TRABALHO: Agronegócio e comércio devem puxar empregos
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Os setores de agronegócios e o comércio devem puxar o saldo positivo de empregos formais esperado para abril, segundo especialistas em mercado de trabalho. Segundo eles, no mês de abril tradicionalmente há uma reação mais forte das contratações com carteira assinada por causa do início do ciclo de várias culturas agrícolas. Sobre o desempenho da indústria em geral, ainda pairam dúvidas já que este foi o setor mais afetado pela escassez de crédito devido à crise e ainda registrou estoques elevados no primeiro trimestre. Nos três primeiros meses deste ano, a indústria tem registrado saldos negativos no emprego.
Safra - ‘‘A retomada da safra se estende até o segundo semestre e isso reflete positivamente na cadeia, atingindo até algumas indústrias'', afirma o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sérgio Mendonça. Ele destaca que o Estado de São Paulo deve registrar boa retomada dos empregos formais, em abril, por causa do ciclo da cana-de-açúcar e da preparação das usinas de álcool e açúcar para a chegada dessas matérias-primas. As usinas em São Paulo representam cerca de 60% da produção do País nessa área.
Caged - Para ilustrar a força que tem o mês de abril na geração de ocupações formais, Mendonça lembra que, em abril de 2008, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou quase 295 mil novas vagas com carteira assinada e em abril de 2007 foram 301 mil mais admissões do que demissões na economia formal.
Sobreposição de fatores - O técnico ressalta, entretanto, que neste ano há uma sobreposição de fatores - que são a sazonalidade das culturas agrícolas e a crise financeira - que torna um pouco difícil traçar com clareza os rumos do mercado formal de trabalho. ‘‘Abril será positivo, mas é difícil saber se por causa de uma efetiva recuperação econômica e, da consciência de alguns empresários de que talvez tenham errado na dose das demissões no início do ano, ou pela mera sazonalidade'', avalia Mendonça.
Outro setor - Outro setor que desperta otimismo de ter gerado mais empregos em abril é o comércio varejista e atacadista. Tradicionalmente, nesta época do ano os empresários do comércio ampliam as contratações de novos trabalhadores superando as demissões. Mas, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, Roque Pellizaro Júnior, esse movimento já vem embalado pelo ritmo das novas admissões feitas no primeiro trimestre com a absorção dos empregados temporários de dezembro e de janeiro.
Março - Segundo o Caged de março, o comércio teve saldo negativo de empregos formais de 9,7 mil vagas. Em fevereiro, o resultado foi negativo em 10,3 mil e, em janeiro, houve perda líquida de 50,7 mil vagas. ‘‘Em abril, é possível que essa curva tenha virado'', declarou Pellizaro. Segundo ele, a redução de impostos como Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre eletrodomésticos e automóveis ajudou a impulsionar as vendas e a diminuir os estoques.
Expectativa - É grande a expectativa dentro do governo quanto a divulgação de um saldo positivo de geração de empregos formais em abril. Se confirmado, será o terceiro mês consecutivo em que as contratações superaram as demissões no mercado formal brasileiro após o agravamento da crise financeira.
Saldo positivo - Há rumores de que o saldo positivo do Caged em abril, que deverá ser divulgado oficialmente na semana que vem, tenha ficado próximo a 50 mil. Se isso ocorrer, será o pior mês de abril da série do Caged desde 1999, quando o Brasil passou por uma crise cambial que também afetou negativamente o crescimento econômico. Naquele abril, o Caged registrou 57,5 mil mais contratações do que demissões com carteira assinada. No entanto, será melhor que o saldo positivo registrado em março deste ano, de 34,8 mil postos de trabalho. Em fevereiro houve o primeiro saldo positivo, de apenas 9,1 mil vagas. (Folha de Londrina)