TRIGO: Governo se compromete apoiar comercialização de 1,5 milhões de toneladas
- Artigos em destaque na home: Nenhum
O governo federal se comprometeu apoiar a comercialização de 1 milhão e 500 mil toneladas de trigo do Paraná por meio de leilões semanais de PEP (Prêmio de Escoamento de Produto), conforme reivindicação do setor cooperativista. O primeiro leilão deverá acontecer na próxima semana. "Vamos fazer um esforço para começar a soltar os avisos até o final dessa semana, nem que seja para a semana seguinte, para o mercado já ter noção de que as operações vão ter início", afirmou o superintendente da Companhia Nacional do Abastecimento em Brasília, João Paulo Moraes. Ele participou no final da manhã desta quarta-feira (14/10) de uma reunião ocorrida na sede da Ocepar, em Curitiba, em companhia do diretor da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Maria dos Anjos. A reunião contou também com a presença de 19 participantes de 7 cooperativas paranaenses , representantes da Conab de Curitiba, do superintendente adjunto do Sistema Ocepar, Nelson Costa e do gerente técnico econômico, Flávio Turra. Segundo Turra a reunião foi positiva na medida em que o governo comprometeu-se em realizar os leilões de PEP. "O mercado do trigo está sem liquidez, praticando preços abaixo do preço mínimo de garantia e a única forma do produtor conseguir diminuir seus prejuízos é por meio da implementação da política oficial de apoio à comercialização", disse.Satisfeito - "Nós saímos satisfeitos e bastante esperançosos da reunião. Eu acredito que o governo vai nos apoiar para tentar diminuir um pouco esse problema que os produtores estão enfrentando. No momento a situação da comercialização do trigo está bastante complicada primeiro por causa do câmbio, com o valor do dólar em torno de R$ 1,73, fazendo com que o trigo importado chegue aqui num valor bem abaixo do preço mínimo. Também a qualidade foi afetada devido ao excesso de chuva, que provocou ataques de doenças e o produtor não conseguiu controlar pela dificuldade de entrar com o maquinário na lavoura. Também choveu muito na época da colheita", afirma o gerente comercial da Integrada, com sede em Londrina, Luiz Yamashita. Ainda segundo o gerente, a cooperativa atua nas regiões Oeste e Norte do Paraná e possui seis mil associados. "Nós tínhamos a previsão de receber 300 mil toneladas mas estamos com 155 mil toneladas, sendo que a colheita já está praticamente no final", completou Yamashita.
PEP - De acordo com o diretor de comercialização do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa), José Maria dos Anjos, os leilões de PEP foram a alternativa encontrada para potencializar os recursos disponíveis para apoiar a comercialização dos produtos agrícolas, que andam meio escassos. "Nós estamos trabalhando exatamente para fazer com que o dinheiro renda. Adotando esses mecanismos que são os de equalização de preços. Dessa forma, a idéia do governo é priorizar os mecanismos de PEP, ao invés de fazer aquisições", afirmou José Maria. Ainda de acordo com ele, essa também é uma estratégia de logística. "Todas as cooperativas que estiveram na reunião se queixaram de falta de espaço nos armazéns. Então, mesmo que o governo quisesse, não havia muita possibilidade de fazer AGF porque não tem armazém. Tem muito milho e trigo estocado", explicou. "Dessa forma, a idéia nossa é fazer PEP porque nós já jogamos o produto diretamente para os compradores, tentando fazer com que a safra nossa vá direto para o mercado", frisou.
Novidade - O diretor do Mapa explicou que serão realizados dois tipos de leilões: um deles seria destinado à região Norte e Nordeste e um outro que possibilita a participação de qualquer comprador, inclusive do moinho de origem do Estado do produto, como os do Paraná, por exemplo "É um formato novo para os moinhos daqui porque nesses últimos anos nós temos feito somente para os do Norte e Nordeste", acrescentou. Ele informou ainda que no ano passado, o Mapa apoiou a comercialização de 2,4 milhões de toneladas de trigo, entre lançamentos de contratos de opção, PEP e AGF (Aquisição do Governo Federal) direto.
Importação - A expectativa é de que o Brasil deva importar cerca de 50% da demanda. "Nós teríamos no Brasil uma produção de 5,2 milhões de toneladas, que pode cair porque os problemas continuam, mas com essa produção, haveria a necessidade de importação de 5,45 milhões de toneladas para um consumo de 10,6 milhões de toneladas no Brasil, de acordo com números oficiais", disse José Maria. Ele disse ainda que o Ministério da Agricultura está pedindo para aumentar a Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% para 35%. "O assunto será discutido na próxima reunião da Camex", afirmou.