TRIGO: Paraná inicia o plantio do cereal no escuro

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O plantio de trigo é permitido no Paraná há quase dez dias. Até agora, contudo, são poucos os produtores que se arriscam a largar as sementes. Preocupados com o alto custo de produção e com a falta de liquidez do mercado na época da colheita, muitos triticultores aguardam decisão do governo federal sobre o reajuste do preço mínimo do cereal para começar os trabalhos de campo. Oficialmente, pelo zoneamento agroclimático, o plantio de trigo começa no dia 10 de março no estado, mas é intensificado somente a partir de meados de abril. Até o início da semana, menos de 1% dos 1,15 milhão de hectares previstos pela Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) havia sido cultivado.

Expectativa - A expectativa é que a área paranaense mantenha-se estável com relação ao ano passado, quando o estado colheu safra recorde de 3,2 milhões de toneladas. Para 2009, a expectativa da secretaria é de uma produção ligeiramente menor, de 3,03 milhões de toneladas. Hugo Godinho, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, ressalta que, apesar de estável no estado, há variações regionais de área, para mais ou para menos.

Preços - Atualmente, as cotações praticadas no mercado cobrem os custos operacionais de produção, mas para plantar o produtor precisa ter a garantia de que os preços estarão remuneradores também durante a colheita, no segundo semestre do ano, avalia Walter Von Muhlen Filho, trader da corretora gaúcha Serra Morena. "E para isso é preciso intervenção do governo. Tem que subsidiar o escoamento da produção, tirar o trigo do Sul e levar para o Nordeste para dar liquidez ao mercado", completa.

Propostas - Há um mês, representantes da indústria e setor produtivo entregaram ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) uma proposta para o Plano Agrícola e Pecuário 2009/10. Entre outras medidas de apoio, o setor pleitea correção no preço mínimo, que passaria de R$ 480 para R$ 600 a tonelada (trigo pão, tipo 1, na Região Sul). O Mapa promete uma definição dessa e de outras questões até o final do mês. Não está descartada a possibilidade de preços mínimos diferenciados por estados produtores. No Paraná, a aposta de fontes do setor é de R$ 560/tonelada. O estado responde por mais da metade da produção nacional.

Por sua conta e risco - Apesar do risco, agricultores de Mamborê (Centro-Oeste) apostam as próprias economias e plantam trigo fora do zoneamento para escapar das geadas. Segundo o agrônomo Rubem Hubner, a antecipação é uma boa alternativa. "O inconveniente é que não há como fazer financiamento, pois fica fora do zoneamento." Antecipando o plantio, o agricultor Mário Brunetta, que plantou 157 hectares de trigo, pretende garantir preço melhor na comercialização. "Vou produzir menos, mas vou vender com preço melhor." Ele lembra que no ano passado, quando plantou dentro do zoneamento, teve prejuízos com a geada. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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