuou 3,5% em 2020, mas com estímulos fiscais e vacinação acelerada devem levar o PIB para alta de 6,4% em 2021. Já a China, mesmo com a pandemia, o PIB cresceu em 2,3% em 2020, com recuperação em “V”, mas recuou 6,8%. Com políticas expansionistas, devem fazer o PIB crescer 8,4% em 2021.
PIB Brasil – Para Jensen, a atividade econômica no Brasil vinha em certa recuperação até fevereiro de 2020, mas a pandemia inverteu a trajetória. “A confiança caiu forte em março e abril e o PIB recuou 2,2% no primeiro trimestre. Já no segundo trimestre foi o pior momento para a atividade econômica, sobretudo o mês de abril. A atividade se recuperou a partir de maio, mas o PIB recuou 9,2% no trimestre. No início de 2021 o PIB mostrou resiliência, com alta de 1,2% no primeiro trimestre, mas efeitos da segunda onda mostram março e abril para baixo, com expectativa de retomada mais forte no segundo semestre, levando alta do PIB para 4,5%”.
Política – Segundo Jensen, com as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, “melhoraram o clima de governabilidade, sobretudo em relação as pautas mais conservadoras. As reformas estruturais, como a tributária e administrativa, devem avançar de forma fatiada, com conteúdo longe do ideal”. O especialista ainda frisou que se tornou inviável o processo de impeachment de Bolsonaro com a eleição de candidatos apoiados pelo presidente. Perdas na equipe econômica seguem ocorrendo, devido ao confronto público do presidente com o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Apesar de Bolsonaro reafirmar seu compromisso com a disciplina fiscal, suas ações seguem indicando o contrário”, destacou. Jensen também destacou que o ex-presidente Lula adquiriu seus direitos políticos e o debate sobre as eleições de 2022 foi antecipado. Manifestações favoráveis e contrárias ao governo voltaram a ocorrer nas principais capitais. Popularidade do governo piorou em 2020 com a chegada da pandemia e seguiu piorando com a saída de ministros populares. No segundo semestre teve significativa melhora, sendo um dos pontos positivos do auxílio emergencial. Já em 2021, com a interrupção do auxílio emergencial e a volta da pandemia acabaram mostrando seus efeitos em nova perda de popularidade do governo, em especial do presidente.
Covid – O consultor também mostrou dados sobre o comportamento dos brasileiros durante a pandemia. Segundo informações do Google, o tempo que as pessoas ficam em casa aumentou sensivelmente em relação ao padrão registrado antes da pandemia. “Este fato de ficar mais em casa mudou hábitos de consumo, priorizando bens e reduzindo serviços. A segunda onda mostrou um maior isolamento em todas as regiões, mas não na mesma intensidade da primeira. Verificamos que recentemente, conforme os dados disponibilizados pela ferramenta, esta mobilidade voltou a aumentar, mas só voltaremos a uma situação mais normal no segundo semestre de 2021, acredito”, frisou.
Vacinação – Segundo ele, “a população brasileira acima de 18 anos, ou seja, 161 milhões, 90% deles devem se vacinar o que significaria cerca de 145 milhões de pessoas, o que é excelente para termos uma imunização maior. Dos 77 milhões de brasileiros que integram os grupos prioritários, cerca de 69 milhões deverão tomar a vacina. No momento estamos com um público de quase 52 milhões de brasileiros que já tomaram a primeira dose e 24 milhões a segunda dose. Apesar das limitações que estamos tendo na disponibilidade de insumos para a produção doméstica, estamos finalizando com a primeira dose os grupos prioritários e começamos a vacinar os grupos não prioritários. O importante é que as vacinas que já foram administradas até o momento já geram um grau de imunidade. A expectativa é que até outubro deste ano, toda população adulta deve receber a primeira dose”.
Agro– Para Jensen, “o setor agro deve seguir crescendo acima dos demais setores da economia, dada as vantagens competitivas do setor. Enquanto o PIB apenas voltou ao patamar do quatro trimestre de 2019, o PIB Agro está 5,8% acima daquele patamar. Em um horizonte mais longo, PIB ainda está 3,1% abaixo do patamar de início de 2014, sendo que a indústria está 9,8% abaixo, mas o setor agro está 21,6% acima. Na 4intelligence fazemos monitoramento da safra por tipo de cultura utilizando imagens de satélites. Mapeamos o plantio por município e é possível mapear por unidade produtora em métricas como início do plantio e da colheita, ritmo da colheita, risco de quebra de safra e análise e previsão de rendimentos”.
Emprego – “Com a volta das pessoas ao mercado de trabalho, desemprego deve seguir subindo, mesmo com a criação de vagas. O desemprego deve chegar em pouco mais de 16%. Dados do Pnad mostram que as taxas de desemprego passaram de 11,6% em fevereiro de 2020 para 14,7% em março de 2021. Nos últimos sete meses o emprego voltou a crescer em 4,1 milhões, enquanto 4,8 milhões voltaram a força de trabalho, subindo o desemprego mesmo com a criação de emprego”, frisou.
Inflação – “No primeiro semestre de 2020 a inflação agregada foi tranquila, acumulando 0,1% com forte deflação em abril e maio. No segundo semestre a inflação foi bem mais forte, acumulando 4,4%. No ano passado, a alta de 4,52% teve pressão de preços de alimentos, alta de 14,1% para alimentos e bebidas e variação baixa ou deflação de outros grupos. Em 2021, manutenção da pressão de commodities e câmbio nos primeiros meses do ano. Segundo semestre deve ter alta para serviços e certa devolução de alimentos e combustíveis. Ao longo do ano, índice em 12 meses deve ficar acima de 8% entre maio e setembro”.
Câmbio – “O ambiente externo conduziu a maior parte do movimento de depreciação do real ao longo de 2020. O dólar se apreciou globalmente por aumento da incerteza no mundo, relacionada à pandemia. Nos últimos meses o dólar devolveu parte da apreciação, em movimento que não atingiu o Brasil por conta da turbulência política, incerteza do reequilíbrio fiscal e juros baixos. Mas nas últimas semanas o real se valorizou, com recomposição dos juros. Este movimento tende a continuar, mas incertezas das próximas eleições vão aparecer no radar do mercado”, finalizou Jensen.