SUCROALCOOLEIRO: Usinas querem elevar mistura de álcool na gasolina

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Parte das usinas sucroalcooleiras do país trabalha para que o governo aumente a mistura dos atuais 25%, percentual que já está no seu limite máximo, para 30%. Consultas informais já foram feitas ao governo há pelo menos um mês, mas ainda não há disposição para que essa alteração ocorra, segundo apurou o Valor.

Controle - A redução ou elevação da mistura é usada como um mecanismo para controlar a oferta do combustível no país. Em 2006, por exemplo, a mistura do álcool anidro na gasolina estava em 20% porque a oferta de álcool naquela época estava apertada. A redução foi aprovada como uma manobra para impedir a forte alta dos preços do etanol no mercado interno e controlar a oferta para evitar o desabastecimento. Atualmente, os preços do álcool seguem em curva acentuada de baixa, movimento que foi observado durante boa parte da entressafra no Centro-Sul do Brasil.

Lei - A elevação da mistura na gasolina dos atuais 25% para 30% não é permitida. "O governo teria que alterar a lei. Também não se pode simplesmente elevar a mistura porque pode afetar o desempenho dos automóveis", afirmou uma fonte ao Valor.

Consumo - O país consome por ano cerca de 25 bilhões de litros de gasolina C (com mistura de álcool anidro), o que representa a utilização de 6,25 bilhões de litros de anidro. Se houver alteração para 30%, o volume de álcool anidro utilizado saltaria para 7,5 bilhões litros, ou seja, um volume de 1,25 bilhão de litros de álcool a mais que seria retirado do mercado interno. Procurada, a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) informou que não está coordenando este tipo de reivindicação para o setor sucroalcooleiro.

Mercado - A expectativa do mercado é de que os preços do álcool voltem a ficar firmes a partir do segundo semestre. "A safra será mais açucareira por causa da elevação dos preços da commodity. Isto deverá dar suporte às cotações do combustível", afirmou a mesma fonte. "Essa reivindicação [da alteração da mistura] começou a ser feita antes mesmo do governo anunciar o pacote de ajuda ao setor", disse. O governo anunciou a liberação de cerca de R$ 2,5 bilhões para financiar a estocagem de álcool para evitar as oscilações dos preços.

Indicador Cepea/Esalq - Na semana encerrada no dia 30 de abril, o indicador Cepea/Esalq para o álcool hidratado fechou a R$ 0,5883 o litro (sem impostos), baixa de 14,1% sobre a semana anterior. O litro do anidro encerrou a R$ 0,6901 (sem impostos), baixa de 8,51% no mesmo período. O preço atual do hidratado é 23% menor que o de igual período do ano passado (sem considerar a inflação do período). A desvalorização do anidro é de 14%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). (Valor Econômico)

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