TRIGO II: Medida argentina ainda desagrada a moinhos
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O Ministério da Economia da Argentina equiparou em 10% as tarifas de exportação de farinha e pré-misturas de trigo, elevando a das pré-misturas, que era de 5%, e reduzindo a da farinha de trigo que era de 20%. Em um comunicado distribuído sexta-feira, o Ministério explica que a decisão visa "igualar o tratamento tributário dos produtos, corrigindo uma distorção que existia desde meados de 2002". A distorção, segundo o Ministério, é que, desde 2002, as exportações de pré-misturas dispararam, enquanto as de farinha caíram.
Bloqueio - A medida pode ajudar a aplacar uma disputa entre os moinhos argentinos e brasileiros por conta do bloqueio à entrada de pré-misturas argentinas, determinada há dois meses pela aduana do Brasil. A aduana brasileira interrompeu a entrada, pela fronteira do Rio Grande do Sul, de caminhões carregados com pré-misturas de farinha procedente da Argentina, sob alegação de que na verdade tratava-se de farinha de trigo pura, que estaria entrando ilegalmente aproveitando-se do benefício da diferença tarifária. O bloqueio atendeu a pedido da indústria moageira brasileira que alegou "fraude" e subsídios incompatíveis com os acordos do Mercosul na entrada do produto. A Federação Argentina da Indústria Moageira (Faim), que representa os exportadores de trigo do país, classificou o bloqueio de "irresponsável ação do Brasil".
Abitrigo - Para Samuel Hosken, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a medida é benéfica porque "a fraude acaba", já que agora a pré-mistura não tem mais vantagem tarifária sobre a farinha. No entanto, ele considera que os moinhos brasileiros continuam em situação desfavorável em relação aos moinhos argentinos. A razão é que o trigo argentino - importado pelas empresas brasileiras - tem uma tarifa de exportação de 20%. Além disso, o preço do produto para o mercado doméstico é menor que o destinado à exportação, explicou Hosken. No primeiro caso é de US$ 165 por tonelada e para venda externa, de US$ 190. O presidente da Abitrigo afirmou que a entidade voltará a discutir com o governo federal medidas compensatórias para o setor ou mesmo uma medida antidumping contra a farinha de trigo argentina. Dentro da medida compensatória, a sugestão da Abitrigo é que a farinha de trigo argentina pague 10% sobre seu valor de entrada no Brasil. (Valor Econômico)