TRIGO I: Argentina volta a suspender exportações
- Artigos em destaque na home: Nenhum
A Argentina voltou a suspender as exportações de trigo para o Brasil. Os registros, que deveriam ser abertos nesta semana para possibilitar os embarques em 5 de maio foram cancelados pelo governo, surpreendendo, mais uma vez, os moinhos brasileiros. Esse adiamento complica ainda mais a situação da indústria brasileira, que, com estoques para até o final de maio, vai ter de buscar o cereal em outros mercados, principalmente na América do Norte. O problema é que, além de ter preço mais alto, o trigo dos EUA e do Canadá também tem frete maior. E, enquanto uma importação de trigo argentino chega ao Brasil em menos de uma semana, a dos EUA demora pelo menos 40 dias.
Por tempo indeterminado - Chamado às pressas para a reunião hoje, em Buenos Aires, entre representantes dos dois governos, Luiz Martins, presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), diz que o fechamento das exportações, desta vez, é por tempo indeterminado. O resultado será aumento de custos para as indústrias e, conseqüentemente, mais repasse de preço ao consumidor. O que afetará ainda mais a inflação.
Preços - Se o governo argentino permitisse as exportações, Pih diz que o trigo chegaria por US$ 400 a tonelada em Santos. Já o dos EUA chega a US$ 460. Além desses valores, os moinhos gastam outros US$ 32 por tonelada com a colocação do produto no mercado interno. Os problemas no setor de trigo ocorrem porque a demanda mundial cresceu, houve quebra de safras em alguns dos principais produtores mundiais e os estoques são os menores das últimas décadas. O resultado final para o Brasil, que importa até 70% do trigo que consome, é a maior crise do setor nos últimos 20 anos. Os preços do trigo duplicaram no mercado externo, o que exige o dobro do fluxo de caixa para os moinhos brasileiros obterem o mesmo volume de produto importado. (Folha de São Paulo).