TRIGO: Farinha argentina em SP custa 43% menos que a nacional
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Os moinhos brasileiros, em especial os do Sul e Sudeste, continuam reclamando da perda de competitividade em relação à Argentina no que se refere à farinha de trigo. Favorecida pela tributação, a farinha argentina chega em São Paulo a um preço 43% inferior ao do produto nacional. O Brasil importa da Argentina o trigo em grão usado para a produção da farinha nacional numa proporção de 70% da necessidade total da indústria. Neste ano, o volume deve chegar a 7 milhões de toneladas. Acontece que o imposto sobre a exportação de trigo em grão na Argentina é de 20%, enquanto o da farinha é 10%. Nesta semana, segundo o Sindicato da Indústria de São Paulo, o preço médio da farinha nacional variou entre R$ 57 a R$ 60/saca enquanto a farinha argentina era oferecida a R$ 34/saca para entrega no Estado. São Paulo responde por 30% da produção nacional de farinha e o Sudeste, 40%.
Subsídio - "Ao comprar matéria-prima com imposto maior o Brasil está subsidiando o consumo interno na Argentina, a criação de empregos no país e o controle da inflação", reclama Fernando Souza, porta-voz do sindicato paulista. "Certo está o Chile, que sempre que a Argentina adota alguma medida que compromete o setor produtivo do país adota medidas compensatórias, como a taxação do produto da entrada", disse. Segundo ele, por conta da diferença de preços entre o produto nacional e o argentino houve uma queda nas vendas internas nas últimas semanas. Lawrence Pih, diretor-presidente do Moinho Pacifico, o maior da América Latina, diz que a empresa teve 30% dos pedidos de compra de farinha de trigo cancelados com a perspectiva de compra a preços mais baixos. "Resta saber até que ponto a Argentina terá produto para abastecer o mercado interno. Por enquanto, seguramos o nosso preço ao nível de custo para tentar competir", disse Pih.
Isenção - A divulgação de que o governo argentino poderia regulamentar a resolução 803, que isentaria de imposto de exportação um volume equivalente a 1,5 milhão de toneladas de farinha, também gerou especulação no mercado brasileiro. Até o momento, a avaliação da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e de analistas argentinos é de que essa resolução não deve ser regulamentada pois teria sido mal elaborada. De todo modo, as importações de trigo argentino estão travadas, sem interesse significativo de compra. Segundo um trader, grande parte dos moinhos está abastecida, a safra nacional, mesmo menor, começa a ser ofertada e o recuo nos preços futuros no mercado internacional sugere para alguns compradores que os preços na Argentina podem cair um pouco mais. Hoje a tonelada varia de US$ 190 a US$ 195.
Preços no Sul do Brasil - No mercado interno, os preços vão de R$ 510 a R$ 520 a tonelada no Rio Grande do Sul e de R$ 520 a R$ 550 a tonelada no Paraná. Segundo um comprador da indústria, apesar da oferta restrita do produto nacional é possível comprar trigo de boa qualidade a esses preços nos dois Estados. De acordo com a fonte, por causa da estiagem e depois as geadas, o trigo nacional tem especificações distintas para vários usos. (Agência Estado)