TRIGO II: Impulso chega reduzido ao Brasil

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No mercado interno, as cotações do trigo, da soja e do milho, principais lavouras do Paraná, não estão reagindo à disparada dos preços internacionais como o produtor gostaria. Locomotiva dos ganhos em Chicago, o trigo tem preços menores que os praticados há um mês no Paraná. A saca caiu de R$ 22,78 em junho (média mensal do estado) para R$ 22,63 nesta quarta-feira (04/08) (-1%), mostra levantamento da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Na bolsa norte-americana, a valorização acumulada desde o mês passado é de 56%.

Câmbio - "Nosso grande problema é o câmbio. Para que os preços brasileiros possam esboçar alguma reação, Chicago terá que subir duas vezes mais do que está subindo", avalia Eugênio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná. O técnico da Seab Otmar Hubner acrescenta que as cotações internas estão descoladas dos externos porque praticamente não sobrou trigo de qualidade da safra passada. Ele acredita que os preços domésticos devem reagir com a entrada da nova safra. A colheita começou nesta semana e segue até início de outubro no Paraná.

Milho e soja  - O mercado do milho, que acumula alta de 13% na Bolsa de Chicago (CBOT) desde junho, trabalha com preços praticamente estáveis no Brasil. No Paraná, a saca do cereal vale pouco menos de R$ 14. Nesse caso, é a oferta abundante que pressiona as cotações domésticas. "Estamos no pico da colheita da safrinha no Paraná e no Mato Grosso e a produção é boa. Como a oferta é grande, não temos paridade de exportação", relata Hubner. A soja, cotada na casa dos R$ 36 a saca no Paraná, foi o único produto que espelhou a tendência de alta de Chicago. A valorização acumulada desde junho é de 15% no estado e de 11% na CBOT. De acordo com o analista Flávio França Jr., da Safras & Mercado, apesar de registrarem ganhos superiores ao do mercado internacional, os preços não estão subindo tanto porque as indústrias estão abastecidas e a demanda internacional perdeu força.

Exportações - Segundo ele, a movimentação para exportação já está começando a esfriar e deve recuar ainda mais com o início da colheita nos Estados Unidos, em setembro. "Durante a safra, havia oferta no interior (que paga mais ao produtor), mas não nos portos. O produtor segurou a soja esperando preços (de exportação) melhores. É possível que não consigamos embarcar neste ano tanta soja como no ano passado. Se isso acontecer, será um grande problema porque o mercado interno não tem como absorver toda a nossa produção", explica. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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