TRIGO III: Produtores rurais contestam alta do trigo no preço do pão
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"Não é o trigo que determina o aumento do preço do pão". A afirmação é do presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Gustavo Andrade e Lopes. Ele contestou, junto com o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Sistema Ocepar), a relação entre o reajuste do trigo pelo produtor e o aumento no valor do pão, para o consumidor final. O Sistema Ocepar defende que outros insumos na cadeia produtiva ajudam a encarecer o pão.
Impacto - "O impacto da farinha no custo do pão é de 15%. Será que o preço do trigo define o aumento do pão? Tem alguém ganhando no meio disso, e não é o produtor", questionou Lopes, sem citar culpados. De acordo com ele, no fim do ano passado e início de 2010, o preço da tonelada do trigo caiu de R$ 680 para R$ 477, mas o valor do quilo do pão se manteve estável, chegando a até R$ 7. "Houve redução na tonelada de trigo, mas o preço do pão continua. Não houve reflexo."
Cadeia produtiva - O presidente da SRP afirmou ser necessário estudar a cadeia produtiva do trigo e dos produtos derivados, desde o produtor até o consumidor final. É o mesmo que defende o superintendente adjunto do Sistema Ocepar, Nelson Costa. "A culpa do reajuste do preço do pão não é do trigo nem do preço pago ao produtor. Podem ser outros preços embutidos, como ingredientes, mão de obra, energia e impostos. Isso não pode ser jogado na mão do produtor", ressaltou Costa. Para o superintendente, o aumento de 10% no custo do trigo, que passou de R$ 22 para R$ 24,50 aproximadamente, não justifica a elevação de 7,5% no preço do pão, aguardada para a semana que vem.
Reajuste - Reportagem do JL desta quarta-feira (18/08) mostrou que padeiros pretendem aumentar o preço do pão porque estariam pagando mais caro pela farinha. A elevação do valor seria reflexo do aumento do preço do trigo, provocado pela queda na produção da Rússia, por conta de ondas de calor e seca. O presidente da SRP admitiu que houve o aumento. "Mas foi muito pouco. O reflexo não chega a cobrir os custos de produção", afirmou.
Estratégia - Lopes defendeu que o trigo seja encarado como questão de "estratégia nacional". "A autossuficiência é importante, mas só produzimos metade do que precisamos. Isso nos faz dependentes do mercado externo", analisou. Por isso, de acordo com ele, é preciso estimular a produção de trigo. "Tem que mostrar a rentabilidade do produtor. Acontece o inverso. Com esses preços, não se faz frente ao custo de produção."
Garantia de rentabilidade - O presidente da SRP concordou que é bom para o consumidor que os preços sejam cada vez mais baratos. Entretanto, ponderou ser necessário proteger quem produz. "Nós temos que produzir mais barato, mas o produtor tem que ter a garantia da rentabilidade." (Jornal de Londrina)